Estados Unidos x Cuba

Maurício Assuero, economista e professor

O recente encontro da Cúpula da América, no Panamá, favoreceu o encontro inédito entre os presidentes dos Estados Unidos e o presidente de Cuba, Raul Castro. Este chegou ao poder por “osmose”, como se diz, visto que com a doença de Fidel, Raul era a pessoa da maior confiança do líder cubano.  O grande momento desse encontro histórico, com direito a apelo de Castro para que Obama tivesse o apoio necessário para acabar com o bloqueio, é o impacto que isso pode trazer para a economia cubana.

Na época da Guerra Fria, Cuba sobreviveu muito bem com apoio da União Soviética que comprava seu açúcar com um preço três vezes maior do que o preço do mercado, em troca do apoio incondicional na implantação do regime comunista e de manter, em solo cubano, misseis apontados para os Estados Unidos. Agora, a suspensão do bloqueio vai favorecer uma economia de mercado, de direito, porque, de fato, Cuba já deu seus primeiros passos na direção do capitalismo, por mais selvagem que este seja.

Desde a queda do muro de Berlin, com a significativa reunião da Alemanha, a ruptura da União Soviética que culminou com a reestruturação política do leste europeu, que os regimes totalitários estão sendo esvaziados. Alguns pequenos países ainda insistem nesse modelo de governo, quando se vê que no resto do mundo ele não tem mais espaço. Basta olhar a China para se perceber o quanto o mundo mudou, embora algumas cabeças ainda prefiram pisar nas cabeças da população para manter-se no poder. Daí, ficamos assustados com aquilo que está acontecendo na Venezuela. Culpa o imperialismo americano pela natural incompetência do seu líder máximo.

Nenhum povo merece viver com recursos de subsistência limitados. A competição mercadológica define quem sobrevive, mas aqueles que não dispõem de conhecimentos, recursos, etc. precisam de assistência via políticas públicas. Cuba tem errado muito em continuar fechada politicamente, longe das hostes democráticas. Mas, aos poucos algumas mudanças estão sendo implementadas (por exemplo, agora as pessoas podem ser proprietárias de imóveis e transacionar neste mercado) e tais mudanças serão mais fortalecidas se as promessas de Raul Castro (eleições a cada cinco anos; não se candidatar depois que terminar o mandato, etc.) forem efetivadas.

A aproximação entre os dois países beneficiará Cuba, de forma imediata, mas a abertura comercial pode trazer benefícios também para os americanos tanto quanto para os demais países que não negociam com Cuba por conta do bloqueio. Vamos esperar e torcer para que isso seja um caminho sem volta, ou seja, que os homens se desarmem dos seus ódios e dos seus interesses mesquinhos visando o benefício da sociedade. Cuba tem uma economia voltada para mineração, pecuária, mas tem uma base industrial calcada em bebidas, tabaco (o famoso charuto cubano), além de conhecimentos na área química.  Sem dúvida uma área que interessa muito porque abrange, por exemplo,  a indústria de remédios.

 

 

 

 

Um resumo da Páscoa

Maurício Assuero, economista e professor

Ao longo do ano alguns eventos possuem a característica de alavancar as vendas no comércio. Falamos, por exemplo, de datas como carnaval, Semana Santa, São João, Natal e Ano Novo. Permeados por estas grandes concentrações, vem o Dia das Mães, o Dia dos Namorados, o Dia dos Pais e o Dia das Crianças. Historicamente há uma elevação de vendas de produtos associados aos eventos, no entanto, em 2015 temos uma realidade diferente daquela de anos anteriores. O carnaval, por exemplo, que se apoia quase sempre na indústria de bebidas, foi o primeiro alerta de que alguma coisa não iria “cair” bem. De fato, como se sabe a venda de bebidas ficou alguns pontos percentuais a baixo do que era esperado.

Na Semana Santa há um tradicional fluxo de turistas para o Agreste pernambucano por conta do Teatro de Nova Jerusalém. Já há alguns anos que a produção convida atores da Rede Globo para os papéis principais e isso, além da História do Cristo, tem atraído turistas, tem mantido o fluxo em patamares anteriores. Mas se formos olhar o que está acontecendo com os produtos da Páscoa, a gente vai perceber que estes estão formando estoques. Os ovos de Páscoa, por exemplo, estão encalhando a cada ano (este ano, por exemplo, lojas tradicionais venderam 20% a menos do que no ano passado).

