OPINIÃO: Xs Alunxs

Por MENELAU JÚNIOR

Um dos mais importantes colégios do país, o Pedro II, rendeu-se à patrulha “politicamente correta” de grupos que desejam suprimir o gênero das palavras. Como se vê, o ridículo não tem limites.

Num aviso afixado no colégio, lia-se: “A entrada dos alunxs do turno da tarde”. A moda surgiu por causa de reivindicações de grupos LGBT. Que esses grupos lutem por igualdade social é mais que justo; que as escolas sejam ambientes de discussão e do fim do preconceito também; que o Estado procure, por meio de leis, proteger esses grupos é também justo. Mas a patrulha sobre a língua é de uma burrice sem limites. E o Pedro II, lamentavelmente, comprou a estupidez em nome da “diversidade de gênero”.

O cartaz é tão infame que antes da forma “alunXs” (com um “X” no lugar da indicação de gênero) aparece um “dos”, contração da preposição “de” com o artigo “os”. Fosse para seguir o que querem alguns defensores da causa gay, teria de ser “dxs alunxs”.

A reivindicação é estúpida, para ficar num adjetivo publicável. Se a ideia é usar o “X” para indicar que pode ser homem, mulher, transexual, gay, bissexual ou qualquer outra denominação, a intenção já esbarra num conceito: o “o” ou o “a” em português não indicam sexo, nem condição sexual. Indicam gênero. E gênero não é sexo.

Além do mais, existem aqueles que dizem que a concordância no masculino é machista. Santa ignorância. O latim possuía três gêneros (e não sexos): o masculino, o feminino e o neutro. Nas transformações que originaram a língua portuguesa, a desinência do masculino se fundiu, por causa de aproximação fonética, à do gênero neutro. Ou seja, ao escrever “os alunos da escola”, estamos diante de uma expressão neutra, e não masculina. A única forma marcada em português é o feminino. Tanto é que na palavra “aluno”, o “o” final é classificado como vogal temática, e não como desinência de gênero. Este “o”, senhores patrulheiros, não indica masculino. É neutro. Estudo é mais importante que patrulha ideológica.

Além do mais, como se leria uma frase como “Xs alunxs estudiosxs estavam ansiosxs”? O Pedro II deveria estar mais preocupado em ensinar outras coisas do que em “fazer média” com grupos radicais. O “X” no lugar do “o” ou do “a” é de uma estupidez sem limites.

Até a próxima semana.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

OPINIÃO: Dívida pública

Por Maurício Assuero

Esta semana a dívida pública brasileira atingiu, na verdade ultrapassou, a casa dos R$ 2,7 trilhões! Considerando, aproximadamente, 200 milhões de habitantes, então é como se cada um de nós estivesse devendo R$ 13.500,00. Esta é a dívida per capita do Brasil! Bom, mas como a renda per capita é R$ 1.052,00, isto significa que cada um de nós deveria trabalhar 1,07 anospara pagar essa dívida. Em 2014 a dívida pública cresceu 8,15%, comparativamente a 2013, chegando a R$ 2,295 trilhões em novembro de 2014. Se agora está em R$ 2,7 trilhões, isso representa um crescimento 17,65%! (Na verdade, a taxa de crescimento é 19,40% ao porque o período é de 11 meses, de fato).Se este crescimento se mantiver ao longo dos 4 anos de mandato de Dilma, ela deixará o governo com o país devendo R$ 5,49 trilhões! Analise estes valores e responda: como pagar essa dívida? Você tem alguma ideia?

Quando uma pessoa ou uma empresa tem uma dívida, o caminho para liquidação pode ser a venda de um patrimônio (desimobilização), pode ser uma restruturação da dívida no qual se considera aumento de receitas e redução de despesas, ou seja, faz-se um planejamento para num determinado período de tempo tenha-se equalizado o problema. No caso do governo isso é mais complexo porque a fonte de receita do governo vem da tributação e do controle de despesas, mas no estado atual no qual nos encontramos o governo não consegue aprovar medidas para aumentar receitas e é leniente o suficiente para não cortar despesas no volume desejado. Quais fatores contribuem para o crescimento da dívida?

