Por Magno Martins
O presidente Temer deu uma tremenda pisada de bola na indicação do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal. Não se trata de um pato manco, mas Moraes é um trapalhão. Na função de ministro, a sociedade teve este sentimento nas várias mancadas que cometeu, principalmente no ápice da crise do sistema penitenciário.
Ficou de cara pálida com o desmentido público feito pela governadora de Roraima, Suely Campos. Depois de afirmar que o Estado não havia solicitado apoio para a crise do “sistema carcerário”, mas apenas para a “segurança pública”, como ele mesmo frisou, a governadora apresentou documentos enviados ao Governo em que solicitava ajuda para a crise nas penitenciárias do Estado. O trapalhão ficou sem saber aonde enfiar a cabeça.
Também como ministro de Temer, Moraes cometeu uma gafe pública participando de uma solenidade em Ribeirão Preto (SP), de uma campanha de um candidato do PSDB, partido ao qual ele é filiado. Quando foi questionado por eleitores tucanos sobre a Lava Jato, sem atentar para o protocolo do cargo que exerce, anunciou que viria mais ações da Polícia Federal: “Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse, aos risos.
O vídeo chegou à internet, provocando grande mal-estar para Temer, que resistiu aos pedidos de exoneração. Seria prudente para um chefe de Estado quando estivesse para nomear alguém que passasse um olhar, mesmo que rápido, sobre o currículo do suposto escolhido. E observasse atentamente o seu passado. O passado de advogado do indicado de Temer o condena. Alexandre de Moraes já representou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e conseguiu a absolvição dele em uma ação sobre uso de documento falso.
Alexandre de Moraes também é daqueles aplicados à teoria de que o que “escrevi no passado não se aplica ao presente”, sendo letra morta. Em resumo: esqueçam o que falei. Em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Direito da USP, defendeu que, na indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, fossem vedados os que exercem cargos de confiança “durante o mandato do presidente da República em exercício” para que se evitasse “demonstração de gratidão política”.
Por esse critério, ele próprio, escolhido por Temer para suceder Teori Zavascki, já estaria impedido de ser indicado. O veto sugerido por Moraes está no ponto 103 da conclusão da tese. Ele diz: “É vedado (para o cargo de ministro do STF) o acesso daqueles que estiverem no exercício ou tiveram exercido cargo de confiança no Poder Executivo, mandatos eletivos, ou o cargo de procurador-geral da República, durante o mandato do presidente da República em exercício no momento da escolha, de maneira a evitar-se demonstração de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional”.