OPINIÃO: Joguem o mérito no lixo

Por MENELAU JÚNIOR

Uma das mais conceituadas instituições de ensino de Pernambuco, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está prestes a jogar o mérito no lixo. Faz sentido. A visão esquerdofrênica que domina o meio universitário não está nem um pouco preocupada com qualidade. O negócio é a “inclusão social”.

Segundo proposta inserida no novo estatuto da universidade – que ainda será avaliada e homologada (ou não) pelo Conselho Universitário -, os novos estudantes que tentarão ingressar na instituição não serão mais selecionados por meio de provas, mas por sorteio. Ou seja, as concorrências gigantescas para estudar no Colégio de Aplicação não deixarão de existir, mas serão mais “justas” e “igualitárias”. Hoje, para estudar no 6º ano, os “ferinhas” enfrentam concorrências que chegam a 2 mil candidatos por vaga. É muito mais que qualquer vestibular de Medicina. Mas, pela nova proposta, ninguém precisará estudar. Valerá a sorte. É a inclusão social. A proposição, obviamente, não agrada a pais de alunos da instituição de ensino… Esses burgueses…

O Aplicação se destaca nacionalmente como uma das melhores escolas públicas do País. Em Pernambuco, é a melhor. Quando comparada a todas as outras escolas do estado, incluindo as particulares, fica em 2º lugar. O que se pretende agora é fazer do Aplicação uma escola pública mais real, mais “inclusiva”. Jogando o mérito no lixo, tudo fica mais justo. Quem estudou muito, quem até pagou cursinhos, quem leu mais, quem se esforçou horas e horas e horas para conseguir uma vaga terá a mesma chance de quem mal sabe escrever. É a justiça social.

Caso a proposta passe (seria votada no fim desta semana, após esta coluna ter sido escrita), os professores do Aplicação terão um desafio pela frente. Afinal, é muito fácil conseguir resultado depois de selecionar alunos entre 2 mil candidatos. Mas isso é coisa do capitalismo, é visão burguesa. O negócio é dar oportunidades a todos! E para isso, nada melhor que a sorte. Você se inscreve e, se for sorteado, vai poder passar os próximos sete anos estudando de graça, num dos melhores colégios do País. Caso tudo vire mesmo um grande sorteio e o mérito seja jogado na lata de lixo, os mestres do Aplicação terão pela frente um grande desafio: manter os excelentes resultados. Mas quem sabe a sorte não dê uma ajudinha…

Até a próxima semana.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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