Há duas conotações aqui: a primeira é que os ovos de Páscoa estão sendo vistos como um produto caro e, facilmente, substituível. Comprar um ovo significa levar X gramas de chocolates, e só isso, enquanto uma caixa de chocolate é uma alternativa bem mais barata. Um caixa de chocolate custa, em média, R$ 8,00, enquanto um ovo de Páscoa sai, no mínimo, por R$ 20,00. A segunda questão, está associada a crise econômica que afeta emprego, renda e mercado cambial. Com o dólar alto, manter determinadas tradições é uma prerrogativa de algumas poucas pessoas (famílias). Adicionalmente, o quilo do bacalhau aumentou, aproximadamente, 35% em relação ao ano passado.

Assim, vem agora o reverso da medalha: promoções! No caso dos ovos você vai encontrar oferta com 50% do valor e ainda dividido em dez parcelas no cartão de crédito. Não se surpreenda se encontrar isso, mas pense o seguinte: se na semana passada um ovo de Páscoa estava sendo vendido a R$ 40,00 e agora você pode comprar por R$ 20,00, você acredita que há perda para o vendedor? É mais do que normal acreditar que os lojistas dispõem de um “termômetro natural” para sentir a temperatura das vendas e deve-se esperar que eles compraram por preços e condições que lhes permitiam uma defesa prévia dessa queda de vendas.

O fato é que 2015 tem se mostrado mais cruel do que foi pintado e, lamentavelmente, não vimos, ainda uma maneira de voltar a crescer. Devemos nos preparar o Dia das Mães, mas até lá (e olhe que falta pouco) a economia vai se deteriorar um pouco mais. O problema é que nós temos uma alavanca, mas o governo retirou nosso ponto de apoio.

Opinião: O foro privilegiado dos verdadeiros ladrões

Por Tiê Felix

Diz o ditado, toda a água corre para o mar.

Os privilégios e os privilegiados no Brasil nunca se escondem e estão descarados para quem quiser ver. No Direito, eles se manifestam através da ideia de “foro privilegiado” e das corregedorias lenientes que somente estão ai para serem demasiadamente compreensivas com os ladrões de todas as espécies.

As manifestações agressivas que se veem na internet hoje em dia, não são mais do que o ódio manifesto a um país improdutivo. Trabalha-se demais, paga-se impostos caríssimos e suporta-se um desrespeito dos mais ridículos com aqueles que pagam caro por viver nas terras brasileiras. As manifestações agressivas são diretamente proporcionais ao quanto que é roubado do tesouro do povo, e ainda é pouco.

A pergunta é, porque alguém publico, representante do povo, se roubar sofre menos efeitos da lei que um civil qualquer quando ele tem mais responsabilidades que qualquer civil? Não seria isso um contrassenso moral numa democracia, ou seja, num governo do povo? Tudo isso demonstra claramente que se respeita demais os poderes ilegítimos constituídos – ilegítimos, pois não democráticos, já que são imorais – quando a lei deveria estar um pouquinho acima da moralidade publica.

A verdadeira exploração e espoliação no Brasil é feita pelo próprio governo que nem sequer procura ocultar tal pratica, sobretudo aos mais pobres, sua defesa classista e seu caráter direcionado em defesa daqueles que dominam é patente. Lula só venceu porque se submeteu às Aristocracias que existem dentro da nossa democracia.

Como dizia Sérgio Buarque a democracia no Brasil é um acaso inadequado, já que aqui somente predominam relações personalistas e antidemocráticas, ou seja, de privilégios aos mais íntimos.
A politica brasileira se tornou cínica, principalmente agora que se manifestam os sectarismos vazios num país em que a fome ainda é um mal presente, que a educação é defasada, para não dizer que toda a estrutura politica é falida. Ao invés de discutirmos a realidade ,discutimos mero posicionamento politico.

