Antes do fim da votação, aliado de Dilma já reconhece derrota do governo

Da Folha

O deputado Orlando Silva (PC do B-SP), ponta de lança da articulação do Planalto contra o impeachment de Dilma Rousseff, reconheceu a derrota do governo às 20h15 deste domingo (17), quando o placar do plenário da Câmara contabilizava 210 a 59 votos pelo andamento do processo.

Segundo Silva, o Planalto foi vítima do “efeito manada”, quando parlamentares votam seguindo a maioria, e de traições por parte de deputados do PP, PR e PMDB, que haviam feito acordo com o governo.

“A essa altura da votação, nossa projeção indica que a oposição vencerá. Foi efeito manada, além de partidos que nos traíram. Foi uma derrota dupla”, afirmou o deputado do PC do B.

Ele afirmou ainda que agora confia no Senado para “reverter o resultado”, já que a Casa será responsável por julgar o mérito do impeachment de Dilma.

“Confio que o diálogo feito no Senado pode reverter esse resultado. Os senadores terão responsabilidade. Vai julgar o mérito, juridicamente”, concluiu.

Metade do Conselho de Ética vota contra Eduardo Cunha em repatriação

Da Folhapress

A proibição a detentores de cargos públicos e seus parentes de aderir ao programa que regulariza recursos mantidos por brasileiros no exterior, confirmada em votação conturbada na quarta-feira (12), contou com o apoio de metade do Conselho de Ética da Casa. O resultado representou uma derrota ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem um processo de cassação em andamento na comissão julgadora.

O peemedebista é investigado na Lava Jato, acusado de ter sido beneficiário de esquema de corrupção na Petrobras. No último dia 6, reconheceu sua ligação com contas suspeitas na Suíça, mas afirmou que a origem do dinheiro é lícita.

Entre os deputados que votaram pela mudança no texto, contra os interesses do presidente da Casa, está o relator do caso, Fausto Pinato (PRB-SP). O líder da bancada, Celso Russomanno (SP), liberou os deputados para votarem conforme achassem melhor.

Também não votou a favor de Cunha um antigo aliado, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que foi apoiado pelo peemedebista na eleição para a Presidência do Conselho de Ética, mas acabou derrotado por José Carlos Araújo (PSD-BA).

Araújo, junto com outros seis deputados que integram o Conselho, não registraram presença na votação da emenda, que teve início às 23h16 desta quarta. Presente à votação, Leo de Brito (PT-AC), foi o único do Conselho que preferiu se abster. Somente três deputados apoiaram a emenda e seguiram o texto que Cunha e o governo gostariam de manter. São eles: Zé Geraldo (PT-PA), Mauro Lopes (PMDB-MG) e Washington Reis (PMDB-RJ).

Apesar das orientações de suas bancadas, os deputados do PT e PMDB se rebelaram e não votaram a favor da manutenção do trecho que permite a políticos e detentores de cargos públicos participarem do programa de regularização de recursos no exterior. A emenda foi aprovada por 351 votos a favor e 48 contrários.

O PT, partido da presidente Dilma Rousseff, teve apenas 10 dos 57 deputados presentes fieis à orientação do líder Sibá Machado (AC). O Palácio do Planalto mantém acordos velados com Cunha para blindá-lo, como forma de evitar o impeachment de Dilma, o que, em um primeiro momento, depende do deferimento do peemedebista.

Até mesmo no PMDB, partido de Cunha, foram registradas “traições” à orientação da bancada. Dos 49 parlamentares do partido que registraram presença no plenário, só 23 votaram com o partido.

Oposição sofre 2ª derrota na eleição para a Mesa do Senado

Os senadores finalizaram, na noite desta quarta-feira (4), a eleição dos dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes de secretários da Mesa Diretora que irá comandar a Casa no biênio 2015-2016. A oposição, liderada pelo PSDB e DEM, saiu derrotada da disputa ao não conseguir emplacar nenhum parlamentar para o comando do Senado.

