Mudança Climática e o Ambiente Digital: A Conexão que Define o Futuro

Por Marcelo Rodrigues

A temática da mudança do clima está a todo momento nos diálogos do cotidiano, e quem não reclama de uma ou de outra situação? Em algum instante já refletiu sobre o papel que o ambiente digital pode e deve agir nesse ambiente de cataclisma de nossa história? É excepcional como a tecnologia tem se mostrado uma aliada poderosa no combate aos impactos ambientais advindo da ação humana. Nesse contexto, várias iniciativas podem colaborar com a essa intentona de destruição dos recursos naturais, e por consequência minimizar efeitos no clima, que vão desde os aplicativos controladores de consumo de energia a sistemas operacionais que fomentam comportamentos sustentáveis, e assim a era tecnológica está transformando o modo de encarar os desafios do clima de forma planetária.

A concepção de compartilhamento de tecnologias associadas ao clima não traz nada de novo. Já que foi na primeira Conferência das Partes da Convenção do Clima, o primeiro passo com a Climate Technology Initiative (CTI) inaugurando a preocupação em transferir tecnologias apropriadas para os países emergentes. Qual o propósito? Cooperar com as nações em desenvolvimento a se ajustarem no combate os efeitos das mudanças climáticas.

Assim, esses empenhos suscitaram avanços extraordinários, a exemplo do emprego de fornos solares na África do Sul e sistemas de energia solar no Quênia. Aqui no Brasil, o Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios (PRODEEM) levou energia renovável para comunidades isoladas. Embora esses projetos tenham feito a diferença, o impacto ainda não é suficiente diante da magnitude do problema.

O grande desafio agora é garantir que essas tecnologias cheguem de maneira mais ampla e eficiente aos países que mais precisam. Iniciativas como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) já ajudam nesse sentido, mas ainda há muito a ser feito. Países com mais infraestrutura tecnológica, como o Brasil, a China e a Índia, conseguem desenvolver suas próprias soluções, enquanto nações com menos recursos, dependem mais da transferência de tecnologia.

Uma das chaves para agir de forma mais eficaz é a coleta e o uso de dados. Sensores e sistemas digitais já conseguem medir a qualidade do ar, prever mudanças climáticas locais e até mapear áreas de risco. Com o uso dessas informações, que chegam rapidinho a cientistas, gestores e até à população, podemos tomar decisões mais rápidas e precisas, ajudando a prevenir desastres naturais.

E tem mais: as ferramentas digitais também estão ajudando a reduzir desperdícios. Imagina prédios inteligentes que desligam as luzes automaticamente ou cidades que usam inteligência artificial para otimizar o transporte público? Esses pequenos avanços, quando somados, fazem uma diferença enorme.

Sem deixar de lado o que transforma vidas: a educação. A internet tem um poder incrível de levar conhecimento para qualquer pessoa, em qualquer local. Dessa forma, os cursos online, vídeos e materiais interativos ensinam como somos capazes de diminuir a nossa pegada de carbono. Não podemos de mensurar a importância das redes sociais e sua força, que, com suas campanhas criativas, inspiram milhões a adotarem atitudes mais conscientes em nosso cotidiano.

Evidentemente que a tecnologia leva consigo seu lado negativo, uma vez que usufrui de recursos naturais e, que por atrás da internet, existem servidores que demandam bastante energia. De mais a mais, o incremento do consumo de equipamentos eletrônicos produz mais resíduos, que necessitam de um descarte correto, além é claro de seu reaproveitamento de suas peças nobres.

Por essa razão, é mister avaliarmos comportamentos para transformar o ambiente digital um aliado forte na sustentabilidade. Empregar em energia renovável para data centers e desenvolver soluções adequadas para reciclar de equipamentos criando empregos verdes, são passos essenciais nessa direção.

A mudança do climática é um desafio imensurável, mas a união de pessoas, governos, tecnologia e maturidade de ideias transformadoras podem e devem atingir objetivos de diminuir os impactos das ações humanas no planeta. Concluindo, a incumbência é dispor do que temos de excelência no presente para garantia de um futuro mais verde e conectado para todo mundo, nessa aldeia que chamamos de Terra.

Marcelo Augusto Rodrigues, é advogado especialista em direito ambiental e urbanístico, ex-Secretário de Meio Ambiente do Recife, e sócio proprietário do escritório de advocacia Marcelo Rodrigues Advogados.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.