Encontro entre Armando e FBC foi mais que cortesia

Por Carlos Brito*

“Raposa” política e matreira, o ex-governador Magalhães Pinto dizia que política é como as nuvens: “uma vez a gente olha e está de um jeito, depois olha de novo e tudo muda”. Essa nuvem ficou parada na última quarta-feira, em Petrolina, à espera dos acontecimentos. Os ventos do Norte parecem teimar em não soprar para assistirem ao que vai acontecer.

O encontro dos senadores Armando Monteiro Neto (PTB) e Fernando Bezerra Coelho (PSB), no gabinete do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (PSB), é marcado por muito simbolismo. Num ambiente político em mutação, com cenários tão imprevisíveis como se mostram nesses tempos, essa reunião é tudo, menos para ser tratada como uma mera conversa normal. Os deputados Silvio Costa e José Humberto também estiveram presentes.

Os dois senadores sabem exatamente suas situações no tabuleiro do jogo eleitoral, que já começou a ser jogado. Armando sabe da insatisfação de Fernando no atual momento na legenda socialista.

Tem total conhecimento que FBC, forjado no cenário mais duro da política, cansou de ser tratado como inimigo íntimo no ambiente partidário e de receber apenas o chamado, quando sua presença era estritamente necessária ou decisiva para o time. Apenas nesse caso. E Fernando aceitava o jogo.

Mas aí o sangue passou a falar mais alto. Viu seu filho virar ministro contra tudo e contra todos no PSB de Pernambuco, e assistiu às pancadas em Fernando Filho dadas até pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, que chegou a ameaçar expulsá-los da legenda. Não teve qualquer apoio no seu Estado entre os socialistas. As vozes que poderiam se levantar, se mantiveram mudas. Essa dor pode ter doído mais forte.

Armando sabe que no Palácio do Campo das Princesas não se faz política. Avaliou esse cenário, e essa visita foi mais que cortesia: foi um aceno, o maior gesto das oposições ao grupo de Fernando, que agora é cortejado pelo Democratas e PMDB.

A nuvem, a qual se referiu Magalhães Pinto, foi em Petrolina, mas deve estar provocando trovoadas na capital do Estado.

*Jornalista

 

 

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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