Empresas de PE e SE sonegaram R$ 122 milhões com esquema criminoso

Diário de Pernambuco
De acordo com a delegada Priscilla Von Sohsten, há mais empresas envolvidas no esquema - Leandro de Santana/Esp. DP
De acordo com a delegada Priscilla Von Sohsten, há mais empresas envolvidas no esquema – Leandro de Santana/Esp. DP

Um esquema de sonegação de impostos envolvendo empresas dos estados de Pernambuco e Sergipe movimentou cerca de R$ 122 milhões. De acordo com a Polícia Civil, uma organização criminosa envolvida com crimes contra a Ordem Tributária e falsidade ideológica criava empresas fantasmas e emitia notas fiscais falsas para sonegar e até fazer lavagem de dinheiro. Os mandados de busca e apreensão foram realizados em Vitória de Santo Antão, Recife, Ipojuca, Cupira e na cidade de Propriá, no estado de Sergipe, em empresas reais. As empresas fictícias tinham endereço em regiões do interior pernambucano

Entre as empresas envolvidas, está a Engarrafamentos Pitu, que fabrica a cachaça no município de Vitória de Santo Antão. Além da cachaçaria, estão sendo investigadas Construtora Andrade Guedes, Cupira Atacarejo e as distribuidoras DS e Megga. Até agora, foram emitidos quatro mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporárias e nove mandados de busca e apreensão.
Segundo a Polícia Civil, sete empresas laranjas emitiam e recebiam notas ficais. Duas pessoas identificadas como “testas de ferro” ainda continuam foragidas: Robson Félix da Silva e Juliana Duarte de Andrade, casados, que estão no exterior. A Polícia descobriu que Juliana tinha 11 CPFs emitidos com nomes e fotos diferentes. As investigações apontaram que os dois emprestaram o próprio nome sabendo do esquema para constar como sócios nas empresas laranjas. Outras oito pessoas foram presas.
“A movimentação financeira realizada por essas empresas foi de R$ 122 milhões. Já foi lavrado auto de infração por R$ 29 milhões sonegados. Vamos continuar as investigações porque existem mais empresas que, de fato, operaram com as empresas laranjas. É possível dizer que esse dinheiro foi sonegado ou lavado, já que essas empresas também podem ser usadas para lavagem de dinheiro”, explicou a delegada Priscilla Von Sohsten.
Desses R$ 122 milhões, já foram autuados os valores de R$ 29 milhões movimentados por sete empresas envolvidas. Com o valor de R$ 122 milhões, daria para manter pelo menos seis hospitais públicos por cerca de seis meses.  “A Nota Fiscal Eletrônica trouxe essa visibilidade. A gente pode enxergar com mais facilidade, cruzar melhor as informações e chegar a esse universo. A partir do cruzamento de informações identificamos pelo bairro e sócio algumas características que levam às diligências da Secretaria da Fazenda. O objetivo final do trabalho é coibir a sonegação para que isso não se torne uma situação no estado e esse dinheiro seja reinvestido pelo governo para benefício da população”, comentou o diretor de operações estratégicas da Sefaz, Luiz Rodolfo de Araújo.

A reportagem procurou as empresas envolvidas, mas só conseguiu um posicionamento da Pitú e da Cupira Atacarejo. Em nota, a cachaçaria diz: “A Engarrafamento Pitú, empresa familiar com mais de 80 anos de história, líder na região Nordeste, tem em sua cultura empresarial a retidão de comportamento, o respeito às leis e o compromisso de cumprir todas obrigações. Neste sentido, está, como sempre esteve, à disposição para colaborar com o poder público, prestando informações e documentos que são solicitados, não tendo sido alvo de nenhum mandado de prisão”.

Já a Cupira Aracarejo comenta, também em nota, que “recebeu com surpresa a equipe da Deccot na manhã de ontem, pois sempre atuou pautada pela ética e licitude em sua atividade”. “Ainda não tivemos acesso aos motivos que lastrearam a representação da autoridade policial, mas certos da competência dos profissionais envolvidos, acreditamos ter ocorrido equívoco pontual que será sanado em breve e ainda durante o inquérito. Estamos à disposição para novos esclarecimentos e certos que a justiça ao final prevalecerá”, complementa a empresa.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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