Os negócios de Ciro Nogueira com o governo

De Brasília

O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), perdeu o controle da bancada do partido, formada por 51 deputados federais. Na comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que aprovou o relatório por 38 votos a 27, a bancada melou o acordo do senador com o Palácio do Planalto.

Ciro ofereceu 35 votos contrários ao impedimento. Em compensação, levaria a presidência da Caixa Econômica Federal e os ministérios da Integração Nacional e da Saúde. O tratado foi firmado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hóspede ilustre de luxuoso hotel em Brasília.

Lula ofereceu ajuda financeira ao Rio de Janeiro, atualmente governador por Francisco Dornelles, do PP, enquanto Luiz Fernando Pezão está de licença tratando de um câncer. O Estado anda com a saúde financeira precária.

Entre o cardápio de negociação, o governo prometeu que atuaria para livrar o senador da Operação Lava Jato. Ciro está envolvido no esquema que afanou a Petrobras e deve ser indiciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Por fim, ele entende que o melhor seria ocupar o maior número de ministérios e cargos. Se a Dilma continuar como presidente, ele permaneceria com as boquinhas na administração pública federal. Se houver o impeachment, ele acredita que o vice-presidente Michel Temer, herdeiro da cadeira de Dilma, não irá desalojar o PP.

Tudo estava funcionando. Sua excelência só não contava com a alta adesão da bancada ao impeachment. Hoje, ele não tem nem 15 votos para entregar a Dilma.

PF faz busca e apreensão na casa de Collor e de senador do PP

Da Folha de S. Paulo

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (14) mandados de busca nas residências do senador e ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL) em Brasília e em Alagoas.

Ele é um dos parlamentares investigados na Operação Lava Jato. Os policiais também estão neste momento na TV Gazeta, em Alagoas, que pertence à família Collor.

O ex-presidente foi citado na delação premiada do doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Lava Jato. Ele também foi citado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, em seu depoimento à Justiça.

Outro alvo da operação é o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI), um dos investigados na Operação Lava Jato. A busca foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, segundo a defesa do senador.

Há mais de 50 mandados sendo cumpridos na casa de parlamentares citados por envolvidos no esquema de corrupção. Segundo a Folha apurou, as ações executadas nesta terça atingem políticos brasileiros com mandato; alguns deles atuam no Congresso Nacional.

Essa operação –considerada uma “filhote” da Lava Lato– chama-se Politeia e refere-se aos inquéritos originário da Lava Jato que correm no STF e envolvem suspeitos com foro privilegiado. Por isso não estão na Justiça Federal no Paraná, em Curitiba, onde fica o QG das investigações sobre os desvios na Petrobras.

OUTRO LADO

Advogado se Ciro, Antonio Carlos de Almeida Castro diz que a busca era desnecessária.

“O Senador se colocou à disposição, ofereceu seus sigilos, prestou depoimento. Infelizmente no Brasil de hoje os atos invasivos passam a ser a regra”, disse.