O tradicional bloco afro Ilê Ayiê desfilou nas ruas de Salvador na noite deste sábado (25), recontando a tradição do povo negro pela 43ª vez. Para o carnaval de 2017, o Mais Belo Dos Belos levou o tema Os Povos Ewé/Fon, a Influência do Jeje Para os Afrodescendentes, como forma de contar a história da chegada do povo Jeje ao Brasil – identidade étnica de alguns africanos escravizados. Como parte da homenagem, alguns terreiros de candomblé – pertencentes à nação Jeje – foram lembrados, inclusive o Terreiro Ilê Axé Jitolú onde surgiu o Ilê Ayiê.
“O tema é muito interessante, porque fala sobre a nossa religião e citamos terreiros importantes. Neste carnaval, nossa cultura e nossa tradição são retransmitidas através de nós. Num momento em que se fala tanto sobre intolerância religiosa, é muito importante ter um tema desse, com as canções que falam disso, cantadas por todo o mundo”, disse um dos fundadores do bloco, Antônio Carlos dos Santos, conhecido como Vovô do Ilê.
Antes de seguir para o Circuito Mãe Hilda, um ritual foi celebrado no Terreiro do Ilê Ayiê, de onde saíram os participantes, pela Ladeira do Curuzu. A ialorixá do terreiro, a mãe-de-santo Hildelice Benta, presidiu uma cerimônia, enquanto a banda do Ilê tocava as canções tradicionais do bloco, aos batuques de tambores, e outros participantes jogavam pipoca e milho branco no povo.
A pipoca é uma oferenda ao orixá Obaluaê, o santo ao qual pertencia Mãe Hilda, já falecida, que foi esposa do fundador Vovô do Ilê. O milho branco foi ofertado a Oxalá, um dos principais orixás do candomblé, a quem se pede paz. Após as oferendas, fundadores do Ilê soltaram pombos brancos, como fazem tradicionalmente, para reforçar o pedido de paz.