Pedro Augusto
Não tem como evitar. Diante do atual cenário econômico do país, novamente uma das expressões mais citadas nas últimas páginas do VANGUARDA estará presente nas matérias desta editoria. Quem pensou em “crise financeira nacional” matou a charada. Desta vez, ela foi excessivamente repetida pelos comerciantes que negociam no Parque 18 de Maio, em Caruaru. O objetivo foi justificar o baixo volume de vendas registrado na Feira da Sulanca, na última segunda-feira (15), data bastante próxima da véspera de São João (23). Quando se esperava uma intensa demanda por produtos em grande parte no atacado, o que se viu no local se referiu a um extenso fluxo de consumidores de mãos vazias.
Para o sulanqueiro Lucimário Ferreira, atualmente os compradores se encontram mais criteriosos. “Antes dessa crise, eles faziam questão de variar as suas mercadorias, já que as adquiriam em vários bancos. Hoje não. Como não possuem mais aquela quantidade de dinheiro que há tempos atrás exibiam, só têm comprado apenas o necessário. Tradicionalmente, essa deveria ter sido a melhor feira de junho em termos de vendas, porque os clientes costumam comprar em grosso para revender depois em suas respectivas cidades. Porém, o movimento ficou muito abaixo do esperado. Em vez de atacado, o que observamos foram pequenas vendas no varejo”, avaliou.
Se não bastasse a já tão comentada crise financeira, os sulanqueiros ainda apontaram outros fatores que teriam prejudicado o movimento no local. “Repare aí embaixo de seus pés. Esse é o chão que é oferecido na famosa Feira da Sulanca. Foi só chover um pouquinho para ele ser tomado pelo lamaçal. Resultado: muitas pessoas deixaram de vir comprar aqui no antigo terreno da Fundac. Quem falou que o movimento foi bom nesta segunda-feira, com certeza, não conhece a realidade da Sulanca”, opinou Valderi Santos. Concorrente dele, Elisângela da Silva também criticou a infraestrutura do Parque 18 de Maio.
“Numa crise econômica como essa que estamos vivenciando, a proximidade do São João seria uma boa para lucrarmos mais, entretanto, nem nesse período conseguimos vender. Além do povo estar sem dinheiro, esse lamaçal que tomou conta dos setores da feira acabou afetando bastante o movimento. Como a maioria conhece a realidade da Sulanca e encontra melhor infraestrutura nos municípios de Toritama e Santa Cruz, grande parte dos clientes preferiu não comprar em Caruaru. Uma pena.”
Outro ponto questionado pelos sulanqueiros correspondeu à data da realização da feira. “Ela tem de ocorrer sempre na terça, porque na segunda competimos com feiras da região. Mais uma vez saímos prejudicados”, disse Paulo César.
Resposta
Consultado pela reportagem, o diretor municipal do Departamento de Feiras e Mercados, Felipe Augusto Ramos, comentou a respeito das críticas dos sulanqueiros. “Sabemos que o Brasil está passando por uma crise financeira e não podemos fazer comparativos com 2014. Torcemos para que a situação melhore até o término deste ano. Já em relação à infraestrutura do Parque 18 de Maio, principalmente no antigo terreno da Fundac, gostaríamos de informar que desde a semana passada temos feito vários reparos no local. Não podemos fazer um investimento maior nesse terreno, porque se trata de uma área privada. Quanto à data da realização da feira, isso já foi discutido e acordado em conjunto com todas as entidades ligadas aos sulanqueiros.”
Pelo menos teoricamente, a expectativa é de que nesta próxima feira antes do São João, na segunda (22), haja um maior registro de vendas no varejo.