Dilma promete mudanças na economia

Congresso em Foco
Em entrevista transmitida ao vivo no Jornal Nacional desta segunda-feira (27), a presidenta reeleita Dilma Rousseff evitou detalhes, mas garantiu que em breve fará mudanças no campo da economia – um dos pontos mais criticados do seu primeiro mandato. Questionada pela apresentadora Patrícia Poeta sobre quando as anunciará, Dilma estabeleceu um prazo: até o fim do ano.
“Externei ontem que não ia esperar a conclusão do primeiro mandato para iniciar todas as ações, no sentido de transformar e melhorar o crescimento da nossa economia. Eu vou abrir o diálogo com todos os segmentos; quero dialogar com setores empresariais, financeiro, com o mercado, dentro e fora do mercado, para discutir quais são os caminhos do Brasil. Pretendo colocar de forma muito clara as medidas que vou tomar. Agora, não é hoje. Antes do final do ano, vou fazer [as mudanças] neste mês que se inicia na próxima semana”, declarou a petista, que concedeu a entrevista direto de Brasília.

Mais cedo, em entrevista gravada à TV Record (leia mais baixo), a petista disse que não seria o momento de abordar nomes para uma eventual reforma ministerial. Evitando também as especulações sobre o próximo ministro da Fazenda (durante a campanha, ela anunciou a saída de Guido Mantega), Dilma também não respondeu ao colega de bancada de Patrícia, William Bonner, quando – e como – fará a reforma tributária.

“Se tem uma coisa que eu procurei fazer, foi a reforma tributária”, lamentou a presidenta, acrescentando ter feito, por meio da base aliada, avanços no Congresso sobre a legislação referente ao ICMS (Imposto sobre Mercadorias e Serviço). “Fomos até muito criticados. Fizemos tributação sobre folha de pagamento, tentamos fazer uma discussão sobre PIS/Cofins, fizemos uma reforma tributária sobre Supersimples.”

Passos e pontes

Bonner também fez referência à “campanha agressiva” deste ano, e perguntou a Dilma que “passos” ela daria no sentido de “reconciliar a nação”. A presidenta iniciou a resposta com elogios ao sistema democrático e ao próprio povo brasileiro.

“Mesmo com visões e posições contraditórias, havia algo em comum nas pessoas: a busca por um futuro melhor para o Brasil”, discursou, alegando que união não significa, necessariamente, “unidade de ideias ou ação monolítica conjunta”. “Significa muito mais abertura, disposição para dialogar, para construir pontes, para que nós possamos garantir, de fato, o que uma eleição sempre exige na democracia: mudança. Nós temos de ser capazes de garantir as mudanças de que o Brasil precisa e exige”, completou, dizendo estar atenta aos “clamores da população”.

Dilma voltou a falar de reforma política, um dos destaques de seu discurso da vitória. “Muitos setores têm como base a proibição da contribuição de empresas para campanhas eleitorais. A partir da reforma, só seriam possíveis contribuições privadas individuais, não seria possível [doação] empresarial. Tem várias propostas na mesa – a oposição fala em fim da reeleição. Enfim, tudo isso tem de ser avaliado pela população”, observou, acrescentando que o Congresso terá a percepção de que o clamor pela reforma é “uma onda que avança”.

Patrícia Poeta lembrou das dificuldades e críticas que Dilma enfrentou, depois dos protestos de 2013, de juristas, parlamentares e demais setores sociais contrários ao plebiscito por uma Constituinte exclusiva para a reforma. Dilma mencionou que teve de entidades como CNBB e OAB, além do “grande clamor da juventude.

Dilma também respondeu à indagação de Bonner quanto às denúncias contra aliados no Parlamento, o que poderia provocar “instabilidade política”, segundo o jornalista.

“Não concordo que isso leva a crise. Não acredito em instabilidade política por se prender corruptos e corruptores”, disse Dilma, lembrando a “sistemática impunidade” do país. Em seguida, ela explicou como agirá em relação a denúncias. “Isso significa: doa a quem doer, que se faça justiça. Se alguém errou, tem que ser punido. Esse fator não deve gerar instabilidade política; o que deve gerar instabilidade política é a impunidade. “Não vou deixar pedra sobre pedra.”

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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