Opinião: Para o PT

Tiê Felix

Trabalhador é aquele que paga impostos, altos inclusive.

Trabalhador é aquele que vai ao SUS quando precisa de médico e se depara com aproveitadores.

Trabalhador é aquele que precisa de justiça e quando faz uso dela somente enxerga um túnel sem fim.

Trabalhador de verdade é aquele que acorda cedo, porque sua função é realmente importante e não se limita a alguns dias da semana. Ele é quem sustenta tudo inclusive os beneficiários e programas sociais.

Na verdade o trabalhador mesmo não está nem um pouco preocupado com a política. Ela não foi feita para ele e não o escuta, porque aquilo que o trabalhador quer é por demais revolucionário.

Trabalhador não tem tempo de pensar muito. Nem sequer pode estudar obviamente. Seu corpo foi feito para o trabalho. Talvez não tenha condições de se limitar a questionar o mundo corrupto que o cerca e de zelar por uma doutrina.

Infelizmente o PT e todos os outros partidos fazem de conta que sabem disso, mas somente cria beneficiários e aproveitadores.

Hoje o Brasil não valoriza o trabalhador, simplesmente porque o que ele tem a dizer é por demais perigoso e é melhor cultivar beneficiários.

São beneficiários tanto aqueles que vivem da coisa pública quanto aqueles que recebem uma mísera quantia pra se manter vivo na ferocidade desse país.

O PT e todos os outros partidos são apenas aproveitadores ocos que se fazem de representantes. Não sabem de nada porque governam por teorias ou por eles mesmos, não por um país.

Tiê Felix é professor

Opinião: Para além das flores e chocolates

Por Daniel Finizola

Quando chega o 8 de Março é comum a gente ver mulheres recebendo flores e chocolates. O gesto pode até ser bonito, mas a leveza das flores e a doçura do chocolate não condiz com a luta que todos os dias e travada pela mulheres em todo Brasil e no mundo. O Patriarcado resiste e invade nossa sociedade com piadas e gestos machistas que inferioriza, coisificando a imagem e o papel social da mulher. Vários estudos já comprovaram estatisticamente que a mulher ganha cerca de 30% menos que o homem, desempenhando atividades e funções idênticas. Essa distinção vem da gêneses da revolução industrial, onde era preferível contratar mulheres e crianças, já que se pagava menos, justificado pela  fragilidade de direitos que ainda permeia o nosso cotidiano. É assim que, historicamente, vai se forjando a imagem da mulher.

Sua participação, na maioria das vezes, foi negligenciada por aqueles que fazem a historiografia, como demonstram boa parte dos livros de história do ensino médio. Esses mesmos que ajudam a orientar nossos/as adolescentes,  evidenciam a ausência narrativas da contribuição das mulheres na organização política e seu protagonismo, como por exemplo, a Comuna de Paris e a Revolução Francesa. Na contramão desse estereótipo, a mulher ao longo da história desenvolveu diversas estratégias, a exemplo da arte e literatura, para contar seu protagonismo nos grandes acontecimentos no mundo.

A organização do Movimento Feministas a nível global, mais especificamente a partir dos anos 70, redimensionar a luta das mulheres no mundo. Importante afirmar que o feminismo não luta pela superioridade das mulheres frente aos homens, mas pela igualdade de direitos e contra a violência física e simbólica que se estabelece contra a mulher, sistematicamente. Basta analisar peças publicitárias, filmes, músicas e a própria língua para identificar como o sexismo é um marcador das relações sociais, assim como o próprio Estado.

Quando Dilma assumiu a presidência, surgiu todo um debate quanto ao termo “Presidenta”. Apareceu quem achasse o termo um absurdo, algo descabido para língua. É preciso entender que a língua reproduz padrões que obedecem a lógica das estruturas de poder de uma sociedade e frente a isso, deve ser dinâmica e estabelecer a comunicação de acordo as demandas apresentadas pela sociedade. Quem não aceita a forma feminina dessas palavras, indiretamente,  reafirma o patriarcado, o sexismo existente na construção dessas expressões. Há trabalhadoras e trabalhadores, secretário e secretária, ministros e ministras, deputados e deputadas e presidentes e presidentas. Não é simplesmente uma estrutura linguística e/ou gramatical, é lugar de disputa. Não há problemas nisso! Às vezes fico me perguntando qual o medo que permeia a imaginação das pessoas frente a construção de um termo feminino de uma função que está sendo exercido por uma mulher. Isso tem a ver com a sociologia da língua e com as pequenas revoluções que a luta das mulheres têm provocado ao longo do tempo.

