Pouco mais de uma semana após o início da chamada janela partidária – período em que os deputados podem trocar de partido sem risco de perder o mandato –, ao menos 27 parlamentares confirmaram mudança de legenda até a última sexta-feira (16), de acordo com levantamento do Congresso em Foco. Outros nomes ainda avaliam o seu futuro político e mantêm reserva sobre as negociações em andamento.
O PSL, nova sigla de Jair Bolsonaro (RJ), foi o que mais cresceu até o momento: sete filiações já estão confirmadas e uma em fase final de negociação. Esse é o caso do deputado Major Olímpio (SP), que acerta os últimos detalhes de sua saída do Solidariedade.
Já o MDB, do presidente Michel Temer, é o que acumula mais baixas até aqui: sete desfiliações e nenhum ingresso até o momento. Dessas, cinco são de deputados do Rio de Janeiro, que abandonaram a sigla em meio ao desgaste provocado pelas condenações do ex-governador Sérgio Cabral, pelas denúncias contra o governador Luiz Fernando Pezão e pela grave crise financeira que atinge as contas do estado.
Impulsionados pela debandada no MDB, os parlamentares fluminenses são os que mais migraram até agora: oito dos 46 integrantes da bancada se refugiaram em nova filiação partidária nos últimos dias.
Pela legislação eleitoral, de 8 de março a 6 de abril, deputados podem sair das legendas pelas quais foram eleitos para se filiar a outras siglas sem correr o risco de ter o mandato reivindicado na Justiça por infidelidade partidária. A brecha legislativa, criada para contemplar as pretensões dos políticos em ano eleitoral, deu início a um “leilão” de parlamentares na Câmara.
Os lances vão desde promessas de financiamento do partido e tempo no horário eleitoral para as campanhas a espaço dentro das legendas, como comando de diretórios e cargos nas executivas partidárias. Em meio a essas negociações, alguns deputados ainda mantêm o clima de mistério, conversam com um e outro partido político, mas postergam a definição de seu futuro. PTB e PR, por exemplo, chegam a oferecer R$ 2,5 milhões de repasses dos fundos eleitoral e partidário aos deputados para financiar a campanha dos atuais e dos novos deputados. O valor corresponde ao teto do gasto de um postulante a esse mandato.
O deputado Rodrigo Pacheco (MG), que presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e conduziu o encaminhamento das duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer em 2017, também trocou o MDB pelo DEM. Enquanto os emedebistas articulam a reedição da aliança com o governador Fernando Pimentel (PT-MG), Pacheco planeja sua candidatura ao governo de Minas Gerais, sonho que deve viabilizar pelo Democratas.
“Infelizmente, prevaleceram outras forças do partido que levarão à reedição da equivocada aliança com o PT na eleição deste ano”, justificou o deputado ao anunciar sua saída do MDB. O líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), acredita que o partido conseguirá reequilibrar o jogo, trazendo até dez novos filiados até o fim da janela partidária.