O empresário Marcelo Odebrecht confirmou nesta quarta-feira à Justiça Eleitoral o pagamento do publicitário João Santana com recursos de caixa dois na campanha de Dilma Rousseff à presidência em 2014, mas não confirmou ter feito doações ilegais para o então vice-presidente Michel Temer.
Ele confirmou o jantar no Palácio do Jaburu onde conversaram sobre contribuições para a campanha de Temer, mas garantiu que o tema foi tratado “de forma genérica” e que não houve um pedido de doação direto feito pelo vice-presidente. A informação foi divulgada agora à noite pela Reuters.
O jantar e o pedido de doações foram relatados pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho em delação premiada dentro da operação Lava Jato.
Marcelo afirmou à Justiça Eleitoral que os recursos de caixa dois foram acertados com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas salientou que não tinha como dizer “com certeza” se Dilma e Temer sabiam das negociações e de “qualquer ilicitude nas doações”. As declarações foram prestadas à Corregedoria-Geral da Justiça Eleitora, em Curitiba, no processo em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014.
O ex-presidente da Odebrecht afirmou que o governo petista, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, teria negociado com a empresa duas “contrapartidas” por uma medida provisória negociada por Mantega ainda em 2009 e que beneficiaria a empresa. Os recursos não foram usados na campanha de 2010 e teriam ficado como um crédito para uso posterior no valor de R$ 50 milhões.
Em 2013, Mantega teria negociado um apoio “espontâneo” à campanha de 2014. Os valores totais seriam de R$ 300 milhões, para serem usados em caixa dois. Mantega teria, ainda, pedido que a Odebrecht pagasse uma dívida com João Santana, sem especificar se eram dívidas de campanha. O empresário alega não lembrar o valor exato, mas afirmou que se tratava de algo entre R$ 20 milhões e R$ 40 milhões em pagamentos “não oficiais”, ou seja, caixa dois.
Na semana passada, em nota oficial, Temer afirmou que como presidente do PMDB, “pediu auxílio formal e oficial à Construtora Norberto Odebrecht” e não autorizou que “nada fosse feito sem amparo nas regras da lei eleitoral”.