Após a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de manter a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil, o debate sobre os danos causados por esses dispositivos voltou a ser discutido pela população brasileira. O cirurgião torácico Rodrigo Santiago – do Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA) – afirma que os cigarros eletrônicos são tão prejudiciais quanto os cigarros tradicionais, com potencial para causar câncer de pulmão, o mais letal no mundo, além de outros tipos de cânceres, como o de esôfago e laringe, e doença pulmonar obstrutiva crônica.
A resolução da Anvisa proíbe a produção, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e publicidade de cigarros eletrônicos. Essa proibição, em vigor desde 2009, foi mantida com base em recomendações de 32 associações científicas brasileiras e posicionamentos dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública e Fazenda, além de consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano. A decisão também levou em conta documentos da Organização Mundial da Saúde (OMS), da União Europeia e medidas do governo belga que proíbem a venda de produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e o sabor do produto.
O cirurgião torácico Rodrigo Santiago observa que, após 2020, pós-pandemia, houve um aumento significativo no consumo de cigarro eletrônico. “Principalmente nos Estados Unidos, entre os jovens, virou praticamente uma epidemia. Logo depois foi sendo observado o aumento de casos de internamentos de pacientes jovens com lesão pulmonar e foi sendo constatado o quanto ele é nocivo”. Além disso, o médico destaca que, somente nos Estados Unidos, mais de 30 mil jovens foram diagnosticados em um único ano por lesões pulmonares causadas pelo uso de cigarros eletrônicos.
O cirurgião torácico ressalta que, depois das décadas de 1970 e 1980, houve uma redução significativa no consumo de tabaco convencional no Brasil. “No entanto, recentemente houve um aumento no uso de cigarro eletrônico entre os jovens. Em 2019, pesquisas já indicavam que pelo menos 16% dos jovens de 13 a 17 anos tiveram algum tipo de contato com o cigarro eletrônico, chegando a 23% na região Centro-Oeste”.
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