O nosso dia a dia tem sido cada vez mais barulhento. Na rua, no trabalho ou em casa temos a constante sensação de que o “volume da vida” aumentou. Buzinas, carros de som, camelôs, obras, fones de ouvido, eletrodomésticos, pessoas conversando em tom alto, gritaria de crianças, cachorro, telefone, equipamentos eletrônicos… Ufa! São tantos sons que às vezes fica difícil até saber de onde vem cada um. E nós seguimos aumentando o volume para ouvirmos melhor o que realmente nos interessa em cada momento. Porém, essa overdose sonora que nos atinge voluntária ou involuntariamente pode trazer sérios riscos para a saúde dos ouvidos. Neste dia 10 de novembro, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, que tal abaixar o volume e ficar alerta a algumas dicas?
Já se sabe que a perda auditiva começa a surgir mais cedo entre os moradores de grandes cidades e o trânsito pode ser um dos vilões. Para fugir dos barulhos do tráfego intenso e da movimentação nas ruas muitas pessoas recorrem aos fones de ouvido. Eles são nossos parceiros para ouvir música em momentos do dia a dia. Mas esse companheiro inseparável pode ser extremamente perigoso se o volume do som nos fones estiver em níveis acima do recomendado. Dê preferência aos fones estilo concha, que além de serem mais confortáveis, se ajustam ao ouvido permitindo o máximo do isolamento do barulho ambiente, estimulando ao usuário a manter o volume da música em nível adequado aos ouvidos.
“O problema relacionado ao uso de fones de ouvidos está ligado ao volume e ao tempo diário em contato com o ruído. A exposição intensa e frequente acima de 85 decibéis pode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo”, conta a fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas
A especialista em audiologia ressalva, no entanto, que as consequências do uso frequente de fones de ouvido não são as mesmas para todos. Além de variar de acordo com o período de exposição, a perda aditiva está ligada também à predisposição genética de cada um. “Recomendamos aos jovens que usam fones com frequência que façam uma audiometria. É o exame que informa se há perda de audição e como proceder para evitar o agravamento do problema”, aconselha.
O nível de barulho em casa também tem grande impacto na saúde auditiva. TV, rádio, liquidificador, aspirador de pó, secador de cabelos, aparelhos de som, jogos de videogame, smartphones e tablets fazem parte do nosso cotidiano e podem facilmente extrapolar os limites de decibéis. É fundamental estar atento ao barulho que eles emitem não só em respeito aos vizinhos, mas também em benefício da própria saúde. Se perceber que o barulho está incomodando, uma solução barata e inteligente é usar protetores de ouvido.
Outra situação em que vale usar protetores auriculares é se você é amante do ronco de um motor. Estudo do Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação, dos EUA, constatou que uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis. Lembrando que ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna do ouvido e perda permanente de audição com o decorrer dos anos. Imagina o estrago que o hábito de pilotar diariamente a moto pode causar!
E até no ambiente escolar os danos auditivos podem ter início, trazendo riscos às crianças desde a sua formação. O barulho típico da criançada fazendo algazarra no pátio, na sala de aula, ou correndo pelos corredores é um cenário natural na infância, mas que esconde um sério problema: o excesso de ruído, que pode causar estresse, falta de concentração e até uma progressiva perda auditiva, que não será sentida de imediato, mas terá reflexos mais tarde. Além disso, é importante que os pais examinem a audição de seus filhos no início da vida escolar. Crianças com dificuldades para ouvir não aprendem direito. Costuma ter conflitos de relacionamento e apresentam distúrbios de comportamento como distração, falta de concentração ou retraimento em excesso. É preciso investigar logo para que isso não afete o aprendizado.
“A grande preocupação é que a ‘Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados’ (PAINPSE) tem efeito cumulativo. Dependendo do volume e do tempo de exposição ao som elevado, além de uma predisposição genética, o indivíduo pode sofrer danos auditivos cada vez mais severos, de forma contínua e elevada ao longo da vida. E as novas gerações serão as maiores vítimas dessa perda precoce, em razão do uso de fones, boates, da vida cada vez mais barulhenta”, alerta a fonoaudióloga da Telex.
Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, melhor. Quando o dano ainda é pequeno, é mais fácil devolver os sons ao indivíduo, geralmente com o uso de próteses auditivas. O problema é que a maioria das pessoas que têm problemas de audição não reconhece que ouve mal. A falta de informação e o preconceito fazem com que a consulta ao médico seja protelada, em média, por sete anos. A boa notícia é que, graças aos avanços da tecnologia, os aparelhos auditivos hoje são minúsculos, discretos, alguns são até invisíveis, pois ficam dentro do canal auditivo, como os da Telex.
Ao desconfiar de dificuldades para ouvir, consulte um médico otorrinolaringologista para obter um diagnóstico preciso. A partir de avaliações como a audiometria, é indicado o tratamento adequado.