Folha de S.Paulo
“Agradeço aos vereadores que fizeram um esforço de estar aqui hoje para aprovar projetos importantes em prol da cidade. Estaremos juntos no ano que vem. Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de sucesso, com muita paz, saúde, amor, alegria e felicidade.”
A frase que encerrou a votação do orçamento para 2017 de Foz do Iguaçu, uma das cidades mais importantes do Paraná, é de Beni Rodrigues (PSB). Foi dita um dia após o vereador sair da prisão.
A Câmara da cidade de 264 mil habitantes se esvaziou na semana passada, quando uma operação da Polícia Federal prendeu 12 dos 15 vereadores.
Eles são suspeitos de terem recebido uma espécie de “mensalinho” para apoiar projetos do Executivo.
Com quase a Casa inteira presa, a escolha de como aplicar cerca de R$ 856 milhões no município em uma região de fronteira crucial para o país coube basicamente a pessoas que até a semana passada mal conheciam os trâmites do Legislativo.
Eles são suplentes dos dez vereadores ainda presos. Foram empossados um dia antes, após uma convocação em caráter de urgência do departamento jurídico do Legislativo municipal para atingir o quórum necessário.
Os novatos tiveram 24 horas para analisar quase 200 páginas da LOA 2017 (Lei Orçamentária Anual).
A peça foi aprovada por unanimidade, em primeira e segunda votações, sem qualquer mudança ou destaques.
Também votaram os únicos três parlamentares que não foram detidos pela PF, além do vereador Zé Carlos (PMN) –que, como Beni, foi preso e depois solto.
Como o presidente da Casa, Fernando Duso (PT), ainda está preso, coube a Beni, vice, presidir a votação.