Este cinismo público se manifesta no incontestável Lula e a sua posição mítica onde está além do bem e do mal. Se Lula roubou com a sua trupe, pelo menos ajudou; é o velho ditado que a esquerda repete hoje tacitamente: “rouba, mas faz!”

Como os que promovem a lei são os mesmos que governam, é justo que o PT defenda que somente em seu governo tantas denuncias de assaltos foram divulgadas. Se daquilo que foi explicitado somente o foi pela politica anticorrupção do partido, imaginem vocês o que e quanto realmente foi roubado e talvez nem sequer apareça nas listas do procurador-geral por manipulação?

E se há quem acredite nas denuncias, pensando que todas eles são claras e verdadeiras,não se esqueça de que  os  que roubam,denunciam e governam são os mesmos.Dá pra acreditar em algum deles?

A dúvida no meio de tanta bagunça é tão grande que nem sabemos o que é e o que não é verdade.

São apenas 4 anos de desconfiança daqui pra frente, quando sabemos que todos os que falam em nome do governo são mentirosos,desde as eleições quando o Brasil ia de vento em popa. Bastou a virada e o barco virou.

 Tiê Felix é professor 

Inflação da Páscoa

Por Maurício Assuero, economista

Em meio a instabilidade econômica do país, a gente tem observado alguns movimentos de preços que merecem um esclarecimento. Comecemos pela inflação para população da classe C. As pessoas com uma renda da ordem de um salário mínimo ou um salário mínimo e meio, não disponibilizam recursos para poupança. A renda é alocada, na sua totalidade, em consumo e ainda é insuficiente. Ao contrário de outras pessoas de classe mais alta que usam parte de sua renda para fazer aplicações financeiras ou algum tipo de investimento. Por esta razão, as pessoas menos favorecidas são pressionadas mais intensamente pelo nível de preços.

De modo igual a gente pode pensar em alguns eventos que poderiam alterar o nível de preços para cima. Jogos da seleção brasileira inflam os preços dos ingressos. O São João em Caruaru modifica o preço da hospedagem, das variáveis associadas ao turismo, por exemplo, tudo em função do aumento de demanda. Podemos estender nossa análise para a Páscoa, já que estamos na semana.

Não apenas a demanda por produtos relacionados, mas a conjuntura econômica agora favorece um aperto maior na programação de Páscoa de muita gente. Quem tem por hábito a disponibilidade de produtos importados (vinhos, por exemplo) vai ter que arcar com a alta do dólar. Espera-se, então, uma adequação de costumes a esta imposição, ou seja, as pessoas poderão substituir produtos importados por produtos nacionais e isto terá um impacto positivo no desempenho das empresas do setor. Segundo a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, os ovos de Páscoa tiveram um aumento de quase 11% em relação ao ano passado, por isso, o aumento de preço tenderá a compensar a quantidade consumida, gerando alguma possibilidade de manutenção da receita no mesmo nível do ano passado, no entanto, os custos são outros.

No caso do Agreste pernambucano, o afluxo de pessoas gerado pelo turismo, pelo teatro de Fazenda Nova, tem um fundamento muito grande para aliviar as tensões econômicas da região, mas o tempo é curto para efeitos mais preponderantes. Assim, Caruaru, por exemplo, deve agir da mesma forma que um agricultor que cultiva a terra, planta, rega, etc. para poder colher, isto é, Caruaru precisa atuar na divulgação de seus projetos, visando o período do São João. A Semana Santa é tem uma duração menor e localizada noutra cidade, embora a rota que leve ao teatro passe por Caruaru. No caso do São João, a coisa é mais específica, mas centrada e localizada na cidade, por isso é hora de botar o bloco (a safona) na rua.

Diante da situação pública de limitação de gastos, Caruaru precisa de um planejamento detalhado para o São João e mostrar ao visitante do teatro que ele pode usufruir de uma grandiosa festa. Tudo, no entanto, é mais complicado porque há redução de gastos públicos e privados; há uma recessão em vigência; há uma expectativa de inflação além do previsto. Sair desse cenário, só com muita criatividade. Nos produtos da Páscoa a inovação houve inovação em alguns produtos, mas ainda assim, estamos falando de produtos elásticos (não prioritários) facilmente substituídos.

