Do Diario de Pernambuco
A primeira vacina contra dengue liberada para a comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já um alento, embora hoje a maior preocupação seja com a transmissão do zika vírus e a chikugunya pelo mosquito Aedes aegypti. A vacina contra dengue, no entanto, que teve a liberação publicada no Diário Oficial da União, não implica o uso pelo Sistema Único de Saúde. E de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde não há previsão do medicamento chegar ao estado de Pernambuco.
A autorização de comercialização permite ao fabricante Sanofi Pasteur a vender a vacina Dengvaxia contra quatro tipos da dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). No ínicio deste mês, o México e as Filipinas também aprovaram o uso do medicamento. O preço da vacina será avaliado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial que é responsável por estipular preços de remédios.
Para que seja utilizado na rede hospitalar pública, o imunizante deverá passar por avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec), que vai levar em conta questões como a relação entre o benefício e o impacto no orçamento público.
A Secretaria Estadual de Saúde está em processo de negociação com o Ministério da Saúde para que a vacina seja incorporada ao calendário de imunização. Em nota, a pasta informou que a avaliação de novas tecnologias que combatam o mosquito Aedes aegypti e as doenças transmitidas por ele estão sendo analisadas. De acordo com o ministério, o combate ao mosquito transmissor é eficiente contra a dengue, chikugunya e zika.
A vacina levou 20 anos para ser elaborada. Participaram dos testes mais de 40 mil pessoas pelo mundo — sendo que 29 mil tomaram o medicamento —, de 15 países, incluindo o Brasil. O estudo sobre a eficácia do remédio foi publicado no The New England Journal of Medicine, em julho deste ano. O Brasil é o terceiro país a aprovar o uso da vacina, após o México e as Filipinas.
Segundo a diretora médica da Sanofi, Sheila Homsani, a partir da primeira dose o produto protege quase 70% das pessoas. “A necessidade das outras doses vem porque a proteção vai caindo com o tempo, não se mantém sem as outras duas. A proteção só se mantém por muitos anos quando se tomam as três doses”, explicou Sheila.Hoje, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, apresentará o balanço das 44 ações realizadas por 19 secretarias e órgãos municipais pelo Plano Emergencial de Enfrentamento ao Aedes aegypti, que foi lançado no início do mês. As atividades contaram com a colaboração de cerca de 8 mil servidores municipais. As ações visaram a sensibilização e concientização ao combate direto ao mosquito Aedes Aegypti, assim como a eliminação de focos de proliferação e o apoio às gestantes que estejam grávidas de crianças com suspeita de microcefalia.
Grávidas não podem
Mulheres grávidas, mães que estão amamentando e fenilcetonúricos não podem tomar a vacina que somente oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue, e não para as outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como zika e chikungunya. A vacina é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos. A promessa do fabricante é de proteção de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de 66% contra todos os tipos do vírus.
O medicamento apresenta um índice de proteção de cerca de 66%. O grupo brasileiro teve uma resposta maior aos testes, mas a média foi influenciada por um grupo da Tailândia que não reagiu bem ao antídoto. Nas pesquisas, constatou-se que a vacina preveniu a hospitalização em 80% dos casos e diminuiu em 93% a ocorrência da dengue hemorrágica. Dados do Ministério da Saúde mostram que, até a primeira semana de dezembro, 839 pessoas morreram devido à dengue.
Após a aprovação da vacina, o diretor-presidente da Anvisa, Ivo Buscaresky, e Daniela Cerqueira, da gerência de produtos biológicos do órgão, disseram que a rede pública de saúde terá prioridade para o uso da vacina, que ainda não tem preços definidos – o prazo para determinação do valor é de 90 dias, e, após esse período, começarão as discussões sobre financiamento e comercialização. Além disso, a Anvisa esclareceu que a imunização só é efetiva se as três doses da vacina forem tomadas, em intervalos de seis meses.