Cristovam Buarque: “A democracia entrou em crise”

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Na opinião do senador, PT é responsável pela “desmoralização” da esquerda no país (Foto: Agência Brasil)

Por CAROL BRITO
Da Folha de Pernambuco

No primeiro governo do ex-presidente Lula, uma foto do líder petista com crianças carentes no bairro de Canaã, em Caruaru, chamou a atenção do então ministro da Educação, Cristovam Buarque, que também foi ao encontro daqueles garotos, na época. De volta à Brasília, enviou uma carta ao chefe do Executivo ponderando que ele não tinha responsabilidade pela situação, mas que carregaria este peso por dez anos, se não adotasse medidas para melhorar a vida da população. No último fim de semana, Buarque voltou a Canaã e percebeu que os 13 anos do Governo do PT não mudaram a realidade local. Hoje, não poupa criticas ao PT, que considera responsável pela “desmoralização” da esquerda no País.

O que nos levou a essa crise?
Tem duas maneiras de analisar. Uma do ponto de vista histórico, estrutural. Outra do ponto de vista conjuntural, político. Do ponto de vista histórico e estrutural, eu venho há um bom tempo dizendo que se esgotou esse modelo que começamos em 1994 com o Governo do Itamar, e que atravessou Fernando Henrique, Lula e Dilma. Esse modelo do Brasil, diferente dos anos 1930 e dos militares, tinha quatro pilares de sustentação e que fizeram muito bem ao Brasil: a democracia, a estabilidade monetária, o compromisso com o crescimento econômico, baseado no agronegócio e nas indústrias do metal mecânica, e a generosidade das transferências de renda, que começam com o Sarney, mas que se consolidam com Fernando Henrique com o Bolsa Escola e o Lula com o Bolsa Família. Os quatro entraram em crise. Isso eu já venho dizendo. A democracia entrou em crise. A juventude está sem utopia e os partidos sem ideologias. Nós também temos uma Constituição e leis que obrigam a gastar mais, mesmo em crise e sem dinheiro. A transferência de renda se esgotou duplamente, porque não conseguimos tirar as pessoas da pobreza, apenas mantemos as pessoas pobres. Não se criou uma porta de saída e o custo disso é muito alto.

Qual a responsabilidade do atual Governo?
O fato de a crise estourar agora é consequência das irresponsabilidades da condução econômica em 2014 e no final de 2013. Em 2011, eu disse que a economia estava bem. Mas não estava. Ela estava bem com emprego alto, inflação controlada. Mas havia pontos que levavam ao desequilíbrio e desajuste, mas ninguém levou a sério. Um governo arrogante, uma cegueira do otimismo do Guido Mantega e da Dilma. Continuaram com desonerações fiscais altíssimas, insuflando o consumo e o endividamento. A poupança caindo, porque as pessoas consumiam e não poupavam. Era óbvio que ia acontecer isso. Agora, some-se a isso o fato que em 2014, além das irresponsabilidades de Dilma, ela cometeu um desvario na política econômica, prometendo coisas que não ia conseguir fazer e acusando os opositores de fazer o que ela agora faz. Temos a crise do modelo, na estrutura e a crise econômica do desajuste criado pelo governo. É uma crise séria de credibilidade de uma presidente que já se elege com 12 anos de um projeto político. Some-se a isso Lava Jato e a descoberta de que o PT, partido que veio para acabar com a corrupção, estava sendo mais corrupto que os outros.

Somente o Impeachment consegue solucionar uma crise tão estrutural?
Não. O impeachment não resolve, salvo um ponto que pode resolver, que é a credibilidade. Mas esse é um ponto muito pequeno de uma crise com muitos problemas estruturais. A saída dela pode trazer a credibilidade, mas não tenho tanta certeza. Eu estive com ela, faz um mês. Eu tentei fazer com que o Fernando Henrique e o Lula se encontrassem, mas não deu certo. E, finalmente, ela fez encontro com um grupo que chamo de senadores independentes. Nós levamos a proposta para que ela fosse a “Itamar” dela própria. Hoje, eu acho difícil. Nossa proposta era que ela fosse ao Congresso fazer um discurso, que ela reconhecesse os erros da condução do governo e da campanha, que ela dissesse que não é mais do PT, mas do partido do Brasil, que ela tem mais três anos e precisa de ajuda, inclusive, da oposição. Mas ela não fez. Ela fez o contrário e está virando presidente do PMDB. Não é um bom caminho. O Temer assumindo pode começar a recuperar a credibilidade, mas a crise ainda é estrutural. Vamos precisar de um debate mais profundo e isso vai levar muitos anos. Vamos levar muitos anos para reestruturar o Brasil.

