Pedro Augusto
Na primeira Feira da Sulanca após o anúncio dos preços dos novos miniboxes, o semblante dos sulanqueiros que comercializam no Parque 18 de Maio, no centro de Caruaru, era de poucos amigos. Além do baixo fluxo de consumidores que imperava no local, outro problema nada agradável tomava conta dos pensamentos dos feirantes em plena manhã da última segunda-feira (16). Dos 20 sulanqueiros que foram entrevistados na data pelo blog, pelo menos a metade repetiu a mesma expressão: “não tenho condições de pagar R$ 27 mil”. A quantia, excessivamente citada por eles, refere-se ao valor que deverá ser praticado no novo espaço da Sulanca, às margens da BR-104, em Caruaru, em relação à unidade do banco.
De acordo com o que ficou definido na sessão do Conselho Consultivo e Deliberativo da Sulanca, realizada na semana passada, na Acic, caso não disponham do montante para o pagamento à vista, os sulanqueiros poderão adotar o sistema de parcelamento. Alternativas essas que não têm agradado aos feirantes Cláudio Pontes e Rosilene Maria. “Nem tenho R$ 27 mil para comprar o banco à vista, nem tampouco poderei pagar R$ 35 mil parcelado. O que estão querendo cobrar do sulanqueiro está fora da realidade”, comentou Cláudio. “Parece que esse conselho desconhece que a maioria dos feirantes é pobre. Agora, se ele prefere atender apenas a minoria, ou seja, aos sulanqueiros ricos, fique à vontade. Quero ver se a feira irá sobreviver”, acrescentou Rosilene.
Outro feirante que se mostrou preocupado com os preços divulgados foi Sebastião Ferreira. Ele fez um comparativo entre o Moda Center, em Santa Cruz do Capibaribe, e a nova Feira da Sulanca. “Eles (representantes do conselho) disseram que logo de início um box no Moda Center chegou a custar R$ 100 mil, mas isso é mentira. Comprei dois bancos por lá a R$ 1.300 e R$ 1.800. Se eles forem depender das vendas antecipadas para iniciarem as obras ‘quebrarão a cara’. Os sulanqueiros de Caruaru não irão se comprometer em fazer um parcelamento alto se não se sentirem seguros. Uma verdadeira palhaçada!”, criticou.
Feirante há 25 anos, Aparecida Silva também não poupou críticas aos valores dos novos bancos. “Atualmente mal está dando para sobreviver no Parque 18 de Maio, quanto mais desembolsar uma dessas quantias. Isso é um absurdo. Espero que esse conselho reveja o que foi divulgado, do contrário decretarão a falência da feira. Sim, porque sem o trabalho do feirante, a tão ‘poderosa’ Sulanca simplesmente deixará de existir”, questionou.
Por telefone, a presidente do Conselho Deliberativo e Consultivo da Feira da Sulanca, Fátima Amaral, comentou a respeito das críticas dos sulanqueiros. Segundo ela, está faltando interesse por parte da categoria. “Temos nos reunido já há certo tempo na Acic para discutirmos os assuntos relacionados à nova Feira da Sulanca, porém pouquíssimos feirantes vêm comparecendo aos nossos encontros. Ora, as reuniões são abertas ao público, entretanto eles não têm demonstrado interesse. É preciso esclarecer que o Parque 18 de Maio não possui já há vários anos infraestrutura necessária para atender com qualidade tanto aos sulanqueiros como aos consumidores. Essa mudança para o terreno da BR-104 permitirá que a feira continue viva na cidade, porque, se permanecer do jeito que ela está, simplesmente irá acabar. Quanto aos valores divulgados, caberão aos feirantes optarem pela compra dos miniboxes ou não”, pontuou.
Até o fechamento desta matéria, o local onde o conselho pretende instalar a nova Feira da Sulanca encontrava-se embargado por decisão do Ministér