A internet vem se constituindo como um espaço que amplia o direito à comunicação das minorias. Uma mídias onde os movimentos sociais encontram um lugar para fazer a disputa de ideias, e nesse contexto é sempre bom ver as feministas fazendo um debate qualificada que vai muito além da discussão sexista da linguagens. Blogueiras Feministas – De olho na Web e no Mundo – é um dos blogs que recomento a leitura. Lá você encontra textos que discutem a autonomia da mulher, violência contra a mulher, representação política entre outros temas.

No âmbito local quero destacar a colunista Bárbara Vasconcelos. Sempre atenta as movimentações do universo feminista, estabelecendo questionamentos sobre a sociedade contemporânea e a reprodução do patriarcado. Vale muito a pena acompanhar as reflexões dessa menina que faz a diferenças.

É importante que possamos cada vez mais refletir e debater sobre o sexismo, o patriarcado e o machismo. Que a voz da mulher não seja apenas amplifica no dia 8 de marços, porque todo dia é dia da mulher, é dia de ampliar seu espaço, de protagonizar grandes transformações sociais no Brasil e no mundo.

Daniel Finizola é Educador, artista e vice-Presidente do PT – Caruaru.

Artigo: Como emagrecer comendo? Confira os segredos da alimentação que ninguém divulga

Por Vinícius Possebon

O que a mídia divulga em peso é que, se você quer emagrecer, precisa ingerir menos calorias do que gasta. A princípio, isso faz muito sentido, pois se você ingere menos alimento do que seu corpo precisa, ele usaria a reserva de gordura para gerar energia e continuar funcionando normalmente.

Porém, nosso corpo não é uma máquina e existe uma infinidade de coisas que são mais importantes do que a queima de calorias. Ele nos avisa quando estamos com fome e qual é a hora de parar de comer. O problema é que hoje em dia temos uma infinidade de alimentos industrializados, processados e com sabores muito acentuados, que estragaram o mecanismo automático que nos mantém no peso ideal. Como ele foi alterado, surgiram essas dietas malucas de 1.200 kcal que vemos por aí.

Isso que dizer que, se você tem uma alimentação ruim, é melhor que você coma menos dessa comida pouco nutritiva para que o impacto seja menor. Ou seja, se você come veneno todo dia, o melhor é diminuir essa quantidade de veneno para que ele não seja tão nocivo.

Você percebe o quanto isso é ridículo? O sistema de 1.200 kcal até faz com que as pessoas percam peso, porém, o preço pago por isso é muito alto: elas sofrem, passam fome e ficam o dia todo pensando em comida. Além disso, esse tipo de dieta não resolve o problema do emagrecimento para sempre.

Contar calorias não fará com que você emagreça definitivamente

Isso ocorre porque este tipo de sistema é muito cansativo, nem um pouco prazeroso e estressa bastante as pessoas.

O segredo é focar na qualidade

Quando se foca na qualidade e a quantidade é deixada de lado, começamos a restabelecer o sistema automático do corpo de se manter no peso ideal. Isso que dizer que, quando nos focamos em ingerir os alimentos certos, aqueles que são naturais, nutritivos de verdade, nosso corpo cuida das calorias por conta própria, mesmo que você coma além da conta. Desta forma, você se mantém sempre no peso ideal.

O que impede as pessoas de emagrecer?

Eu fiz essa pergunta para meus alunos e sabe o que a maioria respondeu? Que um dos maiores empecilhos para se chegar ao peso ideal era a compulsão por doces. Isso estava atrapalhando as pessoas, mesmo que elas estivessem fazendo os treinos corretamente.

De fato, se você gosta muito de doces, é bastante estressante ter que abdicar de todo e qualquer doce para conseguir o corpo desejado. Porém, a dieta focada na qualidade dos alimentos não impede você de comer os doces que gosta, ou de tomar uma cerveja no fim de semana, por exemplo. O estilo de vida alimentar perfeito precisar proporcionar também liberdade.