Muito se fala da qualidade do Congresso em períodos como esse.
O Congresso já passou por isso, mas tínhamos o chamado Congresso dos Cardeais com Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Miguel Arraes que, na hora H, se reuniam e discutiam. Hoje, não temos cardeais, não temos nem bispo. Não temos lideranças. Temos pessoas que têm liderança, domínio e que se impõem, mas não têm liderança. Hoje, eu estou pessimista em relação ao trabalho dos parlamentares. Não é a qualidade das pessoas, mas dos partidos, das ideias, das pessoas. A entidade Congresso está órfã de ideais, proposta, de rumo. Todos pensando no imediato da próxima eleição e nos grupos que eles representam. Como se não houvesse 2016, 2018, 2020.

Como o senhor vê a posição PDT?
Meu partido só não é pior do que os outros. Não está bem, foi um erro grave ter entrado no governo Lula em 2006/2007. Em 2006, eu fui candidato a presidente, mas, em novembro, Lula chamou o Lupi e eu fui contra. O PDT poderia ser o partido da alternativa para o Brasil. Durante muito tempo, o Brasil ficou dividido entre o socialismo estatizante e o capitalismo liberal. O trabalhismo de Brizola e Goulart, o trabalhismo nem era estatizante, nem era do lado do capital. Era outra visão. De respeito ao lucro, ao trabalhador. É o primeiro ponto que nos faz atual. O capitalismo mostrou seus defeitos e o socialismo estatizante ninguém quer. O PDT poderia ser esse partido, mas ao entrar no Governo Lula, viramos um puxadinho do PT. Perdemos ideologia, perspectiva, é cada um por si. No Senado, nunca votamos juntos. Você não sabe o que nos une. É um partido que perdeu a identidade. Tem uma coisa boa: não entrou na Lava Jato. Agora, um dia desses, os deputados disseram que não estavam, mas já vi que estão discutindo dar um ministério para André Figueiredo. Isso não é certo e a gente está pagando o preço do processo eleitoral. O PDT deixou Brizola e Darcy Ribeiro em troca de ministério. É muito triste isso.

O senhor vê Ciro Gomes como alternativa do PDT para 2018?
Me perguntaram isso no Ceará e eu respondi que o PDT estava tão ruim que nem o Ciro piorava. Eu não vejo, sinceramente, como uma conquista boa para o partido. Ele é um político de votos, sem dúvida. Do ponto de vista ideológico, postura para o futuro, eu não vejo (como candidato). Acho Ciro atrasado em postura e não me parece ser um homem de diálogo como a gente precisa, para levar o País adiante. Se houver possibilidade, eu disputo com ele para ser o candidato. Eu não acredito que prevaleça, creio que já está arrumado. Eu acho que a entrada dele no PDT é o resultado de uma aliança do Lupi com o Lula e Ciro. Eu tenho impressão que Lula tem duas estratégias. Na primeira, a Dilma sai, ele vai para oposição ao Temer com discurso demagógico e críticas duras, dizendo que fez diferente. Não acho que o Lula se acabou, ele pode ressuscitar pela falta de alternativas. Se ele se complicar com a Lava Jato, ele pode ser o candidato. Se o PT estiver muito desgastado, ele funde o PT com PDT e PCdoB para fazer um novo partido. Ele pode dizer que o PT não acabou, mas não é mais o PT. E, se nada der certo, eles podem apoiar o Ciro. Eu topo lutar contra isso, mas não sou ingênuo de achar que ganho.

Brasil é destaque no contexto mundial de doação de orgãos

Da Agência Brasil

Com o slogan “Viver é uma grade conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras”, a campanha do Ministério da Saúde sobre doação de órgãos procura incentivar e conscientizar as famílias para a da importância do transplante. Hoje (27), é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos justamente para lembrar que um transplante pode salvar vidas. Diferente de qualquer outra terapêutica médica, o transplante só ocorre com a doação, por isso a importância da participação da população.

No cenário da doação de órgãos e tecidos, o Brasil se destaca no contexto mundial, principalmente por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda de acordo com a pasta, o país teve o melhor primeiro semestre da história no número de doadores efetivos de órgãos, tanto em números absolutos quanto na taxa por milhão de população (pmp).

De acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, de janeiro a junho deste ano, 4.672 potenciais doadores foram notificados, resultando em 1.338 doadores efetivos de órgãos. O doador potencial é aquele paciente notificado com morte cerebral. Para ele se tornar um doador efetivo, os órgãos passam por uma triagem com o objetivo de analisar a aptidão da doação de órgãos do paciente. Além disso, a legislação prevê que a família decida se vai querer ou não doar os órgãos do familiar.

As doações feitas neste ano possibilitaram a realização de 12,2 mil transplantes, fazendo com que crescessem os procedimentos de órgãos mais complexos como pulmão, coração e medula óssea. Nesse mesmo período, o Brasil alcançou a maior porcentagem de aceitação familiar, que foi de 58%, superando os demais países da América Latina. Na Argentina e no Uruguai esses percentuais são de 51% e 47%, respectivamente.

Nos últimos dez anos, o número de transplantes realizados no Brasil cresceu 63,8%, passando de 14.175 procedimentos em 2004, para 23.226 em 2014. No caso dos doadores efetivos, o Brasil atingiu o percentual de 14,2 doadores por milhão de população (pmp), superando a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2011, que segue os padrões internacionais. O número configura a maior quantidade de doadores efetivos já registrados em apenas um ano no Brasil, com aumento de 43,4%, se comparado com 2010, quando o percentual foi de 9,9 por milhão de população. Em 2014, foram notificados 9.378 potenciais doadores em todo o país, que resultaram em 2.710 doadores efetivos de órgãos.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o destaque do resultado se deve ao esforço e ao comprometimento das equipes multiprofissionais envolvidas diretamente no processo de doação e transplante e, principalmente, à solidariedade das famílias brasileiras, responsáveis por autorizar a doação do seu familiar, fator sem o qual os transplantes de doadores falecidos não aconteceriam.

Com a ampliação do acesso, o número de pessoas aguardando por um transplante no país caiu 36% nos últimos quatro anos. Em 2010, 59.728 pessoas estavam na lista nacional de espera e, em 2014, esse número caiu para 38.350. O controle do atendimento aos pacientes é realizado pelas Centrais Estaduais de transplantes, que mantêm em seus cadastros todas as informações sobre compatibilidade e situação de saúde do paciente.

No contexto brasileiro, o estado do Rio de Janeiro tem tido um papel de destaque nos últimos cinco anos, desde a criação do Programa Estadual de Transplantes (PET), em 2010. Em todo o ano de 2010, foram feitas 80 doações. De janeiro a junho deste ano, já foram 220 doações, um aumento de 175%. Segundo o coordenador estadual do programa, Rodrigo Sarlo, o objetivo é alcançar 300 doações ainda este ano. Ele destacou que desde a criação do PET, todos os anos foram marcados por recordes de anos anteriores.

“Ainda existe espaço e necessidade para crescimento e o que a gente começou a traçar este ano foi a sensibilidade da sociedade. A gente tem trabalhado, principalmente no início deste ano de 2015, de uma forma muito intensa para se aproximar da população. A gente passou por uma nova fase para se aproximar da população e criar uma cultura voltada para a doação, de modo que se toda a sociedade contribui de alguma forma, a gente tem um resultado muito maior.”

Dois anos e oito meses após receber um novo fígado, a dona de casa Claudia Ferreira, de 39 anos, moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, disse que nasceu novamente após a operação. Por conta do mal funcionamento do órgão, Claudia teve ascite ou barriga d’água, o que provocou o acúmulo de líquido na região abdominal, assemelhando-se a uma barriga de grávida.

“Em abril de 2012 comecei a sentir os sintomas que normalmente acometem pessoas que apresentam problemas no fígado, muita náusea, uma fraqueza, falta de apetite e então comecei a apresentar um quadro de gravidez porque a barriga começou a crescer e todos achavam que eu estava grávida.” Ela conta que quando foi internada, o quadro já era crítico, “de vida ou morte”. Apesar da gravidade, uma longa cirurgia de mais de oito horas, deu vida novamente a Claudia.

CAMPANHA DA ABTO

Na quarta-feira (24), a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou uma campanha para divulgar informações sobre a doação de órgãos. Segundo o presidente da associação, Lúcio Pacheco, a campanha quer estimular as pessoas a conversarem sobre este tema em casa. Ele pediu para as pessoas conversarem sobre o tema em casa, relatarem sobre a vontade de fazer a doação com um familiar para que as pessoas saibam sobre a vontade do parente.

