Pedro Augusto
Na semana passada, o presidente Michel Temer (PMDB) sancionou, com vetos, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que estabelece as prioridades e metas orçamentárias do Governo para o ano que vem. O texto aprovado foi publicado na edição do último dia (9), do Diário Oficial da União. Dentre as medidas a serem adotadas está o novo valor do salário mínimo, que passará dos atuais R$ 937 para R$ 969, representando um reajuste de apenas 3,7%.
Com o objetivo de esclarecer o leitor a respeito dos impactos que este aumento poderá provocar ou não na economia, VANGUARDA convocou o seu especialista na área, Maurício Assuero. Primeiro ele explicou porque o acréscimo no valor foi tão insignificante.
“Como o PIB estagnou, a variação do salário de R$ 937 para R$ 969 correspondeu a uma variação percentual de 3,7%, ou seja, menor do que o esperado. Analisando em números absolutos, o mínimo teve um aumento de R$ 32 e, se quisermos mostrar ainda mais o quanto isso representa, podemos ressaltar que o trabalhador ganhará menos de R$ 3 por mês como adicional de pagamento. Hoje, para se ter ideia desse reajuste insignificante, ele não compraria nem um litro de gasolina. As razões que levaram o Governo a fixar este teto não possuem qualquer relação com as normas adotadas pela gestão anterior. O problema são as contas públicas. O reajuste do salário acaba refletindo nos benefícios pagos pela Previdência e, como o déficit previsto de R$ 139 bilhões vai se transformar em R$ 159 bilhões, a situação para o próximo ano seria ainda mais complicada caso houvesse um reajuste maior.”
O colunista do VANGUARDA esclareceu que impactos com a confirmação do novo mínimo deverão provocar na economia nacional. “Precisamos analisar dois pontos. O primeiro está associado com quem paga. Numa crise econômica como esta, onde o governo está aproveitando para cobrir os seus acordos esdrúxulos, aumentar a remuneração implica agregar um custo difícil de ser recuperado. Imagine, por exemplo, o caso dos trabalhadores domésticos que é pago com a renda de outro trabalhador. Para o patrão, o custo é representativo. O segundo ponto é para quem recebe. Não cobre, de fato, as necessidades. Então, em termos reais de contribuição para a economia, teremos muito pouco. Essa contribuição não chegará nem aos 3,7% da variação do salário, porque os impostos reduzirão este aumento. O perigo é aumentar o desemprego, porque as prefeituras terão uma grande dificuldade em pagar salários, assim como as empresas privadas.”
De acordo ainda com Maurício Assuero, com a confirmação do novo mínimo, 2018 também se projeta como um ano bastante difícil para o trabalhador brasileiro. “Ano que vem teremos eleições e o presidente eleito levará, pelo menos, dois anos para ajustar as contas. Se for mantida esta política atual, vamos esticar o prazo para 2026. Precisamos de um presidente com coragem para cortar gastos, antes de aumentar impostos. O recente aumento no preço do combustível puxou os outros preços e, assim, o mercado já está projetando inflação maior. No caso específico da matriz energética, novas alternativas como energia solar e eólica precisam ser mais incentivadas.”
Além de confirmar o novo mínimo para 2018, o Governo Federal projetou valores baixos do mesmo para 2019 e 2020. Remunerações estas também questionadas por ele. “Essas projeções salariais não são nada animadoras. Acredito que tais previsões estão inseridas no contexto de irresponsabilidade inserido pelo Governo atual. Esse tipo de conjetura demonstra que o Governo está se lixando para o trabalhador brasileiro.”, finalizou Maurício Assuero. Ele assina a coluna Destaque Econômico do VANGUARDA.