Lewandowski pede informações sobre gravações de Lula

Do G1

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, enviou ofício, ao juiz Sérgio Moro pedindo informações sobre atos que permitiram e divulgaram gravações de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com diversos políticos, dirigentes partidários e sindicais nas investigações da Operação Lava Jato.

O pedido decorre de uma ação protocolada na última terça-feira (5) na qual advogados do petista pedem a anulação da validade, como prova, das gravações.

Caberá a Moro explicar ao STF os fundamentos da decisão de gravar e autorizar a divulgação das conversas. Assim que notificado, ele deverá prestar as informações em até 48 horas.

A defesa de Lula aponta “usurpação de competência” por parte de Moro, afirmando que ele retirou o sigilo das gravações de forma indevida, já que havia autoridades com o chamado foro privilegiado nas conversas, como o ex-ministro Jaques Wagner (na época na Casa Civil), por exemplo, que só podem ser investigadas pelo STF.

Mesmo assim, diz a defesa, Moro também incluiu o material em investigações na própria Justiça Federal. Em nota divulgada na última terça, a assessoria da 13ª Vara Federal de Curitiba, afirmou que Moro “irá se manifestar nos autos”, isto é, nos próprios processos envolvendo o ex-presidente.

No mês passado, o ministro Teori Zavascki, do STF, anulou a validade de uma gravação entre Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff realizada após o fim da autorização para interceptação telefônica. O novo pedido de Lula, porém, pede a anulação das outras gravações, enviadas na mesma ocasião para análise de Moro.

Ponto Final: defesa de vereadores contra-ataca e divulga gravações; ouça

Quase um ano depois de serem presos e afastados dos seus cargos, os dez vereadores de Caruaru envolvidos na Operação Ponto Final resolveram contra-atacar. Nesta semana, eles adotaram o mesmo método em que foram acusados para se defender: utilizaram parte das provas colhidas pela Secretaria de Defesa Social, através da Delegacia Regional, e apresentaram à imprensa trechos de gravações liberadas pela Justiça com o intuito de apontar uma possível armação entre secretários e a cúpula da prefeitura.

“Não tenho dúvidas: essa operação foi criada para prejudicar a oposição, para acabar com a oposição em Caruaru”, disparou o vereador Val de Cachoeira Seca (DEM), que atualmente está afastado da Câmara Municipal devido à Operação Ponto Final 2. “Esse material só foi apresentado agora porque contratamos peritos para analisar e estávamos aguardando a liberação da Justiça. Aqui está a prova da armação”, completou o democrata.

A tática dos acusados foi a seguinte: eles entregaram trechos de gravações à TV Asa Branca na semana passada para que fossem divulgados. O material, porém, só foi ao ar na última segunda-feira (27) por causa do período eleitoral.

O blog também teve acesso ao conteúdo e detalha abaixo o passo a passo do que foi apresentado pelos parlamentares – muitas partes são inéditas. Ao todo, são 11 gravações com conversas entre o ex-secretário de Relações Institucionais, Marco Casé (PTB), e algumas pessoas envolvidas no processo, entre elas o prefeito José Queiroz (PDT), o deputado Wolney Queiroz (PDT) e assessores próximos. Também é possível ouvir indivíduos não identificados ligando para saber algo mais ou para parabenizar o petebista.

Na primeira gravação, o diálogo é entre Marco Casé e um assessor de gabinete do prefeito. Os dois teriam conversado sobre uma operação que estaria para ser deflagrada no dia seguinte. “Essa gravação é do dia 17 de dezembro, às 13h30 ”, ressaltou Val (DEM), líder da oposição.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 1

Na segunda gravação, a conversa é entre Marco Casé e o prefeito José Queiroz. O primeiro informa sobre a aprovação do projeto do BRT na Câmara, lembrando que até a base votou a favor. Posteriormente, uma reunião é cancelada.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 2

A terceira gravação envolve Marco Casé e Marcos Augusto (assessor de gabinete). Eles falam sobre a votação e lamentam que o projeto do BRT tenha sido aprovado por todos da base.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 3

Na quarta gravação, Marco Casé e Augusto conversam por telefone minutos após a Operação Ponto Final ser deflagrada, por volta das 6h. O assessor é quem liga para o então secretário, que parecia estar dormindo.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 4

A quinta gravação traz Marco Casé e Elialdo, um assessor da Secretaria de Relações Institucionais. O material, segundo a defesa, é do dia 18 de dezembro do ano passado. A conversa ocorre minutos após as prisões dos dez vereadores.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 5

Na sexta gravação, Marco Casé fala com a esposa. Ele informa que os vereadores vão para o presídio e revela que está recebendo informações da polícia. Casé também diz que o fato está em segredo. O trecho é curto.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 6

Na sétima gravação, a conversa é entre Marco Casé e Wolney Queiroz, que estaria em Brasília. Casé fala de sua preocupação com a família e se queixa de uma “depressão brava”. O deputado, por sua vez, diz que espera que seja o menos doloroso possível para todos. “Não fizemos isso do ponto de vista pessoal”, afirma.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 7

