Foto: Sérgio Lima/AFP |
Diário de Pernambuco
A maioria da população discorda de declarações controversas dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas últimas semanas, aponta pesquisa do Datafolha. Desde que incorporou à sua rotina manifestações diárias a jornalistas na frente do Palácio da Alvorada, no mês de julho, o presidente subiu o tom de declarações, contribuindo até para uma crise diplomática por causa de comentários sobre incêndios na Amazônia.
Em pesquisa feita entre os dias 29 e 30 de agosto em 175 municípios em todo o país, o Datafolha questionou os entrevistados especificamente sobre quatro afirmações feitas por Bolsonaro recentemente. Uma dessas frases foi sobre preservação ambiental: “É só você deixar de comer um pouquinho. Você fala para mim em poluição ambiental. É só você fazer cocô dia sim, dia não”. A declaração foi dada a jornalistas na saída do Alvorada em 9 de agosto.
Segundo o Datafolha, 88% dos entrevistados disseram discordar da declaração do presidente, e 10% disseram concordar com o que foi dito. Não concordam nem discordam 1% dos entrevistados, e 2% não souberam responder. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. Foram ouvidas 2.878 pessoas. Outra declaração pesquisada pelo Datafolha em contexto de discussão sobre meio ambiente foi: “As pessoas que têm mais cultura têm menos filhos. Eu sou uma exceção à regra, tenho cinco”.
Em relação a essa afirmação, dada também no dia 9, 63% disseram que discordam de Bolsonaro, e 33% afirmaram que concordam. Uma das afirmações de Bolsonaro que geraram mais repercussão nos últimos meses usou um termo pejorativo para se referir ao Nordeste.
“Daqueles governadores ‘de paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”, disse antes do início de um café com jornalistas em julho.
Segundo a pesquisa, disseram discordar com essa afirmação 69% dos entrevistados, e 22% concordaram. O Datafolha também ouviu os entrevistados sobre afirmação feita por Bolsonaro a respeito da indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho dele, para a Embaixada do Brasil em Washington. “Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo, está certo. Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou”, disse o presidente no dia 18 de julho, em transmissão ao vivo em redes sociais.
Em relação a essa declaração, disseram discordar 70% dos entrevistados, e 27% disseram concordar. Não concorda nem discorda 1%. No recorte por estrato da população, a rejeição às afirmações de Bolsonaro tende a cair alguns pontos percentuais no Sul do país, onde o presidente conseguiu seu melhor resultado no segundo turno da eleição de 2018, e entre eleitores que declararam ter escolaridade de nível fundamental. A discordância às quatro afirmações citadas sobe entre jovens de 16 a 24 anos e no grupo com renda familiar mensal de mais de dez salários mínimo