Secreariado de feudos

Por Magno Martins

Com a convocação de quatro deputados federais para o Secretariado, o governador eleito Paulo Câmara resolveu de fato um problema político na sua coligação, mas a dose excessiva com certeza, se não bem administrada, pode provocar um problemão mais na frente: a criação de feudos eleitorais dentro do governo.

É como se fosse mais ou menos um governo paralelo, na medida em que esses parlamentares, de olho na reeleição em 2018 ou na eleição de aliados daqui a dois anos, terão instrumentos poderosos para canalizar em seu favor, gerando uma concorrência desleal na aliança.

Há quem possa alegar que existem algumas pastas técnicas, como a de Planejamento, entregue a Danilo Cabral, mas este está acima da sua secretaria, devendo ser um dos coordenadores do Governo. Paulo queria contemplar apenas dois suplentes, mas acabou puxando demais a corda.

Sua equipe, entretanto, traz algumas surpresas boas, como Fernando Dueire, ligado ao senador Jarbas Vasconcelos, que volta para uma área que já conduziu com êxito – infraestrutura. Dueire complementa a cota do PMDB, que já tem o vice-governador Raul Henry, um dos auxiliares mais prestigiados por Câmara.

Nos bastidores, o que se diz é que Câmara delegou a Henry a tarefa de negociar com os partidos a composição do secretariado. Há uma expectativa de que o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, vá para o Ministério das Cidades.

Daí a razão da entrega da pasta ao PSD. Danilo alimentava expectativas em voltar a comandar Cidades e chegou a travar, nos bastidores, um duelo surdo com o deputado federal eleito Felipe Carreras, escolhido para Turismo.

Carreras já fez um bom trabalho na área na gestão de Geraldo Júlio, de onde se projetou, aliás, para disputar as eleições proporcionais. Para a Educação, uma das áreas mais complexas, o governador fez uma opção técnica, recorrendo ao atual secretário de Planejamento, Fred Amâncio.

Uma das áreas mais cobiçadas também pelos políticos, a Secretaria de Agricultura, deixa de ter uma gerência técnica, atualmente com Aldo Santo, com forte inserção nos movimentos sociais, sendo entregue a um político, o deputado estadual eleito Nilton Mota

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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