Se consideramos a dívida pública como sendo a dívida interna e a dívida externa, na primeira a gente vai encontrar os gastos do governo em bens e serviços, os juros pagos pela dívida do ano anterior e o impacto da política cambial. Considerando que zeramos no governo Lula a dívida externa, então o impacto dessa dívida é, notadamente, interna e graças ao governo federal. Os fatores são exatamente aqueles colocados logo acima: o custo que tivemos com a política cambial, com o dólar ultrapassando a casa dos R$ 4,00 e os gastos sem planejamento.

O mais interessante é que a política do quanto pior melhor tem prevalecido. Esta semana o relator do orçamento sugeriu um corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família. A questão é simples: não permitir a entrada de novos beneficiários e apoiar parte dos atuais no emprego. Imediatamente um senador se posicionou alegando que cortes no Bolsa Família são inconcebíveis. Inconcebível é nascer neste país devendo R$ 13.500,00 sem ter comprado nada!

ARTIGO: Por trás da baixa elucidação de crimes no Brasil

Por Fernando Capano

A baixa taxa de elucidação de crimes no Brasil é frequentemente discutida quando se fala na eficiência das políticas de segurança pública. De acordo com os números divulgados pelo Governo Federal, menos de 8% dos crimes são solucionados no País. E o tema não ficou fora do Seminário Internacional de Segurança Pública ocorrido recentemente na Câmara dos Deputados em Brasília, ocasião em que foi defendido o chamado “ciclo completo de polícia”, modelo em que todas as Polícias exercem o poder de investigação, cuja atribuição constitucional hoje em dia cabe apenas à Polícia Civil.

Antes de mais nada, é preciso alertar que a adoção do ‘ciclo completo de polícia’ demandaria um novo marco legislativo que mudasse os valores contemplados no artigo 144 da Constituição Federal. Neste sentido, seria necessário discutir e aprovar uma PEC, com todas as dificuldades inerentes a uma mudança de lógica constitucional. Em outras palavras, a solução, pela via legislativa, não é tão simples como parece.

O legislador constituinte, por ocasião do nosso Pacto Social de 1988, preferiu conceder competências bem específicas para cada umas das Polícias. Assim, grosso modo, à Polícia Civil cabe a atividade de polícia judiciária, responsável prioritária pela condução das investigações e do inquérito policial. De outro lado, a atividade policial ostensiva-repressiva, cujo foco é a prevenção de delitos e a manutenção da ordem pública destina-se à Polícia Militar.

A nosso ver, a estrutura atual do serviço de segurança pública não nos permitiria adotar com vantagem o ‘ciclo completo de polícia’. A razão é a mesma do ditado popular que nos ensina que “cachorro de dois donos, morre de fome”, uma vez que o risco de ter as Polícias cuidando de tudo (atividade repressiva e atividade judiciária) poderia ocasionar, ao revés do pretendido pelos defensores da ideia, a falta de atendimento regular e organizado das áreas cujas competências estão hoje bem definidas.

A baixa percentagem de elucidação de crimes está essencialmente ligada à falta de aparelhamento das Polícias em suas atividades-fim, sejam elas civis ou militares. Exemplo disso é o que ocorre no Estado de São Paulo, em que menos de 20% dos investigadores da Polícia Civil, de acordo com dados apurados pelos órgãos de classe da categoria, está de fato exercendo a atividade de polícia judiciária, elucidando a autoria dos crimes cometidos. A grande maioria dos investigadores está, em verdade, envolvida em atividades que fogem completamente de seu mister, servindo como motoristas, datilógrafos, telefonistas ou até mesmo fazendo a segurança da Delegacia, visto temerem assaltos por parte dos criminosos (!).

A solução não é mudar a lógica constitucional, eliminando a separação de atribuições em que tudo ficaria a cargo de todos e sim um maior investimento no material humano e aparelhamento das Polícias. Em países como Estados Unidos, a taxa de elucidação de crimes é alta muito mais pela valorização da Instituição Policial, do que por contar com o ‘ciclo completo de polícia’.

Pergunte a algum cidadão norte-americano médio acerca de sua percepção sobre a Polícia e perceba, no mais das vezes, o grau de respeitabilidade, inclusive do ponto de vista cultural, que gozam os policiais naquela sociedade. Faça a mesma pergunta aqui no Brasil e, a exceção talvez da Polícia Federal, corremos o risco de ouvir, em uníssono, na melhor das hipóteses: – Coxinhas!

