O doleiro Alberto Youssef disse ontem, em depoimento na Justiça Federal, que fez dois pagamentos ao PT, por meio de uma empresa de fachada, a mando da Toshiba. Segundo ele, as duas parcelas, de aproximadamente R$ 400 mil, foram entregues pessoalmente à cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por um funcionário da empresa identificado como Piva.
Durante o depoimento, o doleiro declarou que não se recordava da data em que os pagamentos foram feitos, mas disse que indicou o período quando prestou depoimento de delação premiada aos investigadores da Operação Lava Jato. “Eu cheguei a usar uma das empresas de Waldomiro [ex-funcionário de Youssef] para fazer uma operação para Toshiba, em que eu pude, não só pagar ao Partido Progressista [PP], a Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras], mas também, pagar ao Partido dos Trabalhadores [PT]”, disse o doleiro.
Segundo Youssef, um dos pagamentos foi feito em frente à sede do PT em São Paulo. “O primeiro valor foi retirado no meu escritório pela cunhada dele [Vaccari]. Eu entreguei esse valor pessoalmente. O segundo valor foi entregue na porta do diretório do PT Nacional, pelo meu funcionário Rafael Ângulo para o funcionário da Toshiba, para que ele pudesse entregar esse valor para o Vaccari”, relatou.
Em nota à imprensa, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou ter recebido dinheiro enviado pelo Alberto Youssef. Vaccari também afirmou que todas as doações recebidas pelo partido foram feitas dentro da lei e declaradas à Justiça. “Chama a atenção o fato de que, na delação realizada em fevereiro, Youssef afirmou que uma suposta entrega do dinheiro teria sido feita em um restaurante em São Paulo. No depoimento de hoje, ele se contradiz e afirma que foi na frente da sede do PT”, rebateu o partido. Esta Secretaria de Finanças reitera que todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça.”
A Toshiba disse, em nota, que não tem comentários a fazer, pois “já apresentou todas as informações para a autoridade responsável”.
O depoimento prestado ontem perante o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela investigação da Lava Jato, refere-se ao processo que envolve o Laboratório Labogen, investigação preliminar à descoberta dos desvios na Petrobras. Na audiência, Youssef confirmou que era sócio do laboratório e procurou o ex-deputado federal pelo Paraná André Vargas para que pudesse ter “portas abertas” no Ministério da Saúde. O doleiro também confirmou que recebeu dinheiro em contas no exterior, pagos pelas empresas Braskem, Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Engevix.