O número de mortos em acidentes com motos deve crescer de 8% a 10% este ano, em relação a 2013, passando de 757 para cerca de 820. O alerta é do Cepam (Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto em Pernambuco) e se baseia nos números registrados até o mês de julho. A estimativa revela que a meta de reduzir em 6% esse tipo de morte não será cumprida este ano. Pela primeira vez, desde que o Cepam foi criado, em 2011, a expectativa é ter um aumento no número das mortes. Cidades do Interior registram os maiores índices.
O retrocesso, segundo o Cepam, está diretamente ligado à falta de compromisso dos municípios com a fiscalização. De acordo com o presidente do Cepam, João Veiga, as motos cinquentinhas são um incentivo para os acidentes, tanto no interior quanto na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ele defende uma fiscalização mais rigorosa por parte das prefeituras. “As prefeituras não participam, não há fiscalização dos ciclomotores, conhecidos como cinquentinhas. É preciso que haja fiscalização desse tipo de veículo para reduzir o número de acidentes”.
De acordo com o Cepam, Pernambuco tem 22 mortes com acidente de motos para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da média considerada como epidemia pela Organização Mundial de Saúde, que é dez mortes para cada 100 mil habitantes. Só no município de Trindade, na região do Araripe, estão sendo registrados 100 acidentes com mortes para cada 100 mil habitantes.
O mapeamento das mortes no estado registra que a Região do Araripe aparece em primeiro lugar, com 60 mortes para cada 100 mil habitantes. Em Segundo vem a Região do Pajeú, com 55 mortes para 100 mil habitantes. A Região do Pólo Têxtil no Agreste está em terceiro, com 40, e a Região Metropolitana do Recife registra 22 mortes para cada 100 mil habitantes.
Em relação aos atendimentos no Hospital da Restauração, referência em traumas em Pernambuco, dos 21 mil pacientes atendidos vítimas de causas externas, 50% foram por acidentes com moto. Desses, 10% ficaram paraplégicos ou amputados. Dos 104 internados especificamente na enfermaria de traumatologia do HR, entre maio e agosto deste ano, mais de 90% foram de vítimas de acidentes com motocicletas.
Esses pacientes foram operados mais de uma vez e tiveram média de internamento de 43 dias. O custo de tratamento é entorno de R$ 175 mil. Entre setembro de 2013 e setembro de 2014, foram registrados 10.075 acidentes com motos no HR. A maioria das vítimas (87%) era do sexo masculino e os do interior, 72% usavam moto sem capacete. De 3.781 pacientes atropelados, 42% (1.583) foram atingidos por motocicletas e cinquentinhas, 34 deles na calçada.