No Brasil, segundo dados do Governo Federal, o fato de apenas 10% dos 5.570 municípios contarem com Delegacias de Polícia, com os policiais em verdadeira penúria, diz muito mais sobre a baixa taxa de elucidação de crimes do que a ausência do modelo do ‘ciclo completo de polícia’.

Até agora, quer seja nas discussões em fóruns de segurança pública, quer seja em resoluções, normas ou leis editadas pelos Governos, não se tem tocado o ‘dedo na ferida’. Assim, a falta de aparelhamento, os baixos vencimentos (em razão inversamente proporcional ao risco assumido pelos policiais) e a ausência de investimento no material humano, não são, nem de longe, assuntos que parecem de fato preocupar nossas autoridades. Frequentemente, as propostas se baseiam na criação de soluções aparentemente mágicas, sem levar em consideração problemas comezinhos como os aqui mencionados.

São louváveis as tentativas de melhorar nossa política estatal de segurança pública. No entanto, para além da simples mudança legislativa, ainda que de âmbito constitucional, é preciso combater as causas que estão levando nossos órgãos policiais à falência.

ARTIGO: O uso de aplicativo na formalização de acordos judiciais trabalhista

Por Marcia Bello

A Resolução nº 125 do CNJ, de 29/11/2010, que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, tem como objetivo assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade (artigo 1º).

Prevê ainda a referida Resolução, que “aos órgãos judiciários incumbe oferecer mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão” (art. 1º, parágrafo único).

Seguindo as possibilidades previstas pela citada Resolução do CNJ, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, por meio da Resolução Administrativa nº 12/2014, que determinou a instalação dos Centros Integrados de Conciliação, tem colocado em prática um aplicativo para aproximar os empregados e as empresas reclamadas com vistas à solução do litígio por meio de um acordo.

O TRT da 15ª Região divulgou notícia de que a implantação do Projeto Mídia e Mediação, que já conta com dois números de celulares e dois tabletes, à disposição do CIC da Circunscrição Campinas (Centro Integrado de Conciliação) para promover a mediação, teve resultado concreto na formalização de um acordo trabalhista, utilizando o aplicativo WhatsApp.

O Projeto se baseia na utilização da plataforma digital para desenvolver, de modo remoto, o entendimento entre as partes, com vistas a um acordo que ponha fim ao litígio.

Estamos presenciando a modernização das negociações entre as partes que litigam e muitas vezes não têm a oportunidade de uma aproximação para entendimentos e solução da pendência.

Os Tribunais Regionais do Trabalho, que contam com forte evolução no número de processos iniciados a cada ano, podem ter com esta iniciativa, uma eficaz ferramenta para a solução dos conflitos, com a intervenção dos mediadores, nos seus Centros, Núcleos de Conciliação ou qualquer outra denominação que designe o setor responsável pela aproximação e responsabilidade nas negociações entre patrões e empregados, agilização o término do processo.

Evidente que o entendimento entre as partes e mediador não é suficiente para que se confira validade à transação, sendo imprescindível a homologação judicial.

ARTIGO: Ainda Não Acabou

Por Maurício Assuero

O ano de 2015 está valendo por toda a década de 1980. Estamos chegando no último trimestre do ano de uma forma sofrida, arrastada, extremamente dolorida. Na música A Triste Partida (Patativa do Assaré) cantada por Luiz Gonzaga, o nordestino fica “pensando na barra do alegre Natal” e a situação não deixa de ser diferente da economia brasileira e não apenas do sofrido povo nordestino que acreditou que o Bolsa Família era suficiente para sustentar a família. Em outras épocas, no mês de setembro já víamos o movimento das lojas na direção de captar parcela do décimo terceiro dos trabalhadores e víamos, também, as expectativas de alguns com os empregos temporários; víamos, finalmente, o planejamento das pessoas no sentido de como aplicar o décimo terceiro: fazer compras, quitar dívidas, investir um pouco, etc.

Estamos em setembro e tudo isso passa por nós num silêncio ensurdecedor. Parece que estamos numa ilha de pessoas mortas onde alguns poucos que velam só são capazes de emitir, em intervalos de tempos desiguais, um lamento languido ou a nota mais dissonante do uirapuru que só canta ao amanhecer, uns 15 dias por ano, quando constrói o ninho para atrair a fêmea. Depois, só silêncio!

