Considerando as condições inflacionárias do País e de mercado nas últimas semanas, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), adotou postura conservadora ao frear o ritmo de cortes da taxa básica de juros do País, a Selic, reduzindo-a em apenas 0,25 ponto porcentual (p.p.). De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), ainda havia espaço para outra redução de 0,5 p.p., como vinha acontecendo desde julho de 2023.
Embora a política fiscal seja um fator de preocupação, o comitê poderia ter levado em conta que, em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou, variando 0,16% e ficando abaixo de 4% no acumulado de 12 meses. É claro que, por outro lado, o aumento de gastos do governo pode gerar um efeito pernicioso na economia, já que despejará bilhões de reais em uma conjuntura marcada pelo desemprego baixo (7,8%) e pelo crescimento da renda, cujo efeito se liga diretamente ao aquecimento da demanda.
A taxa de juros dos Estados Unidos também é um elemento relevante na decisão. O ciclo de cortes, esperado por analistas do mundo inteiro ainda neste primeiro semestre de 2024, não ocorreu, e a expectativa é que o FED (banco central norte-americano) só comece a baixar os juros no fim do ano ou, até mesmo, no início de 2025, pressionando economias como a brasileira. À medida que as taxas se aproximem (a nacional está, agora, em 10,50%, e a norte-americana, em 5,25%), a tendência é ocorrer uma “fuga” de dólares para os Estados Unidos, já que o país oferece menor risco. Esse processo deprecia o real e, por consequência, aumenta a inflação.
Ainda assim, o Copom errou ao não vislumbrar o espaço que permanece na economia para outro corte de 0,5 p.p. A FecomercioSP reconhece que as condições de mercado vêm se deteriorando, mas espera que se criem condições para que o ciclo de reduções da Selic permaneça nas próximas reuniões.
Sobre a FecomercioSP
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