Uma rebelião que começou na tarde desse domingo (1º) e durou 17 horas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o maior presídio do Amazonas, deixou pelo menos 60 mortos. Seis deles foram decapitados e tiveram os corpos arremessados por cima do muro. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do estado, a chacina é o resultado da rivalidade entre duas organizações criminosas que disputam o controle do tráfico de drogas na região. Essa é maior chacina dentro de uma unidade prisional desde a do Carandiru, ocorrida em São Paulo, em outubro de 1992, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar de São Paulo.
Um grupo de detentos sequestrou agentes penitenciários da empresa terceirizada Umanizzare. Em seguida, dominou 74 outros presos da unidade e passou a executá-los. A Secretaria de Segurança Pública informou que a chacina foi provocada por uma disputa entre presos que pertencem a duas organizações criminosas rivais que disputam o mercado de drogas e outras atividades ilícitas no Estado. A polícia identifica essas facções pelos nomes de Família Dio Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a polícia do Amazonas, a Família do Norte domina o tráfico de drogas no interior do presídio e é aliada do Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. Investigações feitas pela polícia desde 2015 revelam que os líderes dessa facção são suspeitos de ter matado integrantes do PCC. A rebelião desse domingo, ainda de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, revelou que as mais organizadas facções do Rio de Janeiro e de São Paulo – como o PCC e o CV – se instalaram definitivamente nas cadeias da região Norte.
O Ministério da Justiça informou, em nota, que o governo estadual deve utilizar parte dos R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira (29) para reparar os estragos na unidade.