Odilio Balbinotti Filho*
O atual cenário aponta que o Brasil ultrapassará os Estados Unidos como o maior produtor de soja do mundo na safra 2019/2020. Não é um feito qualquer. Nosso país colherá mais que a maior potência do planeta a commodity agrícola mais importante do mercado. E como chegamos a esse patamar? Podemos dizer que é nossa extensão territorial, o investimento em tecnologia, as pesquisas, o acesso à informação ou tudo isso junto. Sim, mas se fosse para indicar apenas um motivo, com certeza, é o inconformismo dos agricultores.
Historicamente, o agricultor brasileiro nunca se contentou com a realidade. Como exemplo, temos a migração dos produtores do Sul para outras regiões, como Centro-Oeste, Matopiba e até outros países. Ao conquistar novas áreas ou permanecendo nas propriedades da sua região de origem, sempre procurou alternativas para melhorar a produtividade, com mudanças no manejo (o plantio direto, talvez, seja o mais significativo), aquisição de sementes de melhor qualidade, maquinários, técnicos e engenheiros competentes, enfim, uma série de atividades oriunda do seu constante inconformismo.
Apesar desses fatores, o produtor rural sabe que sempre há um “quê” de aposta na escolha da melhor cultivar. Mesmo com todo o dever de casa feito, somente após a prática e alguns anos de testes o agricultor começa a se tranquilizar. Entretanto, ele não precisa mais passar por isso. Com a nossa experiência como agricultores e gestores de um grupo que produz sementes há 40 anos, desenvolvemos uma tecnologia que facilita a vida do produtor e aumenta sua rentabilidade. Tudo isso de graça.
Há menos de um ano, o Grupo Atto lançou a PlantUP, uma plataforma que dá o raio-x da região onde está inserida a propriedade de quem se cadastrar. O alcance é de quatro a cinco municípios de distância. Com PlantUP, é possível conhecer com exatidão como foi feito o cultivo da soja, milho e/ou algodão, talhão a talhão, pelos produtores vizinhos. O produtor cadastrado na plataforma participa de um grupo de compartilhamento com seus colegas produtores, que amplia sua área de experiência proporcionando decisões mais seguras, e com total privacidade.
Qual população por hectare? Quando plantar? Qual cultivar escolher? Esta última pergunta se torna mais delicada quando pensamos que anualmente 150 cultivares de soja e 350 de milho são lançadas no Brasil. A PlantUP funciona no agro como o Waze no transporte: anônimos, passando pelo mesmo local onde você irá percorrer, apresentando a realidade da rota para facilitar o trânsito. Todos ganham e, repito, de graça.
A eficiência da plataforma é comprovada pelos agricultores que a estão utilizando, já que ultrapassou seis milhões de hectares cadastrados no Brasil e no Paraguai, com aumento diário de área. Esse número é representado por agricultores como Pedro Borges, de 27 anos, que produz no município de Itiquira (MT) em 190 hectares. Com a plataforma, ele tem uma contraprova das informações dos consultores. Já o agricultor José Eduardo Rubio, 36 anos, com 2.135 hectares em Vera e União do Sul (ambos MT), consegue uma economia com custo em semente de 10%, pois reduziu a população. Além disso, Rubio verificou o aumento de duas sacas de soja por hectares, sem precisar gastar mais por isso.
O cadastro no PlantUP deve ser feito no site meuplantup.com, por qualquer produtor rural, independentemente do tamanho de propriedade e níveis de tecnologias aplicadas. O acesso e o cadastro podem ser por desktop, smartphone ou tablet.
Da época em que se colhia com as mãos até as modernas máquinas trabalhando em linha, a agricultura brasileira vivenciou revoluções. E continua vivenciando. O produtor rural brasileiro, mesmo que ainda não tenha percebido, está no meio da mais desafiadora das revoluções: a da informação. Porém, agora, ele tem um meio confiável de passar por ela. Com PlantUP, fica a certeza que o agricultor brasileiro pode continuar batendo recordes.
*Odilio Balbinotti Filho é presidente do Grupo Atto.