Raquel diz que precisa de apoio da Frente Popular para ser candidata em 2016

Do blog de Igor Maciel
 
Nesta sexta-feira (06), a Rádio Jornal Caruaru, recebeu a deputada Estadual Raquel Lyra (PSB) para o programa “Debate”, com Igor Maciel. Raquel falou sobre Caruaru, os desafios para a administração pública do município, educação, saúde em Pernambuco e as eleições de 2016.
 
Serviço público em Caruaru
 
Questionada sobre a prestação de serviços pelas Prefeitura de Caruaru, a deputada disse que não conhece os planos do governo municipal, mas que é necessário pensar nos recursos indispensáveis, como a água.
 
“Nós temos uma cidade que é a maior do interior do Estado de Pernambuco. Tem uma sociedade, uma economia muito pujante. Nós temos mais de 300 mil habitantes e temos mais de 1,5 milhão de pessoas que giram em nosso redor. Caruaru é uma cidade de extrema relevância. É uma cidade que cresce muito em todos os aspectos e o maior desafio é acompanhar o crescimento. É planejar o futuro, um futuro que já chegou. Nós temos mais de 30 loteamentos irregulares na cidade, precisamos pensar na água, na distribuição de serviços. O poder público precisa estar no tempo da cidade. Eu preciso dizer aqui que, como digo sempre, não tenho acompanhado os serviços e as ações de perto da Prefeitura de Caruaru. Não saberei dizer questões especificas no que toca a Caruaru hoje na questão pública”, disse Raquel.
 
Educação
 
Quando o assunto mudou para educação, a deputada Estadual focou principalmente a zona rural da cidade, apontando o déficit que ocorre em todo o país.
 
“O que eu posso analisar é o que eu ouço nas ruas e o que Caruaru tem de número, no Brasil há um déficit de creches enorme, em Caruaru temos 51% dos lares chefiados por mulheres de baixa renda, com empregos precários. Essas mulheres saem para trabalhar e não têm onde deixar essas crianças. Essas crianças não têm a possibilidade de começarem a se desenvolver antes do que seus pais começaram. O que gera um ciclo de desigualdade. Essa é uma questão da Prefeitura de Caruaru e é uma realidade do país, que ainda não disse que a educação é prioritária”, frisou Raquel.
 
Eleições 2016
 
Já sobre as eleições de 2016, Raquel, que é um dos nomes cotados para tentar a vaga, disse que não pode ser candidatada dela mesma e que precisa de apoio da Frente Popular. A mesma questão foi levanta por João Lyra, que chegou aos estúdios da Rádio Jornal já no fim da entrevista, mas disse que irá trabalhar pela unidade de Frente Popular de Pernambuco.
 
“Não posso ser minha própria candidata, isso depende de acerto com a Frente Popular. Eu acabei de assumir o mandato de deputada estadual, há menos de dois meses. Assumi em fevereiro, estamos em março, e já tenho que falar sobre eleições para 2016. Mas essa é uma questão que na pesquisa de deputado já indica quem é candidato a prefeito, quem é vereador. A reforma política vai mudar isso, vai transformar o debate em questões para a sociedade”, afirmou.
 
“Acho que em 2016 serão dois turnos, então não faltará candidato. Mas 2016 depende das discussões políticas e tem um caso inédito que os adversários estão na Frente Popular. Raquel faz parte do governo, na presidência da Comissão de Justiça. Tony Gel faz parte do governo, é vice-líder na Assembleia. O prefeito Queiroz também faz parte do governo eu acho que teremos vários candidatos na Frente Popular. Eu acho que Raquel pode ser candidatada, como acho que Tony Gel é candidato ou terá um candidato, o mesmo que acontecerá com Queiroz: ele deverá ter o próprio candidato, frisou João Lyra.
 
O ex-governador ressaltou ainda que trabalhará pela Unidade da Frente Popular, como era na campanha de Queiroz, em 2008. “Vou trabalhar pela antiga unidade da Frente Popular em Caruaru, que tinha Queiroz, Wolney, Laura e Jorge Gomes, entre tantos outros. Para que possamos partir juntos para 2016”, enfatizou Lyra.
 
Saúde em Pernambuco
 
A deputada foi questionada sobre os problemas enfrentados na saúde no Estado, e confrontada com os dados de que, no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, há 300 pessoas esperando por cirurgia eletiva – aquela que é necessária, mas o paciente não corre risco de morte imediata. A socialista, que fez parte do governo Eduardo e continua com participação no governo Paulo Câmara, jogou o problema para a esfera Federal.
 