Pacheco disse que o país faz cerca de um terço dos transplantes que precisa ser feito. “Então, se nos últimos 10 anos, o Brasil vem crescendo em número de transplantes, ainda falta crescer muito”. Ele destacou que ainda é preciso esclarecer as dúvidas da população porque o tema ainda é pouco difundido. “Todas as dúvidas da família devem ser esclarecidas. A doação de órgãos não deforma o corpo do cadáver porque o corpo é recomposto. Mesmo quando você doa pele, ossos ou córnea, tudo é recomposto para que a pessoa possa enterrar o ente querido igual como se ele não tivesse doado os órgãos. Então, esse medo da família é fácil de ser esclarecido.”

MEU PAI FOI UM HERÓI

Aos 12 anos, a cineasta Ana Key Kapaz, agora com 28 anos, recebeu a notícia de que precisaria de um transplante de fígado, após o seu órgão começar a afetar o funcionamento do pulmão. Ela tinha uma colangite esclerosante auto-imune e tomava remédios desde os 7 anos de idade, mas era preciso de um novo fígado. Seu pai, Ronald Kapaz, compatível para a doação, se prontificou a ajudar a filha.

“Meu pai não poderia ser mais importante na minha vida do que já era, e foi literalmente um herói, dando a oportunidade”. A operação deu certo e a jovem ficou um semana e meia internada depois do transplante. Nesse meio tempo, ela fez 13 anos no hospital, que contou com uma pequena festa, com a presença de familiares e amigos.

Para Ana, o pós-operatório foi a pior parte porque ela perdeu muito peso, não conseguia se manter ereta e tinha muita dor. “Tive que me afastar da minha gata de estimação por três meses e conviver com tubos de oxigênio após o transplante. Foi terrível me separar da minha gata e foi muito triste ficar de molho em casa longe dela”.

Em Nova York, presidente volta a dizer que Brasil está aberto para refugiados

Da Agência Brasil

A presidente Dilma Rousseff reafirmou hoje (26), em Nova York, a disposição do Brasil de receber refugiados. “O Brasil é um país de refugiados, meu pai foi refugiado. Estamos abertos para todos que queiram trabalhar e viver com dignidade. Sem políticas xenófobas, restritivas”, disse ela a jornalistas, após participar de reunião do G4, grupo de países que apoiam mutuamente as respectivas propostas para um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em mensagem divulgada nas redes sociais e sites oficiais da Presidência da República no dia 7 de setembro, da Independência do Brasil, Dilma já havia dito que o país está “de braços abertos” para receber refugiados. Em Nova York, Dilma afirmou também que um Conselho de Segurança mais eficaz e mais efetivo é necessário para evitar as guerras.

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota com a posição oficial do G4, após o encontro da presidente com os chefes de Estado dos outros três países que integram o grupo. Segundo o comunicado, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel e os primeiros-ministros da Índia e Japão, Narendra Modi e Shinzo Abe, acreditam que um Conselho de Segurança mais representativo, legítimo e eficaz “é mais necessário do que nunca” para lidar com conflitos e crises. Para os quatro chefes de Estado, o Conselho de Segurança da ONU precisa refletir “a realidade da comunidade internacional do século XXI”.

Ainda de acordo com a nota, os líderes do G4 avaliam que não houve progresso substantivo na reforma do Conselho desde a Cúpula Mundial de 2005, quando chefes de Estado apoiaram, por unanimidade, uma reforma urgente no Conselho de Segurança. “O processo em curso na ONU para promover a reforma do Conselho de Segurança deveria ser conduzido, dada a sua urgência, em um cronograma determinado”, diz o comunicado.

Segundo o texto, os líderes elogiaram o esforço durante a 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no ano passado, para “mover o processo em direção a negociações baseadas em texto”. Eles também se comprometeram a apoiar e cooperar com as negociações na 70ª Assembleia Geral, na segunda-feira (28). Dilma embarcou para Nova York na quinta-feira (24). Ela viajou para participar da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e da 70ª Assembleia Geral da ONU.

