Campanha mundial alerta para a prevenção das doenças renais

No dia 12 de março de 2020 será comemorado o Dia Mundial do Rim, data que busca alertar a população para doenças renais. Nesta data, as entidades brasileiras em defesa da saúde do rim, pacientes e clínicas de diálise se unirão em diversas atividades pelo país para ressaltar a importância da saúde renal e conscientizar as pessoas sobre a necessidade da prevenção. A iniciativa também busca mobilizar o governo sobre investimentos para a hemodiálise, fundamental para a sobrevivência de mais de 133 mil pacientes renais crônicos no Brasil que dependem do tratamento para manter uma vida próxima do normal.

Brasília será um dos centros da campanha, que traz o tema “Saúde dos rins para todos. Ame seus rins. Dose sua creatinina!”, por meio da realização de sessão especial no Senado Federal às 12h do dia 12. Junto com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (FENAPAR), a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) vai apresentar e debater o cenário nefrológico do país com parlamentares.

No evento, o Dr. Yussif Junior, presidente da ABCDT, abordará o panorama das clínicas de diálise e os desafios enfrentados diariamente para oferecer um tratamento de qualidade aos pacientes renais que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). A luta pelo reajuste no custo da sessão de hemodiálise será discutida com parlamentares da Casa na presença da comunidade, redes clínicas, indústrias, médicos, equipes multidisciplinares e familiares de pacientes com doenças renais

Na mesma data, em frente ao Congresso Nacional, será inflado um rim gigante para chamar a atenção da população e a ABCDT oferecerá gratuitamente serviços de aferição de pressão, teste glicêmico e distribuição de folders sobre as doenças renais crônicas. A SBN também fará a campanha de prevenção no Espaço Mário Covas, na Câmara dos Deputados. Segundo Dr. Yussif Junior, além de orientar a população para mudar hábitos alimentares e físicos, a iniciativa visa alertar forças públicas a manejarem a saúde em prol de diagnósticos e tratamentos rápidos e precisos.

Principais pleitos

O valor pago pelo Ministério da Saúde por sessão de hemodiálise está abaixo do custo real e não acompanha a cotação do mercado. O tratamento ficou quatro anos sem reajuste e somente em janeiro de 2017 foi publicada no DOU Nº 06 seção 01, a portaria Nº 98, a última responsável por ajustar valores de procedimentos de Terapia Renal Substitutiva (TRS) na tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do SUS. A sessão passou de R$ 179,03 para R$ 194,20, com reajuste de 8,47%. Porém, a nova quantia ainda é insuficiente e as clínicas precisam arcar com a diferença de R$ 37,42 em cada sessão.

Grande parte dos insumos, como produtos e maquinários, são importados, além de gastos com dissídios trabalhistas, folha de pagamento, água, energia e impostos. Com todas essas despesas e a grave diferença de valor, a maioria das clínicas de diálise prestadoras de serviço ao SUS precisa recorrer a empréstimos bancários. Para um trabalho justo e de qualidade, o reajuste deveria ser de 30%, com sessões de hemodiálise a R$ 253. Devido ao valor injusto, muitas clínicas são impossibilitadas de disponibilizar mais vagas para o tratamento da doença, resultando em um grande número de pacientes na fila de espera.

De acordo com Dr. Yussif Junior, presidente da ABCDT, a principal preocupação está ligada à menor oferta de tratamento à população: “As clínicas estão em insolvência financeira, muitas em fase falimentar, e já ultrapassaram todos os limites de sobrevivência. A consequência disso é que os pacientes renais crônicos, que dependem da hemodiálise três vezes por semana – 4h por sessão – para sobreviverem, poderão ficar sem tratamento, até mesmo vindo à óbito.” Por este motivo, as clínicas que oferecem tratamento renal travam uma batalha incessante para tentar equiparar o valor pago pelo Ministério com o custo real da sessão de hemodiálise.

Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que a diálise peritoneal – tratamento que filtra o sangue do paciente por meio de um cateter flexível no abdômen para a infusão de líquido de diálise – é realizada em casa e pode representar uma economia de 5% aos cofres públicos e gerar qualidade de vida ao paciente. Entretanto, segundo a ABCDT, a terapia ainda é subutilizada pelo sistema de saúde. A entidade calcula que atualmente, no Brasil, somente nove mil pacientes realizam esse tipo de tratamento.

Saúde dos rins para todos

De acordo com a SBN, estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com doença renal, decorrente de várias causas. A Doença Renal Crônica (DRC) causa pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com uma taxa crescente de mortalidade. A Injúria Renal Aguda (IRA), um importante fator de risco para Doença Renal Crônica, afeta mais de 13 milhões de pessoas no mundo, sendo que 85% desses casos ocorrem em países de baixa e média renda. Estima-se que cerca de 1,7 milhões morram anualmente por causa da IRA no mundo. Neste ano, a campanha “a saúde do rim para todos” propõe uma cobertura universal de saúde para prevenção e tratamento precoce da doença renal.

Sobre a ABCDT

A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país. Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde, Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.

Serviço

Sessão Especial Comemorativa ao Dia Mundial do Rim

Data: 12/03/2020 às 12h

Local: Plenário do Senado Federal

Inscrições: neste link

Atendimento gratuito ao público no Dia Mundial do Rim

Data: 12/03/2020 – das 11h às 16h

Local: Avenida das Bandeiras, em frente ao Congresso Nacional

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