Ação popular tenta impedir instalação de subestação da Celpe no Indianopólis

Wagner Gil

Há vários meses, a possível instalação de uma subestação da Celpe, no cruzamento da Avenida Adjar Casé com o início do Anel Viário, está tirando o sono de moradores, comerciantes e trabalhadores do Bairro Indianópolis. Caso seja confirmada, a subestação vai funcionar em uma das esquinas que ficam localizadas em frente à saída do Caruaru Shopping , uma das áreas de moradia mais valorizadas da cidade.

Uma ação popular foi protocolada com o nº de processo 00007278-72.2019.8.17.2480, ficando sob a competência da 2ª Vara da Fazenda Pública. Entre os autores, estão engenheiros, advogados, jornalistas, professores, corretores de imóveis e populares das mais variadas profissões. “Estamos preocupados também com questões de ordem ambiental e de saúde pública”, disse o comerciante Ivan Caetano Souza. “Tenho dois filhos e eles correrão risco de contrair doenças com tanta radiação eletromagnética, inclusive o câncer”, afirmou a professora Magdala Vieria Souza.

Outra questão também é urbanística. “A possibilidade de se ter uma subestação naquele local também fere questões urbanísticas e o plano diretor”, avaliou o advogado Saulo Santos, responsável pela ação popular. Denominada de Subestação de Energia Elétrica Salgado 69/13,8 kV.

Especialista em direito ambiental pela Universidade de Lisboa, a mestre e advogada Renata Menezes destacou ainda a proximidade da subestação com um posto de gasolina que fica a poucos metros e do outro lado da via. Além disso, existem nas imediações o Caruaru Shopping, o Senac, o centro universitário UniFavip/Wyden.

“A problemática socioambiental em questão é sobre a poluição eletromagnética e a inconveniência da localização pretendida para a instalação da subestação. Isso poderá ocasionar riscos à segurança da localidade e à saúde da população que reside nas mediações e bairros adjacentes”, destacou a mestre em direito ambiental.

Em entrevista ao programa Jornal VANGUARDA, que vai ao ar pela Caruaru FM, Renata Menezes explicou que, em alguns locais residenciais, existem estações, mas essas estações foram erguidas quando os locais próximos não eram habitados.

Dois exemplos foram citados por nossa reportagem, que são as subestações dos bairros Petrópolis e Maurício de Nassau. “Outro detalhe interessante é que, na época que essas subestações foram instaladas, não existia estudo sobre os prejuízos à saúde”, explicou doutora Renata. “Hoje pela nossa situação urbanística e pelos estudos, isso representa um risco ao ser humano”, completou.

Saulo Santos lembrou ainda que a Celpe tentou instalar uma subestação em Petrolina, mas a obra está embargada. “Em Petrolina, a obra está paralisada. Basta pesquisar na internet, é fácil. O município embargou em razão dos inconvenientes que podem trazer à sociedade. A poluição eletromagnética de forma prolongada causa prejuízo enorme à saúde. Vale lembrar que esse projeto da Celpe é novo, de menos de dois anos, e em um bairro já desenvolvido. Muitas pessoas apostaram seus sonhos e economias em um bairro nobre. Agora, são surpreendidas com a implantação de um equipamento que traz prejuízo às moradias locais e à saúde pública”, reforçou o advogado.

O empresário do setor imobiliário, Jaime Anselmo, alertou que, antes de liberar um equipamento desta natureza, é preciso avaliar bem os impactos de vizinhança que poderão ser causados. “Onde está se pretendendo construir a subestação é uma área valorizada e muito, muito habitada. A densidade populacional cresce ainda mais quando analisamos que tem uma faculdade com mais de dez mil alunos e que poderão ser vítimas de eventuais danos”, destacou o empresário.

Anselmo afirmou que o ‘equipamento não cabe’ naquele local. “Ali existem muitos prédios, milhares de residências. Com a subestação instalada, não poderá ter mais edifícios no entorno. Isso vai causar enormes prejuízos para toda a área. O pior de tudo ainda é a questão da saúde que a radiação eletromagnética pode causar”, alertou Jaime.

NOTA:

A prefeitura, que havia liberado a licença ambiental, posicionou-se através de nota que publicamos na íntegra: “A Prefeitura de Caruaru, por meio da Autarquia de Urbanização e Meio Ambiente (URB), informa que em conformidade com a Resolução Conama nº 279/2001, que considera, equipamentos de sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações) de pequeno potencial de impacto ambiental”, logo emitiu as Licenças Prévia e de Instalação Ambiental, solicitado pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). E ainda que a Licença de Construção não foi emitida e que o processo continua em tramitação. Desta forma, esclarecemos que o município segue as normas legais para liberação do projeto e que estamos à disposição para responder à justiça.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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