A mídia não mostra, mas o que a ciência divulga é que uma vez que seu sistema hormonal está funcionando corretamente, seu corpo começa a queimar o excesso de gordura naturalmente para que o peso ideal seja atingido. Isso porque o objetivo do organismo é manter o corpo saudável para que ele sobreviva.

Quando posso comer as coisas que gosto?

Como já foi dito antes, você não precisa abrir mão dos doces, da cerveja ou da pizza. O que importa é que a maior parte da sua alimentação seja composta por alimentos que equilibrem o seu sistema hormonal.

Isso quer dizer que, se você quer separar um dia da semana para comer as coisas que “engordam”, como brigadeiro, massas e sanduíches, tudo bem. Mas você também pode comer um pedacinho de doce todos os dias, desde que o restante da sua alimentação seja equilibrada.

Uma dica para comer chocolate sem culpa

Se você ama comer chocolate e não consegue largar o vício, lembre-se de que essa delícia pode ser uma comida saudável, desde que você coma o chocolate de verdade, não aquela “pasta de açúcar” do supermercado. Essa “pasta de açúcar” é aquele chocolate ao leite, que quase não tem manteiga de cacau e é uma verdadeira bomba de açúcar. Então, se você ama chocolate, prefira o de verdade, que seja, no mínimo, 70% cacau. Isso porque a manteiga do cacau é uma gordura saudável para o organismo e a presença do açúcar nesse tipo de chocolate é bem menor.

Seguindo um sistema de alimentação correto, sua vontade de comer esses doces carregados de açúcar desaparecerá gradualmente, pois você se acostumará ao sabor real da comida.

Esse é o sistema de alimentação que realmente emagrece. Ele não funciona apenas para perder peso naquele momento, mas sim, para a vida inteira, pois você não vive com restrições e reeduca seu organismo comendo os alimentos realmente nutritivos, sem se preocupar com quantidade.

Vinícius Possebon é personal trainer, palestrante e criador do Sistema de Emagrecimento Queima de 48 Horas. Facebook: https://www.facebook.com/queimade48horas

Artigo: Democracia deseducada

Por Tiê Felix

É impossível haver uma democracia real sem educação. Desde os gregos a democracia surge aliada à capacidade de defender alguma posição, com a capacidade de argumentar. Onde há democracia, mas não há dialogo, existe algum problema de educação.

A democracia é um regime que exige a palavra pública e o bom senso de cada um.

Se alguém condena e não faz uso do bom senso deveria ser publicamente rechaçado pela sua ignorância. A democracia é um tipo de governo que necessariamente impõe a totalidade em detrimento da singulariadade:o povo é o intuito da democracia. Onde predomina os interesses individuais e não coletivos temos uma Aristocracia e não uma democracia, como bem avaliava Aristóteles em sua Política. É o que o Brasil é, um país de burocratas legitimamente instaurados para não fazer nada pelo país. Na Brasil democracia é sinônimo de palavreado fútil, basta um falatório para que nada dê certo por aqui.

Tudo termina em pizza pelo cansaço de nada fazer.

Como dito o Brasil é um país aristocrático. Todos os que podem fogem da multidão, da miséria coletiva, buscando cada vez mais se distanciar dos mais pobres em todos os sentidos, inclusive os defensores da causa popular. Mesmo aqueles que ainda continuam na penúria da pobreza ostentam, pelo crédito fácil, uma vida de dispêndio e de vã ignorância. Resulta tudo isso da ignorância veemente da coletividade que não abre mão dela de jeito nenhum pois se orgulha.

Porque ninguém se importa com educação? Por que educação é consciência e ninguém quer tê-la por aqui pois de vez em quando dói!

Tiê Felix é professor 

Erro Monumental

Por Maurício Assuero, economista

Já falamos, inúmeras vezes, que o governo cometeu erros primários na condução da economia fazendo o Brasil sair de uma relativa positiva de crescimento econômico para uma situação de estagnação econômica, com tendências a beirar o fundo do poço neste ano de 2015. A nova equipe econômica, com indiscutível capacidade técnica, propôs um controle fiscal, diga-se, inusitado para o governo do PT (Lula + Dilma). Qualquer medida nesta direção, obviamente, desagrada. Aumentar impostos, reduzir gastos são, e sempre serão, medidas absolutamente impopulares para qualquer governo e o Ministro da Fazenda propôs sabendo que sem este ajustr fiscal, não tem acreditar no governo.