Opinião: Mães que matam ou abandonam os próprios filhos

Por Bernardo Campos Carvalho

Cresce no País o número de crianças abandonadas ou mortas logo após o nascimento. Ultimamente, os noticiários têm relatado inúmeros casos do gênero, o que choca a sociedade. Abandono ou assassinato de recém-nascidos pelas genitoras é uma espécie de crime especial, contendo instituto próprio (artigo 123 do Código Penal) e denominado infanticídio, já que somente pode ser praticado pela mãe, em estado agudo de depressão, durante o parto ou no pós-parto, face ao denominado estado puerperal, período compreendido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior a gravidez.

A mãe, em geral, no estado puerperal, apresenta um quadro crônico de depressão, não aceitando a criança, não desejando amamentá-la e, normalmente, também fica sem se alimentar, entrando em crise psicótica, podendo chegar a matar o próprio filho. O infanticídio tem tratamento diferente do homicídio comum, pois é diferenciado, principalmente, pela pena, já que no crime comum (artigo 121 do Código Penal) é de reclusão, de seis a 20 anos, ao passo que crime de Infanticídio (artigo 123 da Lei Penal) a pena é mais branda, com detenção de dois a seis anos.

Não existe um prazo matemático para a ocorrência ou para ficar patente o diagnóstico psicodinâmico de transtorno de estresse agudo no estado puerperal, tendo o Código Penal de 1940 transferido sabiamente à perícia médica legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito, já que existem muitas correntes a respeito, umas delimitando o prazo de um dia e, em outras, estendendo em meses.

As variações psíquicas, decorrentes do estado puerperal, são tão intensas que os crimes cometidos sob esse estado são frios e cruéis, como, por exemplo, o ocorrido na Comarca de Guaratinguetá (SP), testemunhado por uma médica que relatou ter sido chamada para atender um caso hemorragia. De acordo com a médica, a mulher estava vestida com uma calça de lycra e não teria como saber se a roupa tinha elasticidade que possibilitasse a criança nascer e ficar sob o corpo dela. A médica pediu que a mulher tirasse a roupa para examiná-la e a criança caiu. A profissional comentou com a mulher que ela tinha dado à luz a uma criança e estava sentada sobre ela e a mulher respondeu que “a criança não era nem para ser nascida”.

Com esse caso para ilustrar, é preciso esclarecer que tanto o infanticídio, o homicídio, quanto o aborto, por força de lei são julgados pelo Tribunal do Júri, ou seja, são julgados pelo povo. É a forma mais democrática e limpa de fazer Justiça. Por isso, esta instituição é tão importante e ressalte-se, o jurado brasileiro, por ser leigo, é muito humano, mas em momento algum é omisso ou irresponsável. A verdadeira democracia, necessariamente, passa pelo Tribunal do Júri.

Bernardo Campos Carvalho é advogado criminalista. Especialista em tribunal do júri, participando dos casos “Champinha” e “Celso Daniel”, dentre outros de repercussão nacional.

E Agora Estudante?

Por Maurício Assuero, economista

A formação acadêmica no Brasil sempre foi palco de duras lutas. Começa pela quantidade de pessoas com curso superior. Basta olhar os dados do IBGE para se assustar com tamanho absurdo. Por exemplo: pouco mais de 10% da população tem curso superior e se formos buscar os detentores de titulação de mestres e doutores, este percentual cai para 3%. Agora, o dado mais preocupante é que, aproximadamente, metade da população com 25 anos ou mais não tem o ensino fundamental.

Não vamos entrar no mérito da questão. Razões para isso serão ofertadas livremente sendo, provavelmente, a mais comum a questão da necessidade de trabalho, isto é, o aluno deixa a escola por que precisa trabalhar para contribuir com a renda familiar. Sabemos que isso existe, mas isto não ser o instrumento da conformação (na verdade é o instrumento da indignação). Na outra ponta da via tem a falta de política pública. Falemos do caso do FIES, o programa de financiamento estudantil do governo. Na verdade o crédito educativo desprovido de critérios e que agora atingiu de uma forma cruel a economia do país.