“Se você perguntar a qualquer pessoa, em qualquer município hoje, no Brasil, a saúde pública é a principal preocupação. Vivi de muito perto a questão da saúde com Eduardo Campos e pude acompanhar muito de perto a transformação que houve. E Caruaru é testemunha disso com uma UPA Especialidades, a construção do Mestre Vitalino, a reforma do Hospital São Sebastião. E isso foi feito em todo o Estado. A gente fez uma rede de atendimento que não necessariamente competiria ao Estado fazê-la. As Upas caberiam em princípio aos municípios, mas pela impossibilidade dos municípios suprirem essa necessidade, o Estado partiu na frente. A gente tem um déficit muito grande, de atendimento ainda e de pessoas. O HRA, que deveria servir unicamente para grandes traumas e para a questão neurológica, hoje ele não serve só para isso, o que faz a quantidade de cirurgias em espera é porque ele não foi feito para isso. O Mestre Vitalino ainda não funciona com 100% da capacidade, está em processo de implantação”, ponderou.
 
O desenvolvimento de Pernambuco
 
Raquel falou ainda sobre a grave crise econômica enfrentada pelo país e o impacto que causará no Estado. “Pernambuco, apesar de crescer mais do que o Nordeste e o Brasil é um Estado pobre. Melhoramos a cada ano a receita, mas não é suficiente. Eduardo e João Lyra decidiram fazer investimentos em lugares que não eram investidos antes, como a saúde. O governo Federal precisa autorizar que os Estados possam tomar empréstimos, mas essa condição não é revista há dois anos. Hoje ainda temos condições de tomar empréstimo, mas a Secretaria do Tesouro Nacional não permitiu. Se olhar o fluxo de caixa, Pernambuco fechou 2014 com mais de R$ 100 milhões caixa. Enquanto a gente não reforma o Pacto Federativo, enquanto não distribuir melhor o dinheiro, se são se faz empréstimo, não se faz investimento”, observou.
 
Raquel lembrou ainda que o governo Federal, através do ministro da Saúde, Arthur Chioro, prometeu investimento rápido para a saúde de Caruaru, mas que demorou para que a verba chegasse ao município. “Temos uma grave crise econômica, mas temos uma distribuição injusta do dinheiro também. O ministro Arthur Chioro, quando veio inaugurar o Mestre Vitalino, disse que poderia contar com o dinheiro do governo Federal para construir o Hospital da Mulher em um mês. Em oito meses foi que o dinheiro chegou”, analisou.
 
PCC dos professores
 
Sobre o Plano de Cargos Carreiras (PCC), aprovado para os professores em 2013, Raquel foi prática ao dizer que “faltou transparência” na condução do processo.
 
“O que precisa é de transparência. Se disse que o plano anterior aprovado, acho que em 2008, não poderia ser arcado pelo município, por conta dos altos salários e altas gratificações. Disseram que o novo PCC seria para adequar isso, eu não soube quanto custava o PCC anterior e quanto custa o de hoje, com é que esse cabe nas contas da Prefeitura? Afora isso, é um lado dizendo que cabe e um dizendo que não cabe, fica difícil tratar essa questão e a gente acaba judicializando a questão. Um bom começo seria colocar os números em evidência”, afirmou.
 
Asfalto para a zona rural
 
“A temática do asfalto da zona rural vem se arrastando há muito tempo. O último ato do ministro Fernando Bezerra Coelho foi vir a Caruaru dizer que o recurso estava assegurado, que viriam R$ 11 milhões para isso. Caruaru ainda não viu esse dinheiro. O que tenho acompanhado pela imprensa é que o prefeito está tentando liberar esse recurso. Mas temos capacidade de articulação. Temos eu, o deputado Federal Wolney, um senador de Caruaru. A zona rural de Caruaru precisa ser repensada. As pessoas estão deixando de plantar por falta de água, de técnicas ou outros motivos e estão fabricando jeans. Temos um número muito grande de mulheres que engravidam cedo e não estudam porque não tem ensino médio na zona rural de Caruaru”, alertou a socialista.
 
A aproximação com Queiroz
 
Já no final da entrevista, Raquel Lyra foi indagada como está a sua aproximação, e de João Lyra, com o prefeito José Queiroz, de quem já foi aliada política, além da sua participação no governo. A resposta foi curta.
 
“Pouco discutimos sobre a questão municipal, por isso não tenho informações sobre o governo. Votamos em Queiroz nas duas eleições. Fomos para as ruas pensando que poderíamos ajudar nas questões de Caruaru. Passamos, com Queiroz e Wolney, sem conseguir discutir as questões profundas da cidade. Por isso em 2012 declaramos votos mas não entramos na campanha. Na eleição passada não dobrei com nenhum deputado Federal. E discutir só a cidade em época de eleição é muito ruim. Tem que discutir sempre e lamento que isso não tenha acontecido”, finalizou.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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