Incrível pensar que este sofrimento imposto a uma população, quase que inteira, tenha sido fruto da sanha de alguns que não sabem o que é depender de um emprego, de uma renda. Incrível imaginar que alguns retiram de muitos o direito à educação e à saúde. Incrível pensar que ao invés do “alegre Natal” no qual se celebra o nascimento de Cristo, a gente tenha que celebrar outra “Paixão” não apenas do mesmo Cristo, mas de um dos cristos que precisam comprar remédio, pagar escola do filho, pagar plano de saúde, pagar aluguel. Enquanto isso, todos aqueles envolvidos neste lamaçal imoral que inunda o Brasil, buscam meios jurídicos para escaparem da prestação de contas com a justiça.

O fatiamento da operação Lava Jato é um indício de que tudo não passou de um equívoco. Tudo indica que os nobres membros da Corte Suprema chegarão a conclusão de que não houve desvio; que a culpa é do coitado do “contador” que não contabilizou recursos no tempo hábil. Se isto ocorrer, então certamente ficará estampado que temos, de fato, uma justiça que pune o pobre com o rigor da lei e que alisa o poderoso com luva de pelica. Acaba aplaudindo a maestria das velhas raposas e o Brasil.. bem o Brasil, pode conviver com taxa de desemprego alta, com queda no produto de 2,7% e com inflação cheirando 10% ao ano. Afinal, a culpa será sempre do pobre mesmo.

ARTIGO: Frente Brasil Popular é lançada em Pernambuco

Por Doriel Barros

Foi lançada em Pernambuco, na última sexta-feira (25/09), a  Frente Brasil Popular (FBP), uma articulação que nasce com o objetivo de unir movimentos sociais e sindical, entidades e partidos políticos que compartilham de propostas e ideias em defesa da democracia e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

O Brasil vive um momento especial, no qual as importantes transformações ocorridas, nos últimos anos, não podem ser perdidas. O que se quer é unir forças do campo de esquerda, para defendê-las, mas também buscando avanços em muitas áreas que ainda têm lacunas.

As propostas apresentadas pelo cenário atual não atendem à pauta dos trabalhadores e trabalhadoras. A politica econômica do Governo Federal precisa ser corrigida, pois não é possível a implementação de um ajuste fiscal que penalize, mais uma vez, os mais pobres.

É preciso exigir mais de quem ganha mais. Os mais ricos pagam menos impostos que os mais pobres, e esse é o resultado de um modelo capitalista que favorece apenas a elite. É preciso que seja assumida outra pauta, mas não se pode esperar essa atitude de um ministro da Fazenda que é filho do capitalismo.

Outra contradição é ter uma representante legítima do agronegócio, defensora dos latifundiários, como é a ministra Katia Abreu, fazendo parte de um governo que precisa implementar uma ampla reforma agrária, tendo em vista que o nosso país passou mais de 500 anos de exclusão social e de dominação dos grandes proprietários de terras.

Mas, os riscos à nossa democracia, neste momento, é, com certeza, o debate mais importante da Frente Brasil Popular. As fases vivenciadas pelo Brasil, ao longo de sua história, de colonização e regimes ditatoriais, provocaram várias sequelas e um grande atraso no crescimento do País. A ausência da participação popular gerou desigualdades enormes, tendo como consequência milhares de excluídos do direito de viver com cidadania.

A defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras; a ampliação da democracia, com a participação popular nas decisões que envolvem a organização da sociedade brasileira; a promoção das reformas estruturais necessárias, a fim de garantir o desenvolvimento popular e democrático; e a defesa da soberania nacional, pelo fim da entrega das nossas riquezas naturais às transnacionais, a exemplo do pré-sal, são algumas dos temas centrais da Frente.

Nesse sentido, no dia 3 de outubro, momento em que haverá uma grande mobilização nacional, precisamos reunir o campo e a cidade nessa cruzada em defesa da vida. Estamos na luta pelo respeito às decisões do povo, à soberania do nosso país e aos princípios democráticos.

ARTIGO: Natal em meio à turbulência política e crise econômica

Estamos próximos às festas natalinas. Momento de união e alegria entre amigos e familiares. Mas teremos pitadas ruins de desemprego, dificuldades financeiras, empresas ruindo, escândalos, falta de transparência do governo, aumento de tarifas públicas e impostos – entre outros pontos.

Já passamos por situações difíceis. Mas o ano de 2015 irá marcar um cenário novo. Ele poderá aflorar nos brasileiros o espírito de luta e criatividade que possibilite que as pessoas digam não. Isso para que os dirigentes lá colocados respeitem as pessoas das diversas classes.

