Artigo: Você tem fome de que?

Por João Américo de Freitas

Você já comeu hoje? Muita gente ainda não!

Conforme já havíamos escrito, a pandemia agravou ainda mais nossas maiores mazelas, a desigualdade, a pobreza e a fome se alastraram.
A fome, que já eram um grave problema social, passou a ser uma tragédia humanitária sem precedentes.

Segundo o IBGE, 10,3 milhões de pessoas viviam em domicílios em que houve privação severa de alimentos. Ao menos em alguns momentos, entre 2017-2018, dos 68,9 milhões de domicílios no Brasil, 36,7% estavam com algum grau de insegurança alimentar, atingindo 84,9 milhões de pessoas. Esses dados, que já eram graves em 2018, se tornaram calamitosos com a pandemia. Agora, o Brasil passa por uma emergência humanitária com índices assustadores. Hoje, mais de 116,8 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome no Brasil – cerca de 55,2% dos lares brasileiros, conforme pesquisa feita em dezembro de 2020 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

O número apresentado pela Rede Penssan mostra que mais da metade do número de brasileiros não se alimenta como deveria, ou seja, com qualidade e em quantidade suficiente, dessa forma, vivem em algum grau de insegurança alimentar, passando fome.

Alguns fatores podem ser apontados como responsáveis para o aumento da fome em nosso país, dentre eles podemos citar a alta do preço dos alimentos, por conta de uma necessidade mundial, diminuição da atividade econômica, falta de empregos (14,5 de desempregados no Brasil), entre outros fatores.

Na outra ponta, por mais contraditório que seja, verificamos o sucesso do agronegócio brasileiro, que não se reflete em comida no prato de seu povo. Segundo o portal de notícias Forbes, uma reportagem publicada em 06 de dezembro de 2020 (intitulada Nem a pandemia de Covid-19 para o agronegócio brasileiro) mostra que o produto do agronegócio brasileiro é exportado para 170 países, e que o Brasil foi um dos poucos países a aumentar a exportação durante a pandemia. Reconhecendo que a segurança alimentar é um tema central em tempos de pandemia, o engenheiro agrônomo e agricultor Roberto Rodrigues, que também é coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, ouvido na reportagem, informa que “A pandemia trouxe de volta para a vida cotidiana a questão da segurança alimentar”.

O Brasil, em 2020, é o símbolo máximo de eficiência no agronegócio, na produção de alimentos, e quase metade de seu povo passa por algum grau de privação alimentar. E não existe, atualmente, nenhuma política pública para equilibrar a produção e exportação de alimentos, nem as necessidades alimentares dos brasileiros. O agronegócio do país foca no que dá mais lucro, e o feijão e arroz nosso de cada têm queda na produção hoje, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, uma vez que o Brasil vem produzindo menos feijão e arroz do que há 10 anos atrás.

Por conseguinte, em um país que se passa fome, o Governo Federal reduz em 96% os estoques públicos de grãos. Pela lógica de um governo liberal, não se pode armazenar comida para depois regular o mercado e, ao fim, ajudar a saciar a fome de seu povo. Para se ter uma ideia do que ocorre, desde junho de 2016 não há armazenamento de feijão nos estoques públicos, e o estoque de arroz caiu 99% em 10 anos.

Ainda na falta de interesse de matar a fome do brasileiro, o Governo Federal promove a venda de unidades armazenadoras mantidas pelo Estado, onde os maiores prejudicados são os agricultores.

Já que o Governo não faz a sua parte para combater a fome, a empatia e o amor da sociedade civil fez eclodir em nível nacional, regional e local várias iniciativas, individuais e coletivas, que visam amenizar a dor do prato vazio. Podemos destacar a campanha “Tem Gente Com Fome”, que vem mobilizando doações para combater a fome no país através da união entre 200 instituições. Já a nível local, podemos destacar o movimento Transforma Caruaru, que faz parte do movimento Transforma Brasil, que arrecada alimentos em Caruaru para distribuir aos mais necessitados.

Se a fome nos outros lhe incomoda, comece a agir agora, doe, de forma individual, coletiva, ou aderindo a algum projeto em nível nacional, regional ou local, ou faça você um projeto, a fome tem pressa.

Segue lista de instituições que combatem a fome no país (o Governo Federal, por motivos óbvios, encontra-se fora da lista):
– Transforma Caruaru, acesse o site: https://transformacaruaru.com.br/;
– “Tem Gente Com Fome”: Depósito em conta: Associação Franciscana DDFP CNPJ: 11.140.583/0001-72, Banco do Brasil, Agência: 1202-5 Conta Corrente: 73.963-4 Chave PIX: CNPJ – 11.140.583/0001-72;
– Ação da Cidadania, acesse o site: https://www.acaodacidadania.org.br/formas-de-doar;
– Periferia Viva, acesse a página: https://www.facebook.com/PeriferiaVivaContraCorona/;
– Fraternidade Sem Fronteiras, acessa a página na internet: https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/;
– #PANELACHEIASALVA, acesse o site: https://www.panelacheiasalva.com.br/#doar;
– Fundação Abrinq, que lançou a campanha ‘Não deixe a fome matar mais que o coronavírus’, chave PIX pix@fadc.org.br., ou acesse o site: https://secure.fadc.org.br/?Id=3;
– campanha “A Fome Não Espera”, idealizada pelo Padre Arlindo Matos, pároco de Tamandaré, cujas doações podem ser feitas por depósito bancário na conta abaixo:
Diocese de Palmares CNPJ: 10.193.944/0028-04, Banco do Brasil | AG: 3924-1 | CC: 40.629-5;
– Amigos do Bem, acesse o site: https://doar.amigosdobem.org/paraquemdoar;
– Fundação Terra, acesse o site: https://doe.fundacaoterra.org.br/;
– Movimento Social e Cultural Cores do Amanhã, que nasceu ao lado do Complexo Prisional Aníbal Bruno, em Recife (PE), CNPJ: 13.449.687/0001-9
Banco do Brasil | AG: 4118-1 | CC: 20.766-7;
– Fundação Giacomo e Lucia Perrone, CPNJ: 05.596.271/0001-75
BANCO DO BRASIL | AG: 2988-2 | CC: 14276-X
BRADESCO | AG: 0291 | CC: 89886-4;
– Galpão dos Meninos e Meninas de Santo Amaro, CNPJ: 41.055.047/0001-30
BANCO DO BRASIL | AG: 2805-3 | CC: 7331-8;
– LAR DE CLARA: CNPJ: 07.082.502/0001-58 BANCO DO BRASIL | AG: 2988-2 | CC: 18784-4;
– UniãoPE, uma iniciativa de diversos grupos da sociedade civil para impedir uma crise humanitária em consequência do coronavírus (COVID-19) no estado de Pernambuco, CNPJ 22.169.120/0001-50, Banco Itaú | AG: 8302 | CC: 30700-7.

Se você quer saber para quem doar acesse: Sobre o ParaQuemDoar.com.br.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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