Em pronunciamento como participante convidada, na Marcha da Consciência Negra, na terça-feira (21), em Paulista, a deputada Laura Gomes citou dados do IBGE que mostram vantagem para os brancos, em detrimento dos negros, na média salarial dos dois grupos, e revelam que os índices de desemprego atingem mais pesadamente os negros do que os que se declaram brancos, na última pesquisa PNAD-Contínua, divulgada na sexta-feira, 17. Para a deputada “os traços racistas vindos da escravidão ainda permanecem no Brasil do Século XXI e a superação dessa triste realidade ainda vai exigir muita luta”.
A última versão da PNAD informa que os negros (soma de pretos e pardos, no conceito do IBGE), representam 63,7% dos desempregados no país ou 8,3 milhões num universo de 13 milhões de brasileiros que buscam trabalho. Assim, os negros alcançam a taxa de desemprego de 14,6%, contra 9,9% dos brancos. Quando se trata de rendimentos, os que se declaram brancos recebem uma média de R$ 2.757 contra R$ 1.531 dos negros.
Entre a população que trabalha o quadro é também desigual. Os pretos e pardos ganham menos, ocupam vagas piores e têm menos estabilidade no emprego. Em setembro, a organização internacional Oxfam informou que o Brasil ainda levaria 70 anos para equiparar os rendimentos dos negros aos dos brancos. Isso ocorreria em 2089, mais de dois séculos depois da Lei Áurea. A projeção, no entanto, terá que ser revista. De acordo com a PNAD, a desigualdade voltou a crescer nos últimos 12 meses.
“O Brasil, um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão, ainda hoje promove a discriminação racista tanto no plano social como no aspecto econômico. A mentalidade escravocrata está viva, como demonstram os números insuspeitos do IBGE. A data da morte de Zumbi, o herói do Quilombo dos Palmares, e Dia da Consciência Negra, deve nos levar a refletir profundamente sobre essa marca nefasta da nossa história”, analisou a socialista, que foi convidada da Secretaria de Educação de Paulista para a Marcha da Consciência Negra.