O Natal se aproxima em meio à turbulência política e de desmandos. Já é possível ver alguns negócios antecipando as festas, tentando minimizar as perdas registradas ao longo dos meses e em busca de novos negócios – embora em período sazonal, mas, que poderá trazer algumas novidades que serão importantes.

O que esperamos é que, com a antecipação das festas natalinas, haja a busca por funcionários temporários, que aguardam um estímulo do mercado. Este não será um periodo melhor que o de 2014 – mas poderá minimizar a situação de alguns desempregados. Não que isso seja a solução: o desemprego continua e as indústrias estão a cada dia perdendo massa muscular e potencial de expansão e de novos investimentos.

O grande termômetro da economia em São Paulo não é simplesmente o Impostômetro na Rua Boa Vista ou a troca de ministros e enxugamento da máquina pública. Sabemos que isso dificilmente ocorrerá, em virtude dos acordos entre os partidos políticos que só pensam em aumentar os tributos e os preços administrados: gasolina, energia elétrica, transporte entre outros e salvaguardar o seu patrimônio particular em prejuízo aos eleitores. A Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, considerado um dos pontos comerciais mais importantes do País, serve bem como exemplo do cenário da crise. O local registra queda no movimento. Esse é o espelho do que acontece com o País e é um forte indicador do que acontecerá com o Natal.

Percebe-se que o mercado, seja formal ou informal, acaba sendo evidenciado pelo tipo de consumo dos brasileiros por meio das compras, principalmente de pequenos presentes e lembranças para as pessoas pelas quais temos apreço. Por mais dificil que seja comprar a chamada lembrancinha, mesmo que customizada, sempre faz a diferença.

2016 

A situação econômica não terá melhora até o final de 2016 e – pasmem, poderá se estender a 2017. A esperança da indústria para esse ano ainda é obter um faturamento que possa suportar o pagamento das despesas e manutenção dos empregos.

Independentemente da política e do mercado financeiro, embora com pouco reflexo, as vendas deverão ser aquecidas, principalmente por conta das pequenas lembranças e com alimentos que sejam de baixo custo. Mas estes itens diferenciados podem fazer a diferença nos dias difíceis, já que o orçamento dos brasileiros, principalmente que estavam na classe C e que podem migrar para classe D, em virtude da perda de qualidade de vida provocada por uma má gestão pública – está agonizando.

Mas que a época de Natal seja uma oportunidade para reunir as famílias e amigos. Um Natal que pode ser mais humilde, mas, com a esperança de dias melhores e uma reversão do processo que possa garantir o aquecimento e o retorno do emprego.

ARTIGO: Crise: é hora de repensar processos na construção civil

Por Paul Sullivan

O setor de construção civil enfrenta uma crise severa no Brasil. A rentabilidade do mercado caiu de 11%, em 2013, para 2% em 2014[1]. O setor prevê cerca de 480 mil demissões em 2015 e os lançamentos de novos empreendimentos recuaram 18% só no primeiro semestre do ano. A população, por sua vez, não está segura em investir na compra de seu imóvel. Com esse cenário fica evidente que o setor precisa se reinventar.

A questão é que grande parte das empresas de construção civil no Brasil utilizam os mesmos processos há, pelo menos, 30 anos. Dessa forma, é comum (e até esperado) que haja problemas durante a obra e, até posteriormente a mesma, quando são detectadas falhas de construção, muitas vezes com necessidade de refação e gastos desnecessários. Está mais que na hora que construtoras e escritórios de arquitetura revejam os processos de concepção e gestão ao planejar um novo empreendimento. Para isso, a tecnologia pode ser uma importante aliada.

Uma forma de repensar a gestão da obra é a implantação da metodologia Building Information Modeling – BIM. Com ela é possível prever, desde o projeto inicial, detalhes que podem impactar o cronograma de obra. Além disso, pode-se ter mais acuracidade quanto ao uso de materiais e mesmo os custos envolvidos, levando em conta desde detalhes de logística até o aproveitamento de mão de obra em campo.

