Em média, nas 57 cidades que tiveram segundo turno das eleições deste ano, 34,27% dos eleitores não compareceram às urnas ou não escolheram nenhum candidato na disputa. Destes, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 17,58% não foram votar, 4,28% votaram em branco e outros 12,41% preferiram anular. Em Cuiabá (MT), a soma desses índices chegou a 41,03%. Já no Rio de Janeiro, mais de 660 mil eleitores votaram branco ou nulo, o que representa mais de 20% do eleitorado.
Para o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, o alto índice de abstenções enfraquece e debilita os mandatos, especialmente em um momento delicado como o atual. Na avaliação dele, o índice de abstenções, apesar de mostrar uma descrença do brasileiro com a política, não traduz toda a realidade.
“Verificamos, por exemplo, que, nos estados onde a biometria avançou mais, a abstenção caiu de 18% para 10% ou 11%. Nestes locais, os cadastros estão mais atualizados. Isto foi constatado fazendo uma leitura crítica dos números da Justiça eleitoral. Sobre eles pesam outros fatores, como pessoas que morreram recentemente e que ainda constam como ausentes, ou ainda pessoas que mudaram de domicílio e que também entram na estatística dos ausentes”, afirmou Gilmar Mendes.
Questionado sobre a possibilidade do voto no Brasil deixar de ser obrigatório, o ministro afirmou que o caminho não é este. “Queria aproveitar para me posicionar contrário àqueles que se manifestam contra o voto obrigatório. O Chile acaba de fazê-lo e acaba também de colher um catastrófico resultado. O nível de abstenção foi de 60%, o que é um fato de deslegitimação brutal das eleições”, afirmou.