Segundo depoimento que integra a delação premiada da Odebrecht na Operação Lava Jato, R$ 7 milhões foram repassados para o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, por meio do caixa 2 da empreiteira. Os recursos foram pagos à vista e compraram apoio do PRB, então presidido por Pereira, à campanha de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. As informações foram divulgadas pelos repórteres David Friedlander e Andreza Matais, do Estado de S.Paulo.
O dinheiro dado ao PRB integrava um pacote de R$ 30 milhões pagos pela Odebrecht para comprar o apoio de PROS, PCdoB, PP e PDT à chapa governista. O acordo é descrito, com diferentes pedaços da história, nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da empreiteira, e dos executivos Alexandrino Alencar e Fernando Cunha.
Marcos Pereira é o sexto ministro de Temer citado na Lava Jato. De acordo com as delações, Pereira esteve mais de uma vez na sede da Odebrecht em São Paulo para combinar como e a quem o dinheiro, entregue em parcelas, deveria ser repassado.
O ministro nega as versões contadas pelos delatores. “Eu desconheço essa operação. Comigo não foi tratado nada disso”, disse. “Delação não é prova.” Em nota, o PRB negou que o presidente licenciado tenha recebido quantia em dinheiro proveniente de caixa 2.
Atulamente, Pereira está licenciado da presidência do PRB, mas continua sendo homem horte no partido fundado por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus após o escândalo do mensalão. Ao Estado de S.Paulo, o ministro contou que ajudava a arrecadar recursos para campanhas do seu partido, que tem 23 deputados, um senador e comanda a prefeitura do Rio, com Marcelo Crivella.
Com grande parte dos líderes da Esplanada dos Ministérios envolvidos em delações na Lava Jato, Temer anunciou recentemente que não vai afastar os ministros que forem apenas citados na operação. Por outro lado, quem for denunciado, será afastado provisoriamente. No caso de tornar-se réu, o ministro está definitivamente fora do governo.