Foi vitória do Brasil, diz Humberto sobre vetos

Depois de uma longa sessão do Congresso Nacional e muito debate em plenário entre governistas e oposição, deputados e senadores decidiram manter todos os vetos presidenciais analisados durante mais de seis horas de discussões, que vararam a madrugada e só chegaram ao fim às 2h20 desta quarta-feira (23). Dos 32 vetos da pauta, 26 foram confirmados pelos congressistas, entre eles o que fixava mecanismo alternativo ao fator previdenciário e o que isentava a cobrança de PIS/Cofins sobre óleo diesel. Esses projetos, integrantes da chamada pauta-bomba, tinham um potencial de impacto de R$ 128 bilhões nas contas públicas até 2019.

Apesar do resultado extremamente favorável ao governo da presidenta Dilma Rousseff, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), acredita que não houve vencidos ou vencedores na sessão do Congresso. “A única vitória foi do Brasil. Aqui, não estava em questão o governo ou a oposição. Estava em questão a responsabilidade com o país e com o equilíbrio fiscal das nossas contas. Foi nesse sentido que muitos oposicionistas, sensibilizados com a situação, se posicionaram pela manutenção dos vetos”, avaliou Humberto. “Não há nada a comemorar. Ainda temos muito trabalho pela frente.”

O líder do PT se refere aos vetos não analisados. Como a base governista não conseguiu reunir o quórum mínimo de 257 deputados para votar o veto referente aos terrenos de marinha, a sessão foi encerrada naquele momento, deixando pendentes de apreciação seis temas destacados para análise individual. Além das novas regras para os terrenos de marinha, outros projetos de grande peso financeiro seguem na pauta, como o que prevê aumentos salariais de até 78% para servidores do Judiciário federal e o que estende a todos os benefícios de aposentados e pensionistas a política de valorização do salário mínimo.

Na avaliação de Humberto, a articulação política entre o Executivo e a sua base no Congresso produziu os resultados esperados e deu uma sinalização sólida ao mercado financeiro de que o Brasil está trabalhando unido pelo seu equilíbrio fiscal. “Acredito que, até que se realize a próxima sessão do Congresso, nós conseguiremos afinar, ainda mais, o nosso diálogo para manter os demais vetos que restaram na pauta”, explicou o senador Humberto Costa.

Ao Mercosul, Humberto denuncia golpismo em curso no Brasil

Líder do PT no Senado e representante do Congresso Nacional brasileiro no Parlamento do Mercosul (ParlaSul), o senador Humberto Costa (PE) desembarcou em Montevidéu, no Uruguai, nesse fim de semana, para reunião plenário do órgão, que ocorre nesta segunda-feira (21). Mas, já na noite desse domingo, o líder do PT teve encontro com parlamentares da ala progressista dos países do bloco em que denunciou o “clima de golpismo que está em curso no Brasil”.

“A democracia brasileira se encontra, neste momento, sob forte ataque, com ameaça real de um golpe de Estado”, alertou Humberto, que recebeu apoio dos congressistas de Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Os parlamentares das delegações do Mercosul fizeram uma defesa intransigente dos regimes democráticos no bloco e rechaçaram qualquer tentativa de abreviar mandatos de governantes legitimamente eleitos, como ocorreu no Paraguai há três anos.

Em junho de 2012, o presidente do país vizinho, Fernando Lugo, que não tinha base parlamentar, foi derrubado pelo Congresso do país, em uma manobra política extremamente controversa, que ficou conhecida como “golpe paraguaio”. O país foi afastado do Mercosul e da Unasul por “ruptura da ordem democrática” até realizar novas eleições presidenciais, quando foi readmitido nos dois blocos.

Nesta segunda-feira, a delegação brasileira se reuniu nas primeiras horas da manhã para discutir estratégias de posicionamento sobre o comando das nove comissões temáticas do ParlaSul, cujos titulares serão definidos no encontro de hoje. A partir do meio dia, terá início a XXXIV Sessão Ordinária do Parlamento do Mercosul.

Rebaixamento de nota do Brasil e PECs movimentam semana no Senado

Da Agência Brasil

A semana mais curta foi movimentada no Senado por notícias relacionadas à votação de propostas de emenda à Constituição (PECs) e pela notícia de retirada do grau de investimento do Brasil, pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P).

O anúncio de rebaixamento da nota do país, na quarta-feira (9), repercutiu imediatamente entre os senadores. Comunicado da notícia pelos jornalistas, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que somente a retomada do crescimento econômico poderá fazer o país reverter a situação.

