Pedro Augusto
A Celpe alega que os seus registros ainda não computaram aumento, mas basta se dirigir até uma das agências da companhia, em Caruaru, para comprovar que o número de reclamações a respeito dos valores das contas de energia vem crescendo a passos largos no município. Em visita à unidade do Centro, na manhã da última terça-feira (16), alguns minutos foram mais do que suficientes para a reportagem VANGUARDA coletar várias queixas dos consumidores que se encontravam à espera de atendimento. Com as contas em mãos e muitos questionamentos para fazerem, eles fizeram questão de mostrar a disparidade entre os preços delas de um mês para o outro.
A aposentada Maria Madalena foi a primeira criticar. “De uns tempos para cá os valores estão um absurdo. Para se ter ideia, até o início deste ano as minhas contas não chegavam aos R$ 30. Agora, estou tendo de pagar entre R$ 70 e 90. E o pior é que venho economizando a cada mês. Já cortei o ventilador durante a tarde, a televisão pela manhã, mas não está dando jeito. Daqui a pouco a minha casa vai ficar só a base do candeeiro.”
Também sentindo no bolso a disparidade nos preços, a costureira Maria Alcione compareceu à agência para formalizar uma reclamação. “O apagão já tomou conta de casa há tempo, mas até agora não estou vendo nenhum resultado. A cada mês a conta vem aumentando e o pior é que estou tendo de tirar dinheiro da alimentação para poder quitá-la. Sei que não vai adiantar muita coisa, mas fiz questão de vir até aqui para questionar”, criticou.
Doente e fazendo pequenos bicos na comunidade onde mora, a doméstica Rosicleide de Souza tem tido bastante dificuldades para deixar as contas em dia. “Cheguei a vender um móvel lá da sala para poder pagar as duas contas que se encontravam em aberto. Desloquei-me até aqui para realizar uma reclamação e tentar fazer um parcelamento das mais recentes, porque a situação está braba”, comentou.
Também preocupado com a situação, o vendedor Fábio Silveira demonstrou não conhecer os fatores que propiciaram o acréscimo nas contas. “Já me falaram que houve reajustes, mas não sei os valores exatos. Mesmo assim, aumentou demais. Não é possível que tenha consumido o dobro de energia de um mês para o outro. Em abril, paguei R$ 80 de conta, já em maio quase R$ 170. Um verdadeiro absurdo para quem está se policiando para não abusar do consumo. Vim até aqui para questionar”, criticou. Os reajustes os quais o vendedor se referiu corresponderam a 2,2% e 11,44%, respectivamente em março e abril deste ano.
Em entrevista ao VANGUARDA, na mesma data, o gestor regional de atendimento da Celpe, Luzaides Lopes, ressaltou que os aumentos aplicados foram os mais baixos no comparativo com o cenário nacional. “Houve concessionárias do Sul e do Sudeste que realmente fizeram reajustes elevados, porém os nossos acabaram sendo razoáveis. Vale salientar que no intervalo de um para outro ainda entrou em vigor no Brasil a utilização das bandeiras tarifárias que indicam as condições de geração de energia no país. Estas últimas, com certeza, têm pesado nos bolsos dos consumidores. Para minimizá-las é necessário que eles utilizem a energia de uma maneira mais eficiente. Isso será bom não só para os clientes como também para a Celpe e para o próprio país.”
De acordo ainda com o gestor, a companhia se encontra à disposição para prestar esclarecimentos sobre quaisquer dúvidas em relação aos preços das contas. “Pelo menos até agora não contabilizamos nos nossos registros um crescimento real no quantitativo de reclamações, porém nos encontramos de portas abertas para explicarmos todos os fatores que vêm contribuindo para esses acréscimos. Nossa intenção é prestar esclarecimentos e auxiliar a todos os clientes. Também ressaltando que é necessário que eles evitem consumir de forma desnecessária”, finalizou Luzaides.