Casos de dengue e chikungunha caem quase 100% em Caruaru

Pedro Augusto-Jornal VANGUARDA

Nada como um ano após o outro para se modificar uma realidade. De acordo com o levantamento da Vigilância Municipal de Saúde, tomando como comparativo o intervalo de 1º de janeiro até 18 de março de 2016 com a mesma época deste ano, o número de casos confirmados referentes à dengue sofreu uma redução de pouco mais de 98% na Capital do Agreste. No que diz respeito às notificações – quando se há a suspeita da doença -, a pesquisa da Vigilância verificou uma queda de 97% neste período. Ainda tomando como estudo o mesmo cenário, o departamento vinculado à Secretaria de Saúde de Caruaru contabilizou uma diminuição, respectivamente, de 94% e 92%, no que se referem aos casos confirmados e notificados de chikungunha.

Quanto aos números relacionados à zika – também transmitida pelo Aedes aegypti -, eles ainda não foram repassados pelo Ministério da Saúde. Mas, independentemente das cifras aguardadas e tomando apenas como parâmetro o intervalo citado, já dá para se concluir que o município conseguiu avançar no combate ao mosquito. Foi o que destacou o diretor da Vigilância Municipal de Saúde, Paulo Figueiredo. “Realmente hoje nos encontramos numa situação bastante diferente da qual estávamos vivenciando neste mesmo período de 2016. Naquela época, o Aedes aegypti acabou ocasionando efeitos drásticos, afinal, até então, os caruaruenses nunca haviam tido contato com a chikungunha e a zika. Nossas unidades de saúde tiveram de prestar centenas de atendimentos, bem como a população precisou se desdobrar para encarar essas doenças”, disse.

Ainda na entrevista concedida ao VANGUARDA, na manhã da última terça-feira (21), no Bairro São Francisco, o diretor da Vigilância Municipal elencou os fatores que propiciaram a redução dos casos relacionados à dengue e a chikungunha na cidade. “Desde o ano passado, quando vivenciamos um período difícil de epidemia das duas doenças, a Secretaria Municipal de Saúde vem intensificando as medidas para combater com uma maior eficácia a proliferação dos focos do mosquito em Caruaru. Poderíamos citar, dentre as ações que têm sido incrementadas, o aumento no número de visitas realizadas pelos nossos agentes nos imóveis, tanto da zona urbana como da rural, o apoio maciço da imprensa no tocante à divulgação dos cuidados em termos de prevenção ao Aedes, bem como o próprio crescimento da conscientização dos caruaruenses que, agora, se encontram mais rigorosos no combate a este tipo de transmissor.”

Quem também pode falar com propriedade a respeito da atenção cada vez maior por parte da população na tentativa de inibir a proliferação do Aedes aegypti é a agente de endemias, Ieda Silva. Apesar de ainda observar resistência em relação a alguns moradores, ela ressaltou a inclinação da maioria na facilitação do trabalho dos agentes. “Infelizmente e nos tempos de hoje, ou seja, após termos convivido com o surto de dengue e chikungunha em Caruaru, ainda temos de lidar com a falta de conscientização de várias pessoas que continuam sem querer receber as nossas visitas, tampouco vêm adotando as medidas já tão batidas de combate à proliferação do mosquito. Em contrapartida, depois dessa onda de epidemias, atualmente temos conseguido expandir o nosso trabalho de prevenção, ou seja, os moradores têm se preocupado em nos receber um pouco mais, já que tiveram na sua família ou até sentiram na pele as consequências que essas doenças podem causar.”

De acordo com a análise da Vigilância Municipal de Saúde, hoje os números confirmados e notificados referentes aos dois tipos de doença se encontram dentro da normalidade do município. Entretanto, os cuidados por parte da população somados às ações de combate aos focos do mosquito não devem diminuir de hipótese alguma. “Pelo contrário. As medidas conjuntas necessitam permanecer inalteradas, haja vista que hoje temos tido de conviver com um racionamento cada vez maior de água. Consequentemente, alguns moradores têm armazenado de forma incorreta o maior volume de água possível, o que tem propiciado a proliferação dos focos do mosquito. É importante ressaltar para que a população continue fazendo a parte dela, já que não queremos correr o risco de novos surtos”, finalizou Paulo Figueiredo.

A agente Ieda relembrou algumas dicas importantes a serem adotadas pelos caruaruenses. “A melhor forma de se evitar a dengue, a chikungunha, a zika, a febre amarela e demais doenças transmitidas pelo Aedes é combater os focos de acúmulo de água. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas de águas, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos, dentre outros. Até porque, o mosquito procura a água limpa para se reproduzir. Com a seca e esse racionamento cada vez maior nas torneiras, é necessário redobrar as atenções.”

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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