Para quem não se lembra, no crédito educativo o estudante deveria apresentar um garantidor (fiador ou avalista) e devolver o empréstimo no tempo previsto gasto para formação. As obrigações começavam a ser exigidas exatamente um ano após a formatura. Obviamente que isso não atendia a população porque quem tinha garantidor eram as pessoas abastadas que não logravam êxito no vestibular das universidades públicas ou não tinham, mesmo, tempo para estudar numa universidade pública. Pode-se dizer que a população que precisava ser inserida socialmente estava fora desse meio. Mas, os programas do governo são adaptados (veja o caso do Bolsa Família que é o novo nome dos programas mantidos pelo governo FHC) e na tentativa de melhorar a formação dos nossos jovens, veio o FIES que dentre outras facilidades dispensou o garantidos (a intenção é justa), mas não levou em consideração alguns critérios mínimos de qualidade. Um aluno que tirou zero na redação do ENEM pode ser beneficiário do FIES, por exemplo. Isso, simplesmente, foi a “galinha dos ovos de ouro” para as faculdades privadas e o crescimento do programa está levando o governo a um estado de insolvência sem precedentes (como uma pirâmide financeira) a ponto de agora, ser importante botar um freio no programa para diminuir a quantidade de atendimentos, simplesmente porque não há dinheiro para bancar isso.

Vários estudos comprovam a educação como uma ferramenta importante no crescimento econômico. Há bons trabalhos que atestam como o capital humano pode influenciar positivamente o crescimento da economia e, exatamente, quando a bandeira do governo passa a ser educação, percebe-se que teremos entrave para manter um programa fundamental para a inserção social. Isso faz parte da política implantada sem avaliação das consequências. Enquanto vivenciarmos coisas semelhantes, atuaremos sempre como bombeiros, apagando fogo.

A importância do registro no Conselho Regional de Administração de Pernambuco

O Conselho Regional de Administração de Pernambuco (CRA-PE) é o órgão consultivo, orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício da profissão de Administrador no nosso estado. É uma entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, integrante da administração indireta de autonomia técnica, administrativa e financeira. Sua renda provém exclusivamente das contribuições das anuidades dos administradores e das pessoas jurídicas que exercem as atividades privativas do administrador.

A profissão de administrador foi regulamentada no Brasil por intermédio da lei nº 4.769, em 9 de setembro de 1965, que estabelece a obrigatoriedade do registro no Conselho Regional de Administração, para que os bacharéis em administração, tecnólogos e empresas privadas atuem na profissão legalmente. A existência do CRA está intrinsecamente ligada à proteção da sociedade contra os leigos inabilitados, como também dos habilitados sem ética, o que é feito pela fiscalização técnica, em conformidade com os regulamentos determinados por lei.

O CRA é responsável pelo julgamento das infrações cometidas pelos seus profissionais nas áreas civil, contratual, administrativa, ética, penal e criminal, onde ao ocorrer a violação dessas responsabilidades, o profissional terá o seu registro cassado e a desvalorização do seu nome no conselho.

Ao exercer a sua atividade principal, qual seja a fiscalização ética e técnica, o conselho, por via oblíqua, estará agindo em prol de sua categoria, porque abrirá espaço no mercado de trabalho para os seus profissionais devidamente registrados.

Diferentemente de qualquer outro sistema brasileiro, quem define as regras da nossa profissão são os próprios administradores, não havendo qualquer interferência governamental nesse aspecto. Afinal, ninguém melhor do que os próprios administradores para saber de sua profissão. A lei prevê regras democráticas para a escolha desses profissionais, já que os conselheiros são eleitos pela própria classe, possuindo o poder de voto apenas os administradores registrados e em situação regular.

Podem e devem registrar-se no CRA as pessoas físicas e jurídicas que atuam nas mais diversas áreas dentro da Administração.

No caso da Pessoa Física, é por meio do registro no CRA que o tecnólogo formado em áreas administrativas ou o bacharel em Administração, título concedido pela faculdade após a colação de grau, habilita-se legalmente a exercer a profissão de administrador. Além de ser uma obrigação legal, o registro no conselho é um ato de consciência profissional, pois, além de atuar regularmente, o administrador contribui para a valorização e o fortalecimento da sua profissão. A falta do competente registro torna ilegal o exercício da profissão e punível o infrator.