Com esse processo, as empresas de construção e arquitetura podem ir além do projeto com ferramentas que proporcionam melhores resultados de negócios. É possível prever, desde a concepção inicial, os detalhes que podem afetar o cronograma de trabalho. Além disso, pode-se ter mais acuracidade quanto ao uso de materiais e mesmo dos custos envolvidos, levando em conta desde detalhes de logística até o aproveitamento de mão de obra em campo. Em essência, o BIM e o uso de tecnologia avançada permite tomar decisões melhores e mais rápidas.

Para implementar o BIM é importante primeiro investir em tecnologia e treinamento. É verdade que isso leva tempo, dinheiro e paciência, mas os ganhos provenientes do investimento podem ser realizados, tanto a curto quanto a longo prazo, por meio da competitividade, qualidade do trabalho e economia de custos. Alguns estudos apontam que o uso do BIM é capaz de gerar redução de 20% em tempo e dinheiro.

A adoção do BIM no Brasil não é uma novidade: algumas empresas já tem utilizado, porém poucas são as que utilizam em total capacidade. Geralmente, a tecnologia é aplicada durante a fase de desenvolvimento do projeto. Ainda assim, os resultados são significativos. Recentemente, a CCDI (Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário) foi além e levou o processo para o canteiro de obra por meio de tecnologia baseada na nuvem e assim passou a gerir a construção em campo.

Os funcionários envolvidos na construção precisam de acesso aos projetos e modelos a partir de qualquer dispositivo, sejam eles no escritório ou no local da obra. Modelos 3D com riqueza de dados criadas dentro de um fluxo de trabalho BIM estão cada vez mais sendo usados em canteiros de obras, em vez dos grandes rolos tradicionais de plantas. O uso de um modelo BIM em um canteiro de obras (por meio de um tablet) vai ajudar a CCDI e outras empresas para aumentar a precisão, reduzir o retrabalho e o custo, gerando mais sustentabilidade, segurança e produtividade.

Resultado: a empresa saiu na frente no que diz respeito ao uso de tecnologia para seus empreendimentos e com isso contornou questões que podiam impactar o projeto e controlar custo e cronograma com mais precisão. Com tanto êxito, a CCDI agora vai expandir o modelo de gestão de obra, utilizando o BIM, em outros empreendimentos.

É chegada realmente a hora de se reinventar. O cenário se abre para um campo mais competitivo, cuja performance será ainda mais cobrada. Investir em momento de crise não é fácil. Mas é uma porta importante a ser cruzada para que as construtoras e empresas de arquitetura ofereçam inovação e qualidade. Um exercício para entender a importância desse, que é, talvez, o primeiro passo para o futuro é pensar em como a construção será nos próximos 30 anos. Sem esquecer que o futuro está além da crise atual. Quem se reinventar mais rapidamente é quem ganhará mercado daqui para frente.

OPINIÃO: Traduzindo a sem-vergonhice

Por MENELAU JÚNIOR

A cada dia tenho mais raiva de assistir aos noticiários da TV e a cada fim de semana me decepciono mais ao ler as revistas semanais que assino. Usando as palavras do nosso “eu-não-sabia” ex-presidente da República, “nunca na história desse país” se viu tanta corrupção e tantos governantes querendo proteger os corruptos.

O Congresso virou balcão de negócios. Negócios escusos, diga-se. Esta semana, com o dólar na estratosfera, Dilma viajou para Nova Iorque, mas já encaminhou várias negociações que impeçam a tentativa de impeachment.

E nesse escárnio diante do povo brasileiro, algumas palavrinhas se tornam frequentes na mídia. “Ética”, por exemplo. Quantos políticos já não foram investigados pelo conselho de “Ética”!? Segundo o Houaiss, “ética” é, entre outras coisas, “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”. Mas que moral existe numa situação em que o presidente do Congresso é investigado pela Polícia Federal por corrupção? Que moral existe quando o partido que governa o país já foi chamado de “organização criminosa” pela mais alta corte do Brasil?

Outra palavra que frequenta o noticiário policial – ops, político – é “decoro”, que vem do latim “decórum”, e significa “decência, conveniência”. Não, o leitor não leu errado. Há quem acredite em decência no governo. “Quebrar o decoro” seria não se comportar adequadamente ao cargo público que se exerce. Receber e cobrar propina, subornar juízes, aceitar favores de empreiteiras… tudo isso é “quebra de decoro”.

Se vier punição por aí, estejamos certos: ela se deve a alguns setores da mídia, aqueles que os petistas adoram chamar de “denuncistas”. Não é que nossos governantes estejam dispostos a fazer o que é correto; eles estão sendo obrigados a isso.