Na oitava gravação, Marco Casé conversa com um empresário local sobre os fatos. Ele diz que a oposição foi destruída e que está acobertado pela Justiça.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 8

Na nona gravação, o ex-secretário conversa com um amigo não identificado. Marco Casé fala da complicação e recebe conselho para deixar o cargo. “Já aconteceu, sou parte envolvida”, diz o petebista.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 9

Na penúltima gravação, Casé fala com um advogado e ex-secretário de José Queiroz. Recebe elogios pela coragem e ainda um convite para “tomar uísque” quando a poeira baixar. “O resultado positivo disso vai escrever seu nome e o nome do prefeito com muito mais força do que esse pessoal preso”, diz o ex-secretário. Casé, no entanto, mostra-se preocupado com a família.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 10

A última gravação traz dois diálogos, em momentos distintos, entre José Queiroz e Marco Casé. Eles comentam sobre a saída dos vereadores da prisão e traçam estratégias para dar explicações à imprensa.

CLIQUE E OUÇA A GRAVAÇÃO Nº 11

OPERAÇÃO

A Operação Ponto Final foi deflagrada em 18 de dezembro do ano passado, quando dez vereadores de Caruaru foram presos sob a acusação de cobrar propina para aprovar o projeto do BRT (Bus Rapid Transit).

Dos dez detidos, seis integravam a bancada de oposição: Val (DEM), Neto (PMN), Jajá (ex-PPS), Evandro Silva (PMDB), Louro do Juá e Eduardo Cantarelli (ambos do SD). Já os demais eram da base governista: Cecílio (PTB), Val das Rendeiras (Pros), Sivaldo Oliveira (PP) e Pastor Jadiel (Pros).

Gravações teriam derrubado Jorge Quintino da prefeitura; ouça

A exoneração do diretor de Feiras e Mercados, Jorge Quintino, divulgada nesta quinta-feira (9), pode ter sido causada pelas supostas declarações que ele deu e estão circulando na cidade, através de uma gravação bombástica. Em um trecho de pouco mais de três minutos, o ex-gestor cita a empresa Cunha Lanfermann como responsável por um esquema de falcatruas dentro da Prefeitura de Caruaru. Segundo ele, em muitos casos, operações são realizadas para burlar o processo licitatório e levar vantagens para os diretores.

Jorge Quintino foi diretor de Meio Ambiente na gestão passada de José Queiroz (PDT) e saiu por declarações polêmicas. Depois, retornou ao governo e ficou sem espaço de destaque até ser indicado para o Departamento de Feiras e Mercados. Nas gravações que o blog teve acesso, Quintino ainda acusa o secretário Paulo Cassundé (Serviços Públicos) de fazer esquema na reforma do Matadouro.

CLIQUE AQUI E OUÇA A GRAVAÇÃO

“Todos os grandes empreendimentos da prefeitura estão sendo feitos por essa empresa: Cunha Lanfermann. Essa empresa tinha um gerente chamado Paulo Cassundé. Trabalhou nela há um ano. Ele era um dos gerentes”, afirma o ex-diretor. “A Cunha Lanfermann está participando da transição do aterro sanitário e do Matadouro”, completou Jorge.

Ele afirmou ainda que a interdição do Matadouro foi proposital, para a reforma ser realizada sem licitação, já que entraria no regime de urgência. “O problema do Matadouro… Doutor Francisco ligou para mim e disse: ‘Jorge, sou seu amigo, mas estou com um problema sério e vou ter que interditar’. Eu liguei para o secretário (Paulo Cassundé) e disse: ‘Secretário, a gente vai ter um problema sério com o Matadouro’. Ele disse: ‘Não, Jorge, deixa para lá’. Com a questão do Matadouro e tudo, o que aconteceu? Não precisou de licitação para a obra que era urgente”. O ex-diretor ainda faz ataques a empresas e pessoas.

A secretária de Comunicação, Carolina Miranda, informou ao blog que o prefeito José Queiroz teve acesso às gravações nesta sexta-feira (10) e negou qualquer irregularidade denunciada por Quintino. Segundo ela, o chefe do Executivo faria uma reunião com o seu secretariado para tratar do assunto.

Cancelada coletiva de imprensa sobre Operação Ponto Final

A coletiva de imprensa que apresentaria o resultado da perícia das 700 horas de gravações realizadas durante a Operação Ponto Final foi cancelada. A entrevista iria acontecer na manhã desta sexta-feira (16), no Hotel Eduardo de Castro.

O advogado Emerson Leônidas, que faz a defesa dos dez vereadores acusados de corrupção, vinha se preparando para a coletiva, mas decidiu desmarcar o encontro com a imprensa.

Um dos motivos alegados tem a ver com a questão da segurança, por causa da greve da Polícia Militar, encerrada na noite de hoje.