Os estudantes do curso de Administração regularmente matriculados a partir do 6º semestre (período) também podem ser inscritos no CRA, através do Registro Acadêmico Facultativo (estagiário), que dá direito a Carteira de Identidade Profissional específica para este fim.

Já no caso da Pessoa Jurídica, o registro cadastral habilita as empresas, entidades e escritórios técnicos à exploração legal das atividades profissionais privativas do administrador, sob a responsabilidade técnica de um profissional registrado no CRA. A falta do registro torna ilegal e punível o exercício das atividades profissionais da empresa, conforme estabelece a legislação vigente.

As vantagens de ser registrado no CRA-PE são: valorização da profissão mediante o mercado de trabalho; agregação de valor ao curriculum; obtenção de descontos em convênios, palestras e eventos; participação no banco de oportunidades; recebimento de informações atuais sobre a categoria, além do respaldo dado pelo conselho nas relações trabalhistas.

De forma clara e objetiva, participando do CRA, você irá contribuir para o fortalecimento, a valorização e o desenvolvimento da classe dos administradores em Pernambuco.

O registro no CRA em Caruaru ocorre de maneira rápida e fácil, e você ainda fica isento da primeira anuidade. Informações pelos telefones: (81) 9982.7261 / 8522.2223 / 9414.4055 ou pelo E-mail: mychelbarreto@hotmail.com

*Adm. Mychel Paes Barreto é conselheiro e representante do Conselho Regional de Administração de Pernambuco em Caruaru.

 

Opinião: Desonestidade coletiva

Por Tiê Felix

As crises manifestam o verdadeiro funcionamento de uma sociedade. Victor Hugo, o gênio romântico francês, dizia que existe uma cumplicidade vergonhosa entre o governo que faz o mal e o povo que consente, ou seja, um governo corrupto que se mantém tem uma intima relação cultural com o seu povo. O olhar cientifico não quer ver que somos realmente um povo embusteiro. Em quase tudo o que se faz no Brasil está incluído um dedinho de má vontade, ou de vontade de transformar o certo em duvidoso. Isso não é algo exclusivo das classes mais pobres que vivem do imprevisível e no imprevisto com um salário de 780,00 R$ numa inflação que o consome quase todo.

Estes fazem as coisas de forma atada, ou seja, trabalha com o que tem porque é o que tem. O pior são os magnatas, os doutores, os sabichões que só sabem se aproveitam de um analfabetismo crônico que não condiz com democracia.Estes recebem salarios da ordem de 10,000 para cima e são aqueles que escrevem sobre a realidade nacional e explicam o que é o Brasil.O que será que eles tem a dizer?

Como é possível em plena crise de representação os representantes do povo votarem para que seus partidos recebam mais dinheiro? Talvez estejam já prevendo eles a inclusão de limites em investimentos partidários na reforma politica? Não se sabe o que se passa numa mente ignorante cheia de excrementos.

Definitivamente a politica nacional é uma piada de mal gosto, o que todo mundo sabe. Num país como o nosso critica politica é falar do funcionamento natural da sociedade. Os maiores críticos sociais são as pessoas no meio da rua falando aquilo que nenhuma teoria dá conta porque teorias são fundamentos de mentes ociosas e ricas. Somente aqueles que estão satisfeitos com o status quo é que acham lindo debater quem é direita ou esquerda, quem é golpista ou não.

Quero vos lembrar que golpe também é o nome dado a assaltos e coisas do gênero. Portanto estamos dentro de um golpe: o da espoliação de tudo aquilo que é composto por uma carga tributária de 45% em alimentos, por exemplo.

E ai brasileiro?

