Como integrantes de um clube secreto, os beneficiários das “malas” enviadas pelo doleiro Alberto Youssef eram obrigados a dar uma senha previamente informada pelo esquema antes de embolsar o dinheiro. Ao fazer as entregas, os subordinados de Youssef recebiam um endereço, um nome, o horário e uma senha de controle a ser exigida na hora da entrega.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a um bilhete para a entrega de R$ 40 mil a um executivo em São Bernardo do Campo (SP). No papel, está escrito “senha: Feliz 2014″, frase que o enviado de Youssef deveria ouvir antes de entregar os valores.
As investigações da Lava Jato também identificaram que Youssef e seus subordinados se referiam à propina com apelidos como “carbono, papel, documento, páginas de contrato e vivos”. Conforme um interlocutor do doleiro, a senha só era exigida quando a entrega era para clientes “novatos”.
O bilhete orienta a entrega de R$ 40 mil ao engenheiro Ricardo Kadayan, da Ductor Implantação de Projetos Limitada. O bilhete informa um endereço e o horário das 14h às 16h. Não há comprovação de que o dinheiro foi entregue. Kadayan afirmou que o endereço é o de sua residência, mas negou conhecer Youssef ou qualquer entrega de dinheiro. “Eu não tenho nada a ver com isso. Desconheço qualquer assunto a respeito.”
O bilhete não cita a Ductor, que atua em áreas como fiscalização e supervisão de projetos, obras e serviços de engenharia. A empresa disse não conhecer o doleiro. Nem Kadayan nem a Ductor são investigados pela PF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.