Fim do financiamento empresarial de campanha traz novos desafios

Da Agência Brasil

Com a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (17), de proibir o financiamento privado das campanhas eleitorais, os defensores da medida pretendem intensificar os próximos passos para que essa prática seja página virada no Brasil.

A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, criada em 2013 por 103 entidades representativas do país, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), além de movimentos sociais, trabalha com duas prioridades: a primeira, respaldada pela decisão do STF, é conseguir o veto da presidenta Dilma Rousseff ao ponto da minirreforma eleitoral (PL 5735/13), aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados, que permite a doação de empresas para partidos políticos nas campanhas.

“Nossos interlocutores estão cuidando para que a presidenta nos receba nos próximos dias. Ela já fez isso uma vez. Queremos pedir a ela que vete essa proposta”, disse o diretor do MCCE, Luciano Santos. Para ele, o entendimento do STF sobre a questão é mais que moralizador. “Essa medida influencia todas as decisões que o Congresso vai tomar daqui para a frente. É mais que moralizadora. Existe um trabalho para que a reforma política seja mais ampla e significativa, mesmo com as opiniões diversas no Congresso. Agora, toda a estratégia da reforma política muda, já que qualquer discussão terá que ser feita em torno dessa decisão”, acrescentou.

A outra preocupação da coalizão é colocar logo em pauta no Senado a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política, aprovada pela Câmara dos Deputados . A intenção é de que a proposta seja derrotada pelos senadores e, com isso, a discussão em torno do financiamento de campanha por empresas seja encerrada.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que na próxima terça-feira (22) vai pedir ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que estabeleça um calendário especial para essa votação. A rapidez nessa apreciação também tem o apoio do vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC). Ele informou que já conversou com Renan sobre o assunto e que, possivelmente, a matéria entre em pauta na próxima semana.

POLÊMICAS

Senadores contrários ao fim do financiamento privado de campanha, como Agripino Maia (DEM-RN) e Ana Amélia (PP-RS), criticaram a decisão do STF.

“O que se propõe é o financiamento de pessoas jurídicas a partidos políticos. Isso, na verdade, é o aperfeiçoamento do sistema. Respeito a decisão do Supremo, que com base no voto da maioria, decidiu juridicamente pela inoportunidade ou pela inconveniência desse tipo de financiamento. No entanto, a matéria com argumentos políticos foi votada e aprovada na Câmara. Quem entende dessa matéria é a classe política”, observou Maia.

“Isso é o que chamamos de judicialização da política. A Justiça brasileira está ocupando o espaço que pertenceria ao Legislativo. Como o Legislativo tem razões para agir da forma que age, então o Supremo é provocado por instituições que têm representatividade para fazê-lo. Não discuto a questão no seu mérito, nem a decisão do Poder Judiciário, falo da realidade do sistema eleitoral brasileiro”, afirmou.

Segundo Ana Amélia, a proibição pode institucionalizar o caixa 2. “A gente tem que refletir muito. Como vai ser a regulamentação? Podem ser criadas distorções. Pessoas que não têm renda vão receber dinheiro do seu sindicato e vão entregar com seu CPF para os partidos. E os outros candidatos que não dispõem desse apoio coletivo sindical? É preciso uma regulamentação muito rigorosa e uma fiscalização muito bem feita por parte do TSE”, disse a senadora.

CAIXA 2

A preocupação com o Caixa 2 é a mesma do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Fernando Neves. “Vejo essa proibição com cuidado, tenho medo de que ela reforce a prática do caixa 2. Na minha avaliação, uma solução intermediária seria melhor. De qualquer maneira, temos que experimentar . Pode ser que agora, que acabou o dinheiro de empresas em campanhas, novas soluções sejam encontradas. O meu medo é que essas soluções fiquem à margem da transparência, espero que não aconteça. Temos as instituições, a Justiça Eleitoral, o Ministério Público e os órgãos de controle cada vez mais atentos”.

Para evitar problemas como esse, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana, diz que com o fim do financiamento empresarial, o Congresso precisa se debruçar em outras medidas. “Para mim, é preciso ter mais dois movimentos: criminalizar e satanizar o caixa 2 e estabelecer o teto para as campanhas. Cabe a nós fazer esse aperfeiçoamento e dar mais transparência aos fundos partidários e às doações permitidas”.

Viana disse ainda que o pior erro do PT foi ter aceito financiamento de empresas em campanhas. “Esse foi o maior erro, o pecado capital do PT, e acho que nos demos muito mal por causa disso. Agora, temos uma oportunidade de recomeço, de ir atrás do militante para fazer doação. Precisamos colocar mecanismos de transparência de entrada e saída de dinheiro nos partido. Podemos encontrar uma maneira tranquila de fazer o combate ao caixa 2 e torná-lo apenas uma exceção, de forma que quem fizer isso seja preso e perca o mandato”.

