Artigo: Eduardo e Mônica

Por João Américo de Freitas

“Eduardo e Mônica era nada parecido”, ele é general e ela enfermeira. Os dois personagens, Eduardo Pazuello e Mônica Calazans, são a síntese dos “brasis” e de como a pandemia divide mais que soma. “E mesmo com tudo diferente”, podemos citar uma semelhança entre Eduardo e Mônica, ambos servem a uma estrutura de poder, com fins políticos eleitoreiros. Evidente que as semelhanças param por aí, Eduardo não deveria estar onde está, já a Mônica, sim.

A vacina é a boa nova que chegou para por um fim à pandemia. Tomando como exemplo Israel, país com maior índice de pessoas vacinadas no mundo, com de cerca de 45%, cujos números de hospitalização em decorrência da COVID-19, após a vacinação, caíram, significativamente, para o patamar de 60%, excetuando-se as polemicas relativas à vacinação israelense, devemos entender que só sairemos do buraco da pandemia através vacina.

Voltando aos nossos “brasis” e seus governantes, e a guerra política que se tornou a vacina, só um lado saiu vitorioso e colherá certamente os dividendos políticos de suas escolhas para por uma solução final na pandemia. Mônica é o símbolo do plano exitoso do governador João Doria, que apostou corretamente na vacina como meio eficaz de combater a COVID-19. Já Eduardo simboliza o aparelhamento macabro, sem noção e desrespeitoso, dentro de um governo que escolheu um militar sem nenhuma experiência na área de saúde, para definir os rumos da saúde no Brasil, em plena pandemia.

Bolsonaro, por sua vez, talvez seja o único chefe de Estado, no mundo, que não tenha comemorado a chegada da vacina, deixando escapar, no primeiro momento, um “apesar da vacina”. E a chegada do imunizante representa uma derrota para o Presidente, que trabalhou ativamente para inviabilizar a sua vinda para o povo brasileiro.

“E a Mônica riu” e disse “Vamos nos vacinar, não tenham medo. Isso que estamos precisando, isso que a gente estava esperando: a vacina”. “E o Eduardo, meio tonto” não teve alternativa senão a de aderir irrestritamente à vacina da China, que depois, segundo Bolsonaro, passou a ser a vacina do Brasil.

“E mesmo com tudo diferente” entre Eduardo e Mônica, devemos louvar Mônica, que é uma profissional de saúde da linha de frente, que entrega seu trabalho na UTI do hospital Emílio Ribas, e também sua vida, pois obesa, hipertensa e diabética, foi voluntária nos estudos da Coronavac, com o objetivo de salvar vidas. Quanto ao Eduardo, devemos repudiar sua governança marcada pela incompetência e desconexão com a ciência, sendo preposto de um Presidente delirante, negacionista e insensível.
Apesar de toda desinteria verborrágica, o Presidente, que acusou a Coronavac de provocar “morte, invalidez e anomalia”, e de dizer: “vacina chinesa do Doria? Não vou comprar”, não teve alternativa, senão a de sucumbir e perder a guerra para Doria, com consequências políticas ainda incalculáveis. A sociedade quer tomar a vacina, pois a ampla maioria do povo brasileiro, 89%, segundo pesquisa data folha, pretende se vacinar.

Esperamos que a razão da ciência e o coração humanitário sejam os guias, e que coisas feitas pelo coração e com razão modifiquem o cenário de guerra, valorizando a vida acima de tudo:
“E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?”

João Américo de Freitas é analista político da Caruaru FM e advogado

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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