Mas, diante de tantos descalabros na política, existe ainda algo pior: o cinismo de alguns eleitores que, sem o mínimo pudor, negam a existência da crise e ainda defendem um governo que está completamente desgovernado. Se Dilma puder terminar o mandato, o Brasil estará perdido.

Até a próxima semana.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

ARTIGO: Como reverter a desmotivação no emprego e o medo da crise?

Por Erik Penna

Há algum tempo, fiz um curso de teatro como forma de aprimorar minha performance no palco e um fato me marcou para sempre. O professor sorteou 10 pessoas para ir ao palco e se apresentar ao grupo. Os cinco primeiros participantes falaram de forma envergonhada e confusa só para dizer o próprio nome, cidade onde moravam e o objetivo de fazer o curso. Lembro-me bem que o quinto a falar tremia e gaguejada tanto, que não conseguiu concluir.

Após esse fato, o professor abriu a porta de um armário que ficava ao lado do palco e pediu que os cinco próximos colegas se apresentassem com uma das fantasias que ali estavam para livre escolha. O resultado foi impressionante, diferente e melhor, com apresentações bem mais naturais, descontraídas e efetivas. Então o professor explicou que o segundo grupo havia sido melhor porque usou as fantasias e, ao entrar no personagem, deu um show no momento de falar sobre si.

Hoje, levo esse conceito da interpretação para dentro das organizações, principalmente para aquelas pessoas que convivem com a crise e, momentaneamente, não conseguem conquistar bons resultados.

Outro dia, fui numa empresa ministrar um desses treinamentos e um vendedor que integrava a equipe e que estava nitidamente abatido e cabisbaixo, pediu para falar comigo em separado. Ele me disse: “Erik, a crise econômica afetou os meus resultados aqui na loja, os clientes sumiram, as vendas despencaram, minha comissão quase zerou e eu já chego ao trabalho preocupado com as contas lá de casa. Como eu faço para abordar o cliente de forma motivada se não estou motivado e vivencio tantas agruras atualmente? Quer que eu minta ao cliente dizendo que está tudo lindo e maravilhoso?”.

Escutei atentamente e perguntei a ele: “Você já fez aula de teatro ou já foi pra Disney alguma vez?”. E ele respondeu: “Sim, já fui pra Disney uma vez com minha família e foi inesquecível, ficamos encantados. E me lembro como se fosse hoje o momento em que minha filha encontrou o Mickey e abraçou as princesas”.

E eu disse a ele: “Sabia que a Disney recebeu no ano passado mais de 132 milhões de clientes em seus parques espalhados pelo mundo? Eu mesmo conheço milhares de pessoas que foram lá e, curiosamente, até hoje nunca escutei de ninguém qualquer tipo de reclamação por ter interagido lá com algum personagem desmotivado. Imagine, então, qual é um dos segredos para esta tamanha energia dos colaboradores e motivação sempre 100%?”.

É que os funcionários sabem que estão representando o personagem, como o Mickey, por exemplo, recebem um intenso treinamento e, por isso, têm a consciência de que estão apresentando um show. Portanto, são tradados como membros do elenco e devem ter um desempenho otimista e primoroso quando estiverem diante dos visitantes. Imagino que, o indivíduo que está fantasiado e personificando, deve ter problemas pessoais e profissionais, mas o personagem Mickey não tem, portanto, encanta e atua continuamente de forma calorosa e entusiasmada.

Ele disse: “É verdade Erik, você tem razão, eu nunca havia pensado nisso”.
Neste momento, eu peguei um boné com a logomarca da loja que ele trabalhava, coloquei na cabeça dele e disse: “E agora, você precisa fazer o mesmo. Sugiro que passe a representar aqui um personagem chamado VENDEDOR NOTA 10. Amanhã, quando você adentrar a loja, lembre-se que estará participando de um espetáculo, precisará dar um show de atendimento e representar este personagem. Atue de forma alegre, motivada e convincente”.

Para finalizar, comentei: “Ah, e quando seu expediente acabar e o show terminar, ao sair para casa você tem todo o direito de deixar seu traje/boné na portaria e levar seus problemas embora com você. Mas lembre-se: amanhã terá que dar outro show diante de seus clientes e, se assim o fizer, com toda certeza seus resultados se agigantarão”.