Tradição, demonstração de afeto, merecimento, pressão dos filhos e familiares – motivos não faltam para justificar as despesas com a compra de presentes no Natal. Porém, muitas pessoas tomam decisões financeiras impensadas nesta época e acabam comprometendo o orçamento, gastando mais do que podem e se endividando. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) identificou que três em cada dez consumidores que têm intenção de presentear este ano possuem contas em atraso atualmente (34%) e 32% estão com o nome sujo no momento (queda de 6,9 p.p em relação ao ano passado).
O levantamento mostra que 16% costumam gastar mais do que podem nas compras do Natal, 7% pretendem deixar de pagar alguma conta para poder comprar presentes, 5% para conseguir participar das comemorações de Natal e 6% das comemorações de ano novo.
O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, alerta para o que pode ser um aliado na hora das compras, mas também um grande impulsionador do descontrole financeiro: o parcelamento. Cerca de 52% costumam dividir as compras de Natal em várias prestações, principalmente para que tenham condições de comprar todos os presentes (22%).
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta a importância de resistir aos excessos de consumo e, ao mesmo tempo, ficar atento ao parcelamento: “Dividir as compras pode ser uma boa alternativa, desde que sejam respeitados os limites do orçamento doméstico. De nada adianta parcelar se a prestação vai comprometer o pagamento de outras despesas importantes no dia a dia.”
Dois em cada cinco consumidores ficaram com nome sujo por causa das compras do Natal de 2016
Segundo a pesquisa, 18% dos que vão presentear este ano ficaram com o nome sujo por causa das dívidas pendentes com as compras de fim de ano de 2016, sendo que 11% ainda estão negativados e 6% já limparam o nome. Entre os que souberam informar, o valor médio das dívidas responsáveis pela negativação é foi de R$ 961.
“É compreensível o apelo ao consumo durante o Natal, mas a pessoa deve gastar de acordo com sua realidade financeira. Se há dívidas a pagar, assumir novos compromissos poderá piorar ainda mais este quadro. O ideal é restringir os gastos e equacionar as contas em atraso em primeiro lugar”, alerta Vignoli. “Também vale a pena planejar-se antes de sair de casa, avaliando o orçamento disponível para os presentes, elaborando uma lista com as pessoas a serem presenteadas e evitando que a empolgação do momento interfira nas decisões financeiras”, recomenda o educador financeiro.
Metodologia
As entrevistas se dividiram em duas partes. Inicialmente ouviu-se 1.632 consumidores nas 27 capitais para identificar o percentual de quem pretendia ir às compras no Natal e, depois, a partir de 600 entrevistas, investigou-se em detalhes o comportamento de consumo no Natal. A margem de erro é de no máximo 2,4 e 4,0 pontos percentuais, respectivamente. A uma margem de confiança de 95%.