Maurício Assuero, economista e professor
A expectativa do anúncio dos novos ministros do novo governo tem gerado uma ansiedade muito grande no mercado, mas o nome de Joaquim Levy já provocou uma queda no dólar de 2,5% e um aumento na Bolsa de 5,09%. Isso é mercado: do céu ao inferno na velocidade da luz!
A questão com Levy é sua fama de contenção. Nada melhor do que isso, neste momento, para o governo. Assim, aquilo que deveria ser festejado como uma promessa salutar para a economia acaba sendo bombardeado por inúmeras críticas, inclusive do próprio partido da presidente, por uma razão política, não técnica. Na campanha Dilma alardeou que Aécio faria um governo duro, com medidas impopulares e agora será cobrada por implantar aquilo que praticou porque é muito pouco provável que Levy não adote tais medidas dado que não há outra forma, dentre as tantas tentadas, de conter a inflação. Vamos fazer uma correção: outra forma há e seria aumentando o desemprego, mas o discurso de campanha não foi nessa direção e aí seria muito esquisito que o novo governo promovesse uma reviravolta desse nível. Em inúmeras vezes já dissemos aqui que a via de crescimento através do aumento do consumo se esgotou e que o governo não incentivou a via do investimento e tão pouco apresentou qualquer menção no sentido de reduzir gastos. Pelo contrário: o governo usou e abusou da prerrogativa de modificar a situação a seu favor manipulando, contabilmente, suas contas para apresentar superávit primário.
A tendência é termos um 2015 sufocante com baixo crescimento e inflação e desemprego alto. Isso significa que o processo de estagnação vai continuar e que nós precisamos ser criativos para continuarmos no mercado e mais ainda: precisamos deixar aflorar a via de empreendedor. Muitas pessoas ficam reticentes ao partir para uma profissão independente, ou seja, deixar de ser empregado e passar a ser empreendedor. Muitas vezes a tranquilidade dos direitos celetistas adquiridos define e decide nossos passos e quando, então, somos desligados da empresa é que nos encontramos na situação de desafiar o desconhecido. Nesse momento pode surgir um gigante ou um dependente. O momento, a característica de cada um, a crença e o comprometimento são fatores importantes.
O fato é que, tudo indica, vamos precisar dessa criatividade e muitas vezes um caminho a ser seguido está na área de serviços. A economia pode parecer no limite, mas se olharmos com cuidado tem sempre alguém carente e com necessidade de uma ação que nós conhecemos bem, que nós sabemos fazer. Então uma coisa que tem, inicialmente, um caráter emergencial pode se transformar numa ação duradoura e culminar numa pequena empresa. O medo é a parede que nos priva da paisagem livre.
Em vários países desenvolvidos há incentivo para que o jovem, o estudante universitário, seja dono do seu próprio negócio. No Brasil temos alguma deficiência que precisa ser contornada. Mais cursos preparatórios (práticos), mas análise de mercado disponível, etc. podem ser um bom começo.