O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não abandonou “sua exigência” de que o México pague pelo muro que ele quer construir na fronteira comum entre os dois países, apesar de ele ter dado um ultimato ao Congresso americano para que lhe conceda fundos para erguê-lo, disse hoje (24) a Casa Branca. A informação é da EFE.
Trump ameaçou ontem provocar uma paralisação parcial do governo se o Senado não autorizar os fundos para construir o muro na fronteira com o México, um ultimato que prevê algumas disputadas negociações em setembro sobre o orçamento.
Os jornalistas perguntaram hoje a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, por que Trump ameaça com uma paralisação do governo para conseguir fundos do Congresso, quando a ideia original do governante era que o México pagasse a conta do muro.
“Não acredito que nenhum esforço tenha sido deixado de lado para conseguir que o México pague pelo muro”, disse Sanders. Ela não deu uma razão que explique o ultimato de Trump, além de destacar que o presidente está “comprometido” a conseguir que se construa o muro, uma das suas principais promessas eleitorais, para “manter os americanos seguros”.
Quando uma jornalista a lembrou que Trump ultimamente não diz que o México vai pagar pelo muro, como fazia antes, Sanders respondeu: “Tampouco está dizendo que não vai fazê-lo”.
Em telefonema de janeiro passado, Trump e o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, concordaram não falar mais em público sobre quem pagaria o muro, a fim de evitar mais atritos políticos, visto que o México se negou categoricamente a custear esse projeto.
“Acabará pagando”
A Casa Branca incluiu fundos para o muro na sua proposta de orçamento para o próximo ano fiscal, e Trump argumentou em abril que o México acabaria pagando de alguma forma “pela barreira fronteiriça”, ainda que os EUA tivessem que adiantar os fundos.
A Câmara de Representantes americana, de ampla maioria republicana, aprovou dinheiro para o muro dentro de um projeto de lei de financiamento vinculado à segurança nacional aprovado antes do recesso de agosto, mas esse projeto é considerado morto em sua chegada ao Senado.
Trump aproveitou que se aproxima o dia 30 de setembro, uma data limite para aprovar novos fundos para o governo federal, para ameaçar os senadores com a ideia de que, se não incluírem fundos para o muro nesse orçamento, ele não o assinará, e permitirá que a sua própria administração fique sem dinheiro para operar.
A última vez que houve uma paralisação parcial do governo americano foi em 2013, com centenas de milhares de dólares perdidos, além de provocar o desemprego temporário de milhares de funcionários.
O líder da minoria democrata do Senado, Chuck Schumer, alertou ontem a Trump que, se continuar com suas ameaças sobre o muro, conseguirá justamente a “paralisação do governo, que ninguém quer e que não vai levar a nada”.