Por Menelau Júnior
As cartas estão lançadas. Mais uma vez, PT e PSDB disputam o mais alto cargo do executivo nacional. O resultado do primeiro turno, inesperado para quem apostava as fichas em Marina Silva, traz de volta um embate que ocorre há mais de duas décadas no país.
No primeiro turno, o que se viu foram reviravoltas espetaculares em menos de dois meses de campanha. Marina, logo após a morte de Eduardo Campos, despontou como favorita e chegou a desbancar Dilma em algumas pesquisas. Entretanto, o discurso da candidata do PSB, meio inseguro em alguns momentos, foi “desconstruído” pela máquina de ataque petista. Nunca na história desse país se viu uma campanha tão terrorista e mentirosa contra um candidato. Cada palavra de Marina passou a ser surrupiada pela tropa do PT, que agora volta sua agenda difamatória contra Aécio Neves.
Pernambuco e Caruaru responderam à altura ao jogo baixo. O PT foi praticamente banido do estado. Não fez um deputado federal, perdeu estaduais e levou uma surra de Paulo Câmara, uma vez que os petistas apoiavam Armando Monteiro. Pernambuco foi o único estado do Nordeste que não deu o maior número de votos a Dilma. Caruaru seguiu o modelo.
É óbvio que a morte de Eduardo Campos contribuiu para uma comoção eleitoral, mas é vigarice ideológica alegar que Paulo venceu apenas por causa disso. Enquanto Armando se preocupou em atacar, atacar e atacar, desqualificando a todo instante o “novato”, Paulo navegava na onda dos que, gratos a Eduardo e mais preocupados com propostas que com ataques, não viam necessidade de mudança. O PT, que já perdera de forma humilhante a prefeitura do Recife, levou uma surra eleitoral do governador e do senador Fernando Bezerra, uma vez que o petista João Paulo, candidato ao senado, também ficou de fora. Em outras palavras, Lula aqui em Pernambuco não tem essa “bola cheia” que muitos achavam.
O PSB de Paulo já declarou apoio ao candidato Aécio Neves, que já aparece à frente de Dilma em algumas pesquisas. Com 10 minutos cada um no guia eleitoral, o jogo fica mais disputado e Dilma perde seu grande trunfo: tempo para atacar, inflar números e contar algumas mentirinhas. Marina não tinha nem tempo para se defender. Aécio terá o mesmo tempo da candidata petista. Qual será a retórica do segundo turno? Quem herdará os votos de Marina? Só no dia 26 teremos resposta à segunda pergunta. Quanto à primeira, parece que pouca coisa mudou. A tática petista de atacar por meio de militantes e blogueiros está a todo vapor. Resta saber se o povo quer baixarias ou propostas para o Brasil.
Menelau Júnior é professor de português