O líder do governo, Delcídio do Amaral (PT-MS), porém, lembrou que a agência não é “a última parada” do ponto de vista econômico, pois errou em 2008, ao não perceber a bolha imobiliária dos Estados Unidos, que resultou na crise financeira mundial. No entanto, Delcídio ressaltou que o Brasil deve receber a notícia com “humildade” e tomar providências.

No dia seguinte (10), o senador anunciou que o governo adotará uma série de medidas que incluem corte de gastos administrativos, revisão de programas de governo, redução de ministérios e, por último, novas fontes de receita, com aumento de impostos que funcionarão de maneira “transitória”. Ele disse que as primeiras medidas seriam anunciadas sexta-feira (11), o que não ocorreu.

Em plenário, algumas votações movimentaram a semana. Na terça-feira (8), os senadores aprovaram a redação final da reforma política, enviando para a Câmara dos Deputados o texto que, entre outras coisas, proibia a doação de empresas às campanhas eleitorais. No dia seguinte, os deputados rejeitaram a alteração feita pelo Senado e retomaram o texto original do projeto, que permite a doação privada de campanha.

Ainda no âmbito da reforma política, os senadores aprovaram, no mesmo dia, a PEC que prevê reserva de vagas para mulheres nos Legislativos federal, estaduais e municipais, exceto no Senado. O texto estabelece reserva de 10% nas próximas eleições, 12% nas seguintes e 16% nas sucessivas. A PEC foi aprovada em segundo turno e segue para a Câmara.

Outra PEC aprovada na terça-feira estabelece que a União indenize todos os proprietários de terras homologadas como indígenas desde 5 de outubro de 2013. O substitutivo do senador Blairo Maggi (PR-MT), aprovado em dois turnos no plenário, prevê que as indenizações cubram o valor da terra nua e das benfeitorias realizadas de boa-fé. A PEC também segue para a Câmara.

Na quarta-feira (9), os senadores aprovaram mais uma PEC, incluindo na Constituição o transporte público como um direito social equivalente a outros já previstos, como saúde, educação e alimentação. A emenda foi aprovada em segundo turno e será promulgada em sessão solene no Senado na próxima terça-feira (15).

Ainda na quarta-feira, o juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato na Justiça Federal, Sérgio Moro, participou de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre projeto de lei que determina o início imediato do cumprimento da pena para crimes hediondos e contra a administração pública a partir da condenação em segunda instância. Moro disse que o projeto e ajudará a evitar que pessoas já consideradas irrevogavelmente culpadas permaneçam em liberdade por anos enquanto recorrem sobre questões de direito nos tribunais superiores.

Também ao longo da semana, os senadores aprovaram a prorrogação de três comissões parlamentares de inquérito que estão em funcionamento na Casa. A CPI das Próteses funcionará até o fim deste ano; a do HSBC ganhou mais 180 dias de prazo e se encerrará em março de 2016; e a do Carf, que investiga denúncia de pagamento de propinas a membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, foi prorrogada para até janeiro de 2016.

Intenção de investimentos da indústria cresce 3,6%, diz FGV

Da Agência Brasil

O Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), avançou 3,6% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Apesar da melhora, o índice ainda indica que o número de empresas prevendo diminuir investimentos nos próximos 12 meses é maior que a quantidade de empresas que esperam aumentar os investimentos.

A parcela das empresas que preveem investir mais no futuro passou de 18% no segundo trimestre para 19% no terceiro trimestre. Já o percentual de empresas que estimam investir menos caiu de 35% no segundo trimestre para 33% no terceiro trimestre.

Segundo a FGV, a alta do indicador na passagem do segundo para o terceiro trimestre é discreta se comparada às quedas observadas nos seis trimestres anteriores. A intenção de investimentos caiu 33% desde o quarto trimestre de 2013.

Presidente abre comemorações do 7 de Setembro em Brasília

A presidente Dilma Rousseff abriu há pouco o desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Ela chegou ao palanque de autoridades no Rolls Royce presidencial aberto, acenando para o público. Ela foi recebida pelo vice-presidente da República, Michel Temer, pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.

Logo após a chegada da presidente, começaram os ritos oficiais, com a fanfarra dos dragões da independência tocando o Hino Nacional acompanhada do coral dos alunos do Colégio Militar de Brasilia. Este ano, os atletas paralímpicos são os responsáveis por levar o fogo simbólico.

