Pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, aponta que no Nordeste 47% das famílias estão participando mais da educação dos estudantes durante a quarentena. A relação da família com a escola é priorizada no combate ao abandono escolar, que é temida por 35% dos responsáveis pelos estudantes desta região.
“Famílias estão acompanhando mais de perto o ensino para seus filhos e valorizando o papel central do professor. São transformações que vêm para dar mais força a iniciativas de valorização da profissão docente, assim como da parceria família-escola”, explica a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
O levantamento aponta que, no Brasil, 71% dos responsáveis pelos estudantes estão valorizando mais o trabalho desenvolvido pelos professores e 94% consideram muito importante que os docentes estejam disponíveis para correção de atividades e esclarecimento de dúvidas durante as aulas não presenciais.
Para as famílias do Nordeste, 68% consideram que as aulas remotas foram eficientes no aprendizado aos estudantes. A média nacional foi de 64%. Em relação ao acesso aos conteúdos escolares, 89% receberam atividades – 28 pontos a mais do que na primeira onda da pesquisa, realizada em março. A média nacional é de 92%.
Por outro lado, o mapeamento mostrou os principais desafios que devem ser enfrentados de agora em diante. Os estudantes do Nordeste estão menos motivados para realizar as atividades em casa. Em maio, 43% se sentiam desmotivados, agora são 47%.
A percepção das dificuldades de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 63%. Também para 28%, o relacionamento em casa piorou após o início das atividades remotas.
Segundo o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, a preocupação dos pais com uma possível desistência da escola pelos estudantes é um alerta para toda a sociedade. “A evasão e o abandono escolar não são um evento pontual, mas algo que terá reflexo sobre o estudante, sobre sua família e sobre a sociedade como um todo, aumentando ainda mais a desigualdade. Toda a sociedade deve estar engajada para evitar que o estudante desista da escola”, diz.
A investigação traz ainda um retrato mais abrangente da pandemia, para além de aspectos diretamente relacionados à educação. O fechamento das escolas tirou refeições importantes para estudantes em situação vulnerável, por exemplo. Para 52% das famílias do Nordeste, a falta de refeição que os estudantes faziam na escola está pesando no orçamento, este é o maior índice no país. A média nacional é de 42%.
Pesquisa
Essa é a quarta onda da pesquisa Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias. Foram entrevistados 1.021 pais ou responsáveis de 1.553 estudantes das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, no período de 16 de setembro a 2 de outubro.