Tiê Felix é professor

Protestos

Por Maurício Assuero, economista e professor

Neste domingo (15), ensaia-se uma mobilização popular contra o governo da presidente Dilma. Seu pronunciamento, no último domingo, 08.03, foi marcado por protestos em várias cidades (luzes apagadas e panelaço) e, embora, a presidente tenha tentado passar uma imagem de que tem tudo sob controle, a realidade mostra exatamente o contrário. A inflação não é uma “brincadeirinha” visto que a cada pesquisa de preços vemos as estimativas se modificarem, sempre para cima. A taxa de juros está fixada em 12,75% ao ano e isso serve de redutor para o investimento e para o consumo, fatos que afetam diretamente o PIB. Não bastasse tudo isso, o ministro Joaquim Levy chamou de “brincadeira” a desoneração da folha proposta pelo governo que previa redução na alíquota previdenciária. Enfim: todas as variáveis que justificam o protesto nacional estão postas.

O comportamento do dólar – que chegou a valer R$ 3,12 durante a semana – não é a última pá de cal. O dólar serve, além de moeda comercial – para justificar a falta de credibilidade dos investidores na condução da política econômica. Quanto mais alto o dólar, menor a credibilidade na política econômica. Mas, por um lado, a desvalorização do Real deveria provocar um impacto positiva na balança comercial, mas não é isso que se vê. Por outro lado é um transtorno para quem tem dívida em moeda estrangeira, para quem pretende viajar, para quem projetou comprar tecnologia, etc.

A sinalização é que, ao contrário do que prega a presidente Dilma, é maior dificuldade econômica nos próximos meses. Na verdade, não há um só indicativo de que economia vai melhorar no curto prazo, todavia, há inúmeros que mostram o nível do arrojo pelo qual vamos passar. Adicione-se, agora, dois ingredientes que servem como estopim da bomba: combustível e energia.

Nenhuma economia anda sem combustível. Associado a ele tem o preços dos produtos que dependem de frete, tem o transporte de pessoas; depois vem a energia. Nenhuma economia sobrevive sem energia. A produção industrial depende de energia (comércio, também) e se por um lado os governos estaduais irão comemorar porque o preço do combustível subiu (com ele sobe a arrecadação do ICMS), a população não consegue mais processar a razão de tanto aumento. Note-se que o governo ainda está acanhado em relação ao corte na própria carne porque preferiu cortar de questões importantes (como educação) e deixou outras passar ao longe (a Universidade Federal do Rio de Janeiro adiou por duas ocasiões o início do semestre letivo porque não tem verba para manter a instituição funcionando) despesas menos importante (a maioria afeta o setor privado).

O custo da geração de superávit primário está além da capacidade das empresas e das pessoas. O governo agiu de uma forma correta em tentar controlar os gastos, no entanto, trata-se de uma ação tardia porque antes preferiu uma solução contábil, isto é, mexeu na contabilidade para justificar-se. Finalmente, cabe lembrar que muitas vezes uma pessoa está na pior ganha um prêmio da MegaSena acumulada. Nem essa chance o governo tem e se tivesse precisaria de muitos prêmios.

Opinião: No lugar de atacar o doente, é preciso tratar a doença!

Por Daniel Finizola

Ao estudar a história do Brasil percebemos que a corrupção sempre fez parte dos bastidores da política e do nosso cotidiano. Muitos incutiram a ideia de que o Brasil é um país que não tem jeito, que está tudo perdido, que “não adianta reclamar, pois nada vai mudar”. No imaginário coletivo, políticos e política são vistos como algo sujo e ilegal. Associada a esse tipo de ideia vem a degradação das instituições democráticas e da própria Democracia, regime político que promove o convívio e o respeito às diferenças, seja de ordem partidária, de gênero, classe ou etnia.

Nas eleições do ano passado vimos absurdos nas ruas e nos espaços virtuais. As redes sociais passaram a ser o espelho amplificado da atual sociedade. O ódio, a arrogância, o desrespeito às diferenças viraram os principais elementos da disputa política. Vivemos um tempo onde o mal é propagado gratuitamente e é justificado com a frase “foi só uma brincadeirinha”. A cada brincadeira os preconceitos vão sendo reforçados e o diálogo vai dando espaço à intolerância que espancou um adolescente de quatorze anos no interior de São Paulo, por ter pais homossexuais.

O ódio propagado por muitos, nesse caso, tirou a vida de um adolescente e acabou com os sonhos de uma família. Todo meu amor aos pais desse adolescente. Essa é uma das consequências da disseminação dos discursos de religiosos e do ascenso de políticos fundamentalistas.