Ao todo, 3 mil militares, entre homens e mulheres, desfilarão sob o som das bandas do Batalhão de Polícia do Exército e do Batalhão da Guarda Presidencial. Um dos momentos mais aguardados do desfile é a apresentação da Esquadrilha da Fumaça, que volta à parada após dois anos sem participar.

Durante o desfile, o Exército fará uma homenagem aos 70 anos da Força Expedicionária Brasileira com comboio de 26 viaturas históricas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, algumas delas vieram de Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte.

Articulação de Humberto garante Brasil como sede do ParlAmericas

A 12ª Assembleia Plenária do Parlamento das Américas (ParlAmericas), que reúne congressistas dos 35 países do continente, terminou nesse sábado (5), no Panamá, com uma vitória para o Brasil. Integrante do Conselho de Administração do grupo, o senador Humberto Costa (PT) garantiu que o encontro de 2016 seja sediado aqui no país.

“Costuramos um entendimento e vamos fazer a 13ª assembleia plenária no Brasil. Será importante ter congressistas das três Américas e do Caribe discutindo temas de interesse dos legislativos continentais aqui no nosso país”, afirmou o líder do PT no Senado.

Humberto ressaltou que o ParlAmericas tem se tornado um foro de discussões parlamentares sobre temas muito sensíveis, como a questão de gênero e a participação feminina nos parlamentos, e que isso pode virar um importante contraponto à onda conservadora que reacende nas Américas.

A assembleia plenária de 2016 deve ocorrer entre os meses de setembro e outubro. A cidade ainda não foi definida. O assunto será tratado com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a organização do evento ficará a cargo de Humberto.

7 DE SETEMBRO

O líder do PT deixou o Panamá no fim da tarde deste domingo (6) e desembarca na madrugada de amanhã diretamente em Brasília. O senador deve ir às ruas da capital acompanhar a 21ª edição do Grito dos Excluídos, cuja concentração será na Catedral Metropolitana de Brasília.

Os atos devem ocorrer em mais de 300 cidades de todo o Brasil e servirá para que os movimentos sociais mostrem oposição à agenda conservadora do Congresso e exijam mais avanços em políticas públicas.

Na terça-feira (8), o senador retoma as atividades parlamentares com uma reunião coordenada pela presidente Dilma Rousseff e os líderes da base no Senado. À tarde, a Casa deve votar o projeto de repatriação de recursos não declarados à Receita Federal no exterior.

Movimentos sociais lançam frente para propor o desenvolvimento do país

Da Agência Brasil

Integrantes de movimentos sociais lançaram ontem (5), em Belo Horizonte (MG), a Frente Brasil Popular com o objetivo discutir novos caminhos para o desenvolvimento do país e defender reformas estruturais. A frente foi lançada durante a Conferência Nacional Popular: em defesa da democracia e por uma nova política econômica, com a participação de representantes de movimentos sociais, intelectuais e políticos.

A Frente quer mobilizar os setores populares em torno de uma plataforma política mínima com os seguintes pontos: defesa dos direitos dos trabalhadores; defesa dos direitos sociais do povo brasileiro, defesa da democracia; defesa da soberania nacional; luta por reforma estruturais e populares; e defesa dos processos de integração latino-americana.

Entre as propostas a serem discutidas pela Frente estão a luta contra a redução da maioridade penal, a defesa das reformas política, urbana e agrária, ações contra o ajuste fiscal e a política econômica do governo e a defesa dos processos de integração latino-americana em curso como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Mercosul.

O integrante da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, explica que a Frente é um movimento de construção de ideias, de luta política e de mobilização de rua.

“A intenção não é apenas discutir ideias e ficar no papel. Vamos ter um calendário de mobilização para ir às ruas lutar por nossas propostas”, disse Conceição. E completou “Os movimentos vão lutar pelos diretos da classe trabalhador, pela saúde, a educação. A Frente é uma organização ampla que vai discutir o Brasil que temos e construir, a partir do debate político, o Brasil que queremos”.

A Frente Brasil Popular é formada por uma ampla diversidade de movimentos sociais como o MST, União Nacional dos Estudantes (UNE), Marcha Mundial das Mulheres, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Federação Única dos Petroleiros(FUP), Via Campesina, Central de Movimentos Populares (CMP), além de pastorais sociais, sindicatos de professores, movimentos de lutas pelos direitos dos negros, intelectuais e políticos.