Ontem (1º), o deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE) subiu à tribuna da Câmara dos Deputados pela primeira vez durante o grande expediente para proferir um discurso forte e emocionado. O socialista falou principalmente sobre a atual situação de sucessivas crises vividas pelo País e sobre a necessidade de se promover mudanças políticas urgentes para tentar corrigir os rumos. “O Brasil se encontra como aquele doente que já não responde aos remédios que lhe são ministrados, em doses cada vez mais potentes”, disse.
Tadeu Alencar também criticou os escândalos de corrupção que vem eclodindo cotidianamente, e seus efeitos negativos sobre os valores, confiança e credibilidade da sociedade no cenário nacional e internacional. “Vivemos tempos sombrios. Falta um líder ao Brasil com a compreensão da gravidade do momento e com a capacidade de comandar uma retomada, que possa unir o País e devolvê-lo aos trilhos da tranquilidade institucional, à rota do crescimento e da geração de emprego e renda”, ressaltou.
O ex-governador e amigo Eduardo Campos não foi esquecido durante o discurso. Tadeu relembrou o quanto Eduardo era “um estadista pronto para cumprir o seu destino”, um político que tinha algo de diferente dos políticos em geral. Que juntou a matriz política de onde vinha, de sólidos compromissos com os mais pobres, e uma extraordinária capacidade de gestão que revolucionou os costumes administrativos, transformando o Estado de Pernambuco. “Eduardo não era um comandante, era um líder. Sem dúvida, se vivo estivesse, estaria apontando caminhos, com a sua habilidade, largueza de visão, liderança e responsabilidade política”, afirmou.
No discurso, o deputado socialista também lembrou as tentativas feitas por Eduardo Campos junto à presidente Dilma Rousseff para que ajustasse os rumos político e econômico da sua gestão. Conselhos que foram desprezados por ela, resultando na decisão do PSB de sair da base governista e lançar uma candidatura presidencial própria. No entanto, insistiu no alerta de que o impeachment da presidente só poderá se dar com base jurídica sólida, e não apenas por vontade política dos opositores.
Com relação ao Legislativo, Tadeu voltou a condenar o comportamento “imperial e autocrático” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que por vontade pessoal implodiu comissões, como a da reforma política, e impôs uma pauta conservadora e persecutória ao Parlamento. Condenou ainda a insistência de Cunha em permanecer no cargo mesmo após as denúncias que pesam contra ele, e classificou como espúrias as tentativas de acordo de bastidores entre aliados de Cunha e Dilma para tentar evitar o afastamento de ambos.
O deputado foi aparteado por vários colegas, que elogiaram a sua atuação destacada na Câmara ainda no primeiro mandato e reiteraram as críticas feitas por ele ao governo federal e ao presidente da Casa. Entre os aparteantes, o líder do PSB na Câmara, Fernando Filho (PE), os deputados socialistas Heráclito Fortes (PI) e Átila Lira (PI), Sílvio Costa (PSC-PE), Afonso Motta (PDT-RS) e José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Ao encerrar, Tadeu Alencar falou da sua família e da sua trajetória, relembrou sua origem cearense de nascimento e pernambucana por adoção, e pregou a necessidade de um compromisso político com um modelo de gestão ambientalmente sustentável e inclusivo, assim como a luta por um “Estado Cidadão”, que respeite as pessoas e em que o controle não colida com a política pública a ser executada nem a persiga como algo reprovável. “Promover as políticas públicas em áreas essenciais como educação, saúde, segurança, num país marcado pela desigualdade e pela miséria é imperativo de todos os governos que se dizem progressistas, de todos os partidos com a matriz de esquerda democrática, tal como o nosso”, concluiu.