Quem deu a ordem?

Antonio Coelho

Pernambuco testemunhou episódios deploráveis no último final de semana durante protestos realizados no Centro do Recife. Ficaram claras a falta de planejamento, de liderança e de comando na segurança pública do estado. Antes mesmo de qualquer investigação, o governador preferiu assumir a posição de vítima e buscou rapidamente transferir culpas e responsabilidades. Ao fazer prejulgamento, o governador coloca em xeque toda e qualquer operação isenta e efetiva para investigar a origem e a real motivação que levaram os policiais a irem de encontro aos manifestantes. Sua postura poderá limitar a atuação da Polícia Civil e da Corregedoria Militar. Sua postura induz a uma percepção negativa das forças policiais do estado.

Enorme frustração é o resultado da reunião com o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua. Apesar da reunião extensa e das informações apresentadas na Assembleia Legislativa, ele não conseguiu esclarecer sequer o mínimo: de onde partiu a ordem para que o Batalhão de Choque, com todo o aparelhamento necessário, entrasse em ação? Não é verosímil que a ordem de dispersar os manifestantes tenha partido de alguém no campo. Veio do alto comando? Contou com a anuência do secretário ou do governador?

O que realmente transparece, após tudo que sabemos até aqui, é que estão em busca de um bode expiatório. O que se cristaliza é que estão tentando jogar toda a desarticulação e falta de comando que impera no governo estadual no colo do policial militar, que está na rua, sendo alvo de toda tensão e todo tipo de pressão. São muitos mistérios envolvendo o ocorrido que precisam ser esclarecidos urgentemente. O povo pernambucano merece a verdade.

Deputado estadual e Líder da bancada de Oposição

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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