Uma comissão de vereadores formada por Rosimery da Apodec (DEM), Rodrigues da Ceaca (PRTB), Duda do Vassoural (DEM) e Gilberto de Dora (PSB), que é membro da Comissão Parlamentar de Saúde e Assistência Social, fez uma visita surpresa, esta semana, a várias unidades de saúde, dentre elas o Hospital Regional do Agreste – HRA. A visita foi motivada por denúncias feitas pela população de problemas no funcionamento nas unidades e, em específico, no hospital, considerado referência regional.
Logo na chegada os vereadores verificaram que o mato toma conta do acesso ao hospital e pediram à gestora financeira, Adilza Bezerra, que envie um ofício ao Departamento de Limpeza Urbana da prefeitura para que este faça a capinação “por todo o redor do hospital”. Já dentro do hospital, os vereadores viram muitos pacientes à espera de atendimento, como uma senhora moradora de Batateiras, “que aguardava no corredor para cirurgia ortopédica há mais de oito dias” e outra, de 72 anos, que também está esperando por uma intervenção cirúrgica ortopédica há mais de um mês.
Essas informações constam do relatório feito pela comissão, que relaciona vários outros problemas. “Na sala de sutura nada funciona, o espaço foi transformado em enfermaria onde encontramos até paciente vítima de tiro com dreno, que deveria estar em outro leito, e também não há médico evolucionista nos finais de semana”, apontou o documento, que destacou ainda que não havia macas disponíveis, “estavam todas ocupadas, inclusive algumas até emprestadas pelas ambulâncias”.
Os vereadores foram informados que o hospital dispõe de uma “sala de intermedicina”, para pacientes cardíacos, que recebe uma verba para sua manutenção e que, no entanto, se encontra desativada, sendo utilizada para acomodar pacientes com outros diagnósticos. “A Sala Verde estava super lotada, pacientes – que deveriam passar 24h – estavam lá há vários dias, outros pacientes estavam nos corredores, em pé, internos mas sem leito, sem lugar para sentar, alguns em bancos plásticos emprestados, outros em leitos de papelão, inclusive acompanhantes”, denuncia ainda o relatório dos edis, que traz fotos mostrando esses e outros problemas como vazamento nos banheiros e tetos com infiltração.
A comissão conversou com pacientes e acompanhantes e ouviu relatos preocupantes, como o de um senhor que teve que ir até o centro da cidade comprar remédios para uma paciente, pois o hospital não tinha, e quando retornou, ainda assim a senhora teve problema em ser medicada pois o HRA não tinha nem água nem copo descartável para que ela tomasse a medicação. Os edis tomaram conhecimento ainda de outra ocorrência séria: uma paciente vítima de acidente de moto, internada lá há mais de 30 dias, sofreu uma cirurgia no joelho e, dois dias após a operação, “a equipe médica descobriu que ela tinha fraturado o fêmur”, tendo que se submeter a nova intervenção. “Por que não perceberam isso durante a cirurgia???”, questionou a paciente.
Durante a visita, acompanhada pela enfermeira Mônica de Melo Macedo, representante da Secretaria Estadual de Saúde, gestora do HRA, os vereadores conversaram também com alguns médicos, como o clínico João Ferraz, que falou da dificuldade de oferecer atendimento pela superlotação do hospital, que recebe pacientes de muitos outros hospitais como o João Murilo, de Vitória de Santo Antão. De acordo com João Ferraz, O HRA enfrenta problemas até de falta de equipamentos, como o de tomografia, tendo os médicos que recorrerem a prestadores particulares externos.
De acordo com os vereadores, a Secretaria Estadual de Saúde informou que está providenciando um setor de Ouvidoria no hospital para acolher as críticas e sugestões e dar as necessárias soluções.
Assim que for finalizado, o relatório das visitas da comissão às unidades públicas de saúde será encaminhado às secretarias de saúde do Estado e do município, ao gabinete do governador, ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Estadual de Saúde.