As novas regras para o seguro desemprego são coerentes. Não podemos agir sempre com paternalismo. O país não vai crescer se não tiver um choque de aumento de produtividade, sem não houver capacitação da força de trabalho. Modificar as condições da previdência deveria ser prioritário porque não como se trabalhar com um déficit monstruoso nesta pasta e com forte consequência para a sustentabilidade econômica de várias cidades do interior por duas razões: grande parte da economia dessas cidades se sustenta com as transferências do governo; segundo, as prefeituras não gozam de condições financeiras para arcar com o pagamento do salário (cada vez que o salário mínimo sobe, a folha dos inativos vai junto).

O governo cometeu um erro crasso ao acreditar que estava imune à crise e adotar uma politica monetária expansionista ao longo desses doze anos de governo. Deveria ter pensado no longo prazo e começado, aos poucos, ajustar as contas, mas a permanência no poder falou mais alto e o sacrifício cabe, agora, para a sociedade. No entanto, cabe dizer que o governo está na linha de cometer um segundo erro e este mais drástico: a necessidade de aumentar receitas através do aumento de impostos, modificando os percentuais de desoneração da folha de pagamento da empresa, vai trazer como consequência desemprego e, sem exagero, desemprego ampliado.

Vamos lembrar que em janeiro passado tivermos a maior redução no número de empregos já observada nestes doze anos. Desempregar num momento de crescimento baixo, ou seja, quando o nível de produção já está sendo empurrado naturalmente para baixo, significa simplesmente acelerar esta queda (é como se paraquedas não abrisse num salto livre). Como resultado disso, certamente, teremos uma inflação menor, mas observe em que momento isto vai acontecer: no momento em que as novas regras para o seguro desemprego estão valendo. Assim, pessoas contratadas a um ano, por exemplo, não terão qualquer benefício de manter enquanto buscam um novo emprego. Este quadro é a pá de cal que o Brasil precisa.  Imagem uma pessoa que recebia Bolsa Família e que conseguiuum emprego de carteira assinada há um ano. Se ficar desempregada agora, nem Bolsa Família, nem seguro desemprego.  O governo está em passos largos no sentido de implantar o caos!

 

Opinião: A eleição é logo alí, mas ainda não é aqui!

Por Lino Portela

Nos últimos dias, a cidade foi tomada de fora a fora por discussões das mais diversas. Entrevistas, debates, reuniões, encontros e diálogos que trouxeram de forma antecipada e, na nossa  opinião, de forma precoce, a partida do processo eleitoral de 2016 em Caruaru.

Observamos o tom dos discursos e respostas, que, oscilaram, indo do construtivo ao messiânico, passando pelo personalismo, com retoques sutis de aplicação de estratégias já repetidas outras vezes de um tempo que já não existe mais.

O que não ouvimos em nenhum desses momentos foi a busca da sintonia com a opinião da sociedade. Para muitos dos que freqüentaram os microfones  locais e jornais, nos parece neste momento pouco importar o que o futuro eleitor tem pra dizer.

E uma frase tradicional ecoa novamente: “ ao povo a gente informa depois que decidir! “

Chamamos a atenção de que: com certeza a eleição é logo ali, mas ainda não é aqui!

Pois quem acredita que o que se diz atualmente é o que vai acontecer? E quem acredita no que se diz ?

Candidatos (as) postos, chapas prontas, mandatos antecipados, na leitura fria que olha pra você e diz: “ você é liderança, portanto seja candidato(a) ”.

E sem uma discussão responsável,  mais uma vez se repete o estratagema que forma a velha e conhecida “cauda eleitoral ”, que estará a mercê dos personalismos e divindades, muitos desses ressuscitados das cinzas para propor a salvação e a redenção da cidade, substituindo a discussão política das idéias pela simples paixão, ou coisas como um rosto bonito ou um cabelo bem cortado ou ainda uma voz eloqüente.

Que a sociedade também se apresente, para a margem do que está posto, trazer à luz sua opinião sobre o que quer e como quer o seu futuro, pois a margem de erro vai se aproximando de zero.