Hoje e no domingo teremos manifestações em todo Brasil. As de hoje têm como pautas a defesa da Democracia e do Plebiscito Oficial da Reforma Política. Vários movimentos sociais se articulam, pois entendem que a mudança do sistema político é fundamental e urgente para fortalecer a Democracia e ampliar a participação popular na vida política do país. A principal reivindicação dos que defendem a Reforma Politica é o fim do financiamento privado de campanha, afinal de contas, empresa não vota! Se a Democracia tem por base o conceito de “uma pessoa, um voto”, não se pode tolerar influências que desequilibrem o jogo. Sem dúvidas, esse é o maior câncer do nosso sistema. Em Caruaru, o ato em favor da reforma vai se concentrar em frente ao Grande Hotel, às quinze horas de hoje.

No domingo será a vez dos que têm como pauta o impeachment da Presidenta Dilma e o fim da corrupção. Dos que chamam a Presidenta de vaca e puta, alimentam o ódio ao PT e às conquistas sociais intermediadas pelo Estado (sim, intermediadas, pois sem luta, não há conquistas, mesmo quando o governo é progressista). Muitos dos que vão às ruas no domingo não têm como pauta as reformas (Tributaria, Política ou das Comunicações). Reafirmando que o objetivo maior da manifestação é retirar do poder uma Presidenta que foi eleita democraticamente e não de mudar as estruturas políticas, sociais e econômicas que acentuam e perpetuam as diferenças sociais no país.

O outro mote da manifestação é a corrupção, e nos últimos dias o panelaço virou símbolo da luta contra os corruptos. Mas eu não ouvi falar em panelaço quando saiu a lista do HSBC, nem tão pouco quando o Presidente do Câmara e do Senado foram citados na tal lista da Operação Lava Jato. Não ouvi panelaço quando saiu a lista das empreiteiras que participaram do esquema de corrupção na Petrobrás, nem quando se descobriu a sonegação de R$ 615.099.975,16 em impostos não pagos pela Rede Globo. Mas o que leva a essa seletividade da hora de manifestar-se contra a corrupção?

A operação Lava Jato deixou evidente que o sistema político brasileiro já entrou em colapso há tempos, infelizmente o que vemos nos meios de comunicação de massa não é um debate sobre a necessidade urgente da Reforma Política, mas a propagação do senso comum, onde um governo e um partido viraram sinônimos de corrupção. Bem, então quer dizer que sem o PT do governo não haverá mais corrupção? Óbvio que haverá! Houve antes, por que não, depois? O problema não é um partido ou pessoa, mas esse sistema, que alimenta e abre portas para a corrupção, independente da agremiação partidária no poder.

Não há como negar que por trás de todo esse discurso de ódio há também uma questão de classe e isso não é algo exclusivo do Brasil, mas da configuração do mundo que vem se constituindo desde dos tempos da Revolução Industrial. O genocídio da juventude negra, a discriminação cultural, de gênero, étnica e religiosa são algumas das consequências de uma sociedade que dita os valores morais, de mercado e de comportamento pela ótica de quem detém o poder econômico.

Disputar e expressar sua cor, seu jeito, sua música em determinados espaços, é sinal de subversão, foge à ordem. Há os que negam a sua categoria, classe, cultura e identidade em nome de uma pseudo inclusão. Outros resistem, ocupam as mídias alternativas, produzem estudos e ações que contrariam os interesses do mercado, mas que ampliam as possibilidades de um mundo com mais justiça social e respeito às diferenças.

Seja hoje ou domingo, todos têm o direito de expressar sua opinião satisfação ou insatisfação em relação a governos e ao Brasil. Acreditamos que todas as manifestações vão correr dentro na legalidade, respeitando o espírito e os valores democráticos. Sendo assim, a oposição já pode aproveitar a energia das manifestações pra organizar uma plataforma de governo, pois daqui há três anos e alguns meses, teremos eleição pra Presidente. O Brasil já deu seu voto. O momento é de cobrar que os remédios sejam ministrados. No lugar de atacar o doente, é preciso tratar a doença!

Reforma Política, quando? Já!

Daniel Finizola – Educador, artista e Vice-Presidente do PT – Caruaru.