Os tucanos haviam indicado o senador Paulo Bauer (SC) à 1ª Secretaria e os democratas, a senadora Maria do Carmo (SE) à segunda suplência, mas retiraram as duas candidaturas avulsas em protesto contra a chapa fechada por 10 dos 15 líderes partidários. Em protesto, os parlamentares das duas siglas se retiraram do plenário. O mesmo fez o PSB, que havia indicado o senador Antonio Carlos Valadares (SE) para a 2ª secretaria.

O PT, que tem a segunda maior bancada do Senado, manteve dois representantes na Mesa, ocupando os cargos de 1º vice-presidente, com Jorge Viana (AC), e de 4ª secretária, com a senadora Angela Portela (RR). A escolha do presidente já havia ocorrido no último domingo (1º), quando Renan Calheiros (AL) foi reeleito para a função.
O líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), reforçou no plenário, durante as discussões sobre o pleito, que ele foi o primeiro signatário da apresentação da chapa que saiu vitoriosa na eleição da Mesa.

“Fiz a opção política, e o meu partido fez a opção política aqui nesta Casa, de respaldar essa composição. Todos sabem que defendo permanentemente a visão de que o cumprimento estrito da proporcionalidade é o melhor caminho, ainda que no nosso regimento, na constituição se fale em ‘sempre que possível’. E o ‘sempre que possível’ diz respeito exatamente à política”, declarou.

A reunião para definir os cargos da Mesa foi tumultuada e começou com um impasse sobre a aplicação do critério da proporcionalidade em relação à distribuição das vagas. A questão teve de ser submetida à votação no painel eletrônico depois que o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), manifestou-se contrariamente ao cálculo anunciado por Renan e pediu verificação de votação do recurso apresentado por ele.

De acordo com o presidente da Casa, a conta tem como base o número de efetivos e suplentes na Mesa, o que totaliza 11 cargos. Para a oposição, no entanto, o correto seria usar apenas o número de cargos efetivos (sete) e excluir os quatro suplentes. Assim, mais partidos teriam representatividade na Mesa.

Eleitos para a Mesa Diretora do Senado no biênio 2015-2016:
Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente
Romero Jucá (PMDB-RR), segundo vice-presidente
Vicentinho Alves (PR-TO), 1ª secretaria
Zezé Perrela (PDT-MG), 2ª secretaria
Gladson Cameli (PP-AC), 3ª secretaria
Angela Portela (PT-RR), 4ª secretaria
Sérgio Petecão (PSD-AC), primeiro suplente
Vago, segundo suplente
João Alberto (PMDB-MA), terceiro suplente
Douglas Cintra (PTB-PE), quarto suplente

Aliados de Dilma atribuem à Lava Jato sua quase derrota

Auxiliares da presidente Dilma Rousseff até hoje atribuem aos desdobramentos da Operação Lava-Jato a redução da diferença entre ela e Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições. O primeiro revés foi a divulgação de que, segundo o doleiro Alberto Youssef, Dilma e o ex-presidente Lula sabiam das fraudes na Petrobras. O segundo foi a internação de Youssef em um hospital de Curitiba dois dias antes das eleições. A internação repentina alimentou boatos de que o doleiro, delator do esquema de corrupção, teria sido envenenado por aliados do governo.

As feridas desta campanha e de eleições anteriores deixaram os auxiliares mais próximos da presidente ainda mais desconfiados sobre qualquer assunto relacionado à Polícia Federal. O temor tem ganhado contornos de paranoia. Recentemente, um assessor do Palácio do Planalto se esquivou de um encontro com um assessor da PF com receio de que, se a conversa viesse a público, poderia ser interpretada como uma tentativa de interferência do governo na PF por causa da Operação Lava-Jato.

Com tantas nuances em jogo, a presidente teria resolvido deixar as trocas no Ministério da Justiça e na PF para ocasião menos tensa no futuro.(De O Globo)