Que a sociedade utilize os espaços democráticos que serão disponibilizados ao longo do ano para discutir seu desenvolvimento, sua sustentabilidade, sua cultura, sua identidade e seu amanhã, participando, colaborando efetivamente e construindo um tempo que ainda há de vir, pois a cidade somos todos nós e não apenas alguns!.

Pra finalizar, opinamos que talvez não seja o novo o que a sociedade busque, mas com certeza deve ser algo mais inteligente, e que, tranquilamente pode ser ou não combinado com a novidade, pois, se pra cada tempo existe um povo, a atual geração de caruaruenses talvez não mais esteja disposta a acreditar nas histórias da carochinha, pois que, sem trabalho e responsabilidade social não há futuro nem pra você e nem pra Caruaru!

Lino Portela é Presidente do diretório municipal do PCdoB em Caruaru.

Brasileiras estão levando o país a um novo patamar de consumo

Na última década, o brasileiro saiu do patamar do consumo imediato – aquele que valoriza os aspectos superficiais da compra – para o consumo crítico. Na prática, a durabilidade e o atendimento são os principais atributos considerados para a efetivação da compra – de acordo com a pesquisa “As Empresas que mais Respeitam o Consumidor no Brasil”, conduzida pela Shopper Experience há 12 anos. E qual o papel da mulher nessa história? Com certeza, o papel de protagonista!

Os meus 20 anos de experiência em analisar hábitos e drivers de consumo me levam a crer que as mulheres – sobretudo as mães –, estão nos levando a um novo patamar de consumo. A minha experiência como mãe confere a certeza de que estamos educando crianças com um outro nível de percepção. É uma revolução silenciosa comandada por mulheres – mães, tias, madrinhas, professoras, filhas… Para citar um exemplo simples e comum ao universo das mulheres, comentei com a minha filha que tínhamos que comprar uma nova mochila; um modelo com rodinhas. Além de ser o modelo mais recomendado pelos ortopedistas, costumo associar esse produto à praticidade. Ledo engano! Minha filha explicou, com riqueza de detalhes, que a mochila seria um transtorno, pois teria que carregar 5,7 quilos escadaria acima. O fato é que como estuda em uma sala instalada no primeiro andar – e a escola proíbe os alunos de arrastá-las na escada – a dita mochila pesada teria que ser carregada.

Aliás, a pequena consumidora informou que compraríamos uma mochila simples: que faria um escalonamento do material escolar para carregar menos peso. Entendi, rapidamente, que nossos filhos estão se tornando consumidores mais reflexivos e práticos, pessoas que pensam na real necessidade de consumir! Pensei no argumento e cheguei à conclusão que as mulheres têm influenciado o consumo no Brasil muito mais do que pensamos.

Na pesquisa O Mundo de Vênus – concluída pela Shopper Experience no ano passado – as entrevistadas declararam que acreditam que as mulheres de hoje são muito mais informadas; esse nível de informação tem um grande impacto na forma de consumir da família brasileira. É fato que as mulheres estão educando novos consumidores. Para elas, a educação dos filhos é pautada pelo ensino de valores morais; respeito ao próximo e a si; e sustentabilidade. É nesse contexto que está o consumo responsável. Na prática, chegamos a um momento interessante de amadurecimento do consumidor brasileiro; estamos, no que costumo chamar, de a primeira etapa rumo à era do consumo consciente. Ou seja, o consumidor está consciente do seu poder de compra, consciente dos seus direitos e consciente da importância, ou falta de importância, do produto/serviço na sua vida.

A pesquisa mostra, ainda, que o nível de exigência dessa nova mulher é bem alto. A insatisfação com produtos e serviços é maior entre as consumidoras do que entre os homens – até por uma questão matemática. São elas que, diariamente, tomam grande parte das decisões de consumo da família. A pesquisa aponta que essa insatisfação alcança patamares elevados pela própria natureza da mulher. Quando compra um produto alimentício para os filhos, por exemplo, se a marca não cumprir o que promete, essa consumidora vai até as últimas instâncias para reclamar e fazer valer os seus direitos. Além disso, o alto poder influenciador entre amigos, familiares e nas redes sociais pode comprometer a imagem das marcas. Estamos diante de um poder feminino que está transformando as relações de consumo no Brasil.