Para o secretário-geral da Comissão Especial de Mobilização para Reforma Política da OAB, Aldo Arantes, a decisão do Supremo é apenas o primeiro passo para uma mudança. “Nós temos uma situação de crise do atual sistema político, e o fator principal é o financiamento empresarial, mas lutamos também para que o financiamento de pessoa física seja limitado. Vai ser uma luta em torno da criminalização do caixa 2 e para estabelecer limites módicos de doação. É fundamental reduzir drasticamente os custos de campanha, é fundamental retirar a questão do marketing, que é extremamente oneroso para a campanha. Enfim, é necessário fazer uma campanha em que haja paridade de armas, em que haja uma certa igualdade na disputa”, defendeu.

Dilma diz que Petrobras supera desafios

A conta do Facebook da presidente Dilma Rousseff, administrada pelo PT, divulgou neste domingo um vídeo da nova campanha publicitária da Petrobras.A peça da estatal, que está no centro das investigações da Operação Lava-Jato, tenta reforçar a ideia de que é preciso “superar desafios”. Ao compartilhar o conteúdo, o perfil da presidente registrou:

“Desde a campanha ‘O Petróleo É Nosso’ até o Pré-sal, a Petrobras vem superando os desafios, expectativas e batendo recordes”.

Com o escândalo da Petrobras e a piora na expectativa em relação à economia, a popularidade da presidente despencou e atingiu a pior marca de seu governo, segundo a pesquisa Datafolha divulgada neste sábado.

De acordo com o levantamento, para 77% dos entrevistados, Dilma tinha conhecimento da corrupção na Petrobras. Para 52% deles, ela sabia do escândalo e não agiu. Outros 25% disseram que ela nada pôde fazer, mesmo sabendo dos casos de corrupção.(De O Globo)

Artigo: Dilma e seus desafios

Por Célio Pezza 

As eleições acabaram e a presidenta Dilma conseguiu ser eleita, apesar da avalanche de denúncias de corrupção envolvendo seu partido. Na última semana, a revista VEJA publicou, inclusive, uma matéria que revelou trechos do depoimento do doleiro Youssef, onde afirmou que Lula e Dilma sabiam de todo esquema de corrupção. De nada adiantou e as bolsas falaram mais alto nas urnas.

Em toda a região Nordeste, Dilma fez 71,5% dos votos. No estado do Maranhão, onde metade da população recebe o Bolsa Família, segundo dados do próprio Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ela fez 78,7% dos votos. Vejam os três estados de maior votação:

Estado

% votação

Dilma

% votação

Aécio

População que recebe Bolsas Família

Maranhão

78,7 %

21,3 %

50 %

Piauí

78,3 %

21,7 %

48 %

Ceará

76,7 %

23,3 %

45 %

A tendência para esses estados, que dependem das bolsas, é de que continuem dependentes para sobreviver. Dificilmente vão conseguir melhorar através da Educação e distribuição real da renda, pois, infelizmente, para alguns poderosos, é interessante que as coisas continuem como estão. Um pouco de pão, um pouco de circo, crédito subsidiado para que esse povo sofrido compre alguma coisa, e assim a vida vai passando. Aliás, esse sistema de crédito é perverso, pois cria uma grande dependência e tira de quem menos tem.

Enfim, voltando ao tema, a nossa realidade agora é essa e esperamos que a presidenta Dilma honre seu último discurso sobre combate à corrupção e coloque na cadeia todos os quadrilheiros, de todos os partidos, sem excessão. Também esperamos que promova com urgência a tão falada “Reforma Política”, pois ela é um dos pilares de toda corrupção existente no sistema político. Que a imprensa continue livre e denunciando todas as falcatruas, independente de quem ou de qual partido as cometeu. Aliás, a imprensa nunca inventou nada. Ela só informou algo que aconteceu e esse é o seu papel numa democracia.

Esperamos que todos os novos senadores, governadores, deputados federais, estaduais e demais forças políticas não deixem de acreditar no Brasil e fiquem atentos dia e noite a toda movimentação contrária a uma real democracia e que cobrem, sem parar, ações para combater esse tumor maligno chamado corrupção que está instalado no corpo desse país.

Vamos acreditar no Brasil e como afirmou Aécio Neves após saber o resultado das eleições: “A maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique todos os brasileiros”.

Armando ressalta os desafios de Pernambuco na União Geral dos Trabalhadores

O pré-candidato ao Governo de Pernambuco, senador Armando Monteiro (PTB), fala nesta sexta-feira (25), a partir das 11h, sobre os desafios de Pernambuco na União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Após o evento, o senador estará disponível para conversar com a imprensa e comentar o atual cenário de adesões e cooptações políticas que têm ocorrido no Estado.

A UGT-PE fica na Rua da Concórdia, nº 381 – Bairro de São José – Recife .