Sobre Stella Kochen Susskind

Administradora de empresas graduada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e pós-graduada em Franchising pela Franchising University (Estados Unidos), Stella Kochen Susskind é pioneira no Brasil na avaliação do atendimento ao consumidor por meio do “Cliente Secreto®”. A executiva preside a Shopper Experience – empresa de pesquisa que representa uma evolução do modelo – e a divisão latino-americana da Mystery Shopping Providers Association, atuando, ainda, como diretora da Mystery Shopping Providers Association Europe e membro do Global Board. É autora do livro “Cliente secreto: A metodologia que revolucionou o atendimento ao consumidor”, lançado pela Primavera Editorial. A executiva brasileira ministrou palestras sobre a metodologia na Argentina, Estados Unidos, Suécia, Espanha, Estados Unidos e Grécia.

Opinião: Alguns problemas morais

Por Tiê Felix 

Em certos tempos de crise moral a inversão de valores e o moralismo excessivo tomam a frente do rumo das ideias e concepções das pessoas. É aquela conduta cristianizada de quem passou toda a vida em pecado e resolve do dia pra noite servir ao bem e ao justo para assim superar as suas máculas e as da sociedade. Agora que se vê claramente qual é a identidade brasileira – do progresso submisso a ordem – muitos querem resolver tudo com apenas um gesto, aquele mesmo do senhor de engenho. Estamos fadados ao paliativo porque a reflexão não é um habito dominante em nenhum setor da sociedade.

Como vivemos toda nossa história sob a égide de uma dominação impositiva, a consciência de si brasileira é pouco clara. Mesmo numa reflexão séria sobre temas tão problemáticos como a corrupção endêmica pela nossa ignorância sistemática corremos o risco de reafirmar a mesma estrutura de poder que desde sempre condena o Brasil ao fracasso. Em um país de fracassados o moralismo é o melhor caminho para a resolução de dilemas morais coletivos. A vergonha que sentimos, ainda que travestida de crítica, nos indica que nosso trabalho é em em vão, que o Brasil não é capaz de reconhecer coisa alguma, nada que lhe apareça e que possa encaminha-lo a algum rumo a algum projeto.

De agora em diante corre-se o risco de vivenciarmos um retorno exploratório em todos os setores do trabalho em função da ideia generalizada de que é cultural as práticas corruptas. Esse provavelmente é o maior argumento em favor de um aumento exploratório, sobretudo daqueles mais fragilizados numa sociedade de senhores. Não nos esqueçamos que o lado mais fraco sempre perde e que de agora em diante o discurso moralista irá se fazer presente em vários setores da nossa sociedade com o fim de erradicar o mal da corrupção no interior das nossas relações sociais.

A palavra crise está por demais desgastada. Precisamos perceber que a crise no Brasil nos é peculiar e não trivial.

Tiê Felix é professor.

Opinião: O Estado faliu

Por Tiê Felix

Somente numa democracia de palhaços é que um homem do naipe de Renan Calheiros fala em democracia. Somente num país sem história é que é possível uma câmara de vereadores ter um auditório com o nome de um vereador que há mais de 20 anos não sai do seu lugar e já se homenageia mesmo vivo. É a democracia dos palhaços.

O Estado faliu, a sociedade está prestes a ruir se já não estiver ruído. Nenhum órgão público funciona exatamente como devia; o dinheiro que era pra ser não é. Hoje sabemos que é de propósito. Não funciona de antemão já para que novos recursos venham e mais roubos aconteçam.

Todos querem tirar sua parte. Somos realmente aproveitadores.

Mesmo com a anunciação do novo nome para a Petrobras os escândalos não param de se suceder. A vergonha é grande, somente pra quem tem vergonha. Chego a pensar que se não houvesse o mínimo de código moral e religioso neste país estaríamos muito próximos de uma anarquia violenta como já vemos também. Só no Rio de Janeiro são tantos tiros que as balas estão perdidas encontrando corpos. Por aqui liga-se para a polícia mas não se atende. O 190 não funciona. A sociedade que é roubada responde de forma semelhante. Porque tantos ladrões, porque mesmo quando se faz um “pacto pela vida” se mata mais? Porque aqueles que deveriam ser exemplares, já que instituem, não o fazem, são ladrões. São extremamente ignorantes, essa é a verdade.

E se roubassem isso ou aquilo tudo temem todo lugar do mundo existe ladrão. O problema é que eles roubam tudo, até a dignidade e o serviço da sociedade. Quem não se sente, honestamente, deslegitimado em um país em que o que é é apenas de fachada? O serviço prestado, até bem intencionado, é logo relegado ao segundo plano em nome do faz de conta que toma conta de todas as instituições de hospitais até universidades. Onde só tem aproveitador mesmo aquele que é honesto termina por ceder as maracutaias.

A crise está longe de acabar e o remédio para ela somente vem do povo, se ao menos o povo não for tão hipócrita quanto são os nossos políticos. Mesmo falando de impeachment acho improvável que isso ocorra já que somos autoritários e sem vergonha em maioria, semelhante aos nossos representantes. Ninguém mais queira dizer que nem todo político é ladrão; eles mesmos não fazem questão de mudar essa frase, são egocêntricos demais para isso.Não estão nem ai!

Que a sociedade aprenda com o que sente na pele com todos estes aumentos abusivos.Todas as contas estão chegando e para quem é honesto o Brasil é por demais oneroso e o retorno é ridículo.

Tiê Felix, professor.

Opinião: Presidente franciscano

Por José Lucas da Silva

O que mais chama a atenção do visitante no pequeno, mas organizado Uruguai, não são as atrações turísticas de Montevidéu. Nem as rodovias bem conservadas e as cidades limpas do país vizinho. Nem o teleférico que conduz o visitante a uma bela praia em Piriápolis. Nem a interessante Playa de los Dedos no famoso balneário de Punta Del Este. Nem a conservada cidade histórica de Colonia Del Sacramento. Mas a popularidade do presidente da República Oriental do Uruguai.

Quando se chega à rodoviária Tres Cruces na capital, logo se ouve falar bem do presidente de singular estilo de vida. Os motoristas de táxi, os vendedores ambulantes, os guias de turismo, entre outros, se referem a José Mujica com palavras elogiosas, não importando se o assunto é puxado por um nativo ou visitante.  Esse senhor de quase oitenta anos é admirado em seu país e no exterior pelo seu jeito simples de viver, mesmo na condição de primeiro mandatário do país.

Ao ser eleito não quis fixar residência no palácio presidencial no centro de Montevidéu. Preferiu continuar morando em sua chácara num bairro periférico da capital, onde cria galinhas e bois. Também renunciou ao veículo oficial e se desloca para seus compromissos num fusca azul 1987, à semelhança de um cidadão comum. Segundo os uruguaios, até a sua linguagem é a de um homem simples do campo.

Pepe Mujica, como é carinhosamente chamado, é desapegado até de seu salário de presidente. Como já é aposentado, ele doa o dinheiro aos pobres e justifica a sua atitude dizendo “pobres não são os que têm pouco. São os que querem muito! Eu não vivo na pobreza, vivo com austeridade, com a renúncia. Preciso de pouco pra viver.”

Num encontro internacional de chefes de estado, um sheik árabe ofereceu um milhão de dólares – pasmem ! – pelo seu fusca, que não vale mais que três mil dólares. Ficou surpreso com a generosa proposta, mas não vendeu. Disse que ia pensar no caso. O líder uruguaio ainda não sabe o que faria com o dinheiro: está em dúvida se doaria para a universidade tecnológica ou para o programa de moradias populares.

Além de sua notória humildade, Mujica também é conhecido por suas ideias revolucionárias, como essa sobre o poder: “O poder não muda as pessoas, só revela quem realmente são”. Ao comentar a prioridade que o seu governo dá à educação, ele assim se expressou: “Vamos investir primeiro em educação, segundo em educação, terceiro em educação. Um povo educado tem as melhores opções na vida, e é muito difícil que os corruptos mentirosos os enganem.”

Esses motivos são suficientes para entendermos porque Pepe Mujica é tão querido em seu país. Muitos uruguaios afirmaram que ele só não foi reeleito no último pleito, porque a constituição do país não contempla o instituto da reeleição. No próximo dia primeiro de março, ele passa a presidência para Tabaré Vázquez, que já foi presidente antes de Mujica. Assim o governo do pequeno país sul-americano passa das mãos de um agricultor para as de um médico. Torcemos para que o povo uruguaio continue a ter um chefe de estado sério e comprometido com as